OPINIÃO
Se você quer entender o que é heavy metal, HammerFall é o ABC perfeito
Thiago Cardim
Colaboração para Splash, em São Paulo
27/04/2024 20h10
Inicialmente, quando os suecos do HammerFall foram anunciados entre os headliners do sábado (26) no line-up do Summer Breeze Brasil, teve gente que duvidou que eles tivessem tamanho para ocupar um espaço tão nobre na escalação.
Ao longo dos últimos dias, no entanto, a quantidade de gente dizendo que os pais do mascote Hector eram uma das bandas que mais estavam esperando, ficou claro que o show prometia. Prometeu e cumpriu, leia-se.
O HammerFall é o tipo de banda que incorpora tudo que se espera do heavy metal enquanto gênero. Todos os clichês e estereótipos possíveis estão ali, nas músicas que basicamente são exaltações ao metal e aos irmãos do metal, nas dancinhas dos guitarristas, nas frases de comando do vocalista, nos refrães facílimos de se pegar cantando junto.
Isso é necessariamente um problema? Com o público entregue e berrando junto cada canção (a reação a hinos como "Any Means Necessary", "Heeding The Call" e "Renegade" é prova inconteste), parece que não.
Não tem nada de revolucionário na sonoridade dos caras. E talvez nem precise ter. Há quem diga que eles são um Manowar 2.0 — o que nem de longe seria demérito para o quinteto. Há quem diga que flertam com ser quase um Massacration. Talvez.
Há uma dose considerável de bom humor ali, em especial na forma que o vocalista Joacim Cans conduz a apresentação. Dono de uma voz impecável, talvez uma das mais constantes de sua geração dentro do chamado power metal (ou "metal espadinha", como queira), ele saúda os "templários de São Paulo", em referência ao apelido do fandom da banda.
O artista provocou a plateia, pediu que eles erguessem os punhos como se fossem martelos, batessem palmas e gritassem — quase como uma espécie de maestro (que não devia estar esperando pelas espadas e martelos infláveis erguidos pelo público, mas isso deve ter sido um ótimo efeito colateral).
Impossível não berrar a plenos pulmões junto com o Hammerfall os refrões tanto de um clássico como "Last Man Standing", quanto das recentes "Hammer of Dawn" (Thunder, lightning, hammer, fighting!) e "Hammer High".
Ou mesmo da inédita "Hail To The King", que chegou às plataformas dias atrás e estará no próximo álbum, "Avenge The Fallen", a ser lançado no dia 9 de agosto. Mal saiu e todos já estavam repetindo "hail" para lá e "hail" para cá.
Além de Joacim, é fundamental falar de Oscar Dronjak, principal guitarrista e fundador da banda, outro pilar primordial desta banda. Uma espécie de "anti-brucutu", ele é alto, mas bem magrelo, com um tom de pele branco e quase fantasmagórico.
Mas, ao empunhar sua guitarra em forma de martelo, fazendo cara de malvado e se comportando como um escolhido de Odin, ele também comanda o show com total dedicação. Um show do Hammerfall mexe com o espírito do metaleiro em você. E não só dos rapazes, é bom que se diga.
"As garotas na Europa não costumam se interessar muito por heavy metal. Aqui no Brasil é diferente. As garotas vêm a estes shows não por causa dos caras, mas sim porque amam heavy metal", disse o vocalista. Bingo. Acertou na mosca. Saudação feminina em massa. E pedir para as pessoas de todos os gêneros acompanharem "Let The Hammer Fall" se tornou tarefa ainda mais simples.
Para acabar, a potente "Hearts on Fire", cuja sonoridade chiclete quase hard rock torna impossível não entrar no clima e fazer até aquele air guitar maroto durante os solos. Missão dada, missão cumprida. O Deus Metal sorri feliz. Perdão pelo vacilo, Detonator.
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SUMMER BREEZE OPEN AIR BRASIL 2024
Data: sábado, 27 de abril de 2024
Abertura: 10h
Endereço: Memorial da América Latina (Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo, SP)
Classificação etária: 16 anos
Ingressos
Venda on-line: https://www.clubedoingresso.com/evento/summerbreeze2024
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL