Sob o sol, Lacuna Coil convida Summer Breeze para o seu reino de trevas
Seja no Brasil ou nos festivais de verão europeus, tanto faz: é realmente curioso quando uma banda que geralmente é identificada com uma característica mais "trevosa" acaba subindo ao palco durante o dia.
No caso do Summer Breeze Brasil, estamos falando não apenas de um dia ensolarado, mas também de um calor do tipo que não dá trégua. Uma banda como a dos italianos do Lacuna Coil acaba sendo vítima preferencial deste tipo de situação.
"Está mesmo muito calor, mas vamos deixar tudo mais quente porque é hora de curtirmos juntos", declarou a vocalista Cristina Scabbia, assumindo o controle do palco de outro italiano que também sofreu com o calor, Fabio Lione, vocal do Angra.
Logo no início, apesar da empolgação da banda, a cantora teve problemas com o som. Ao longo da abertura, com "Blood, Tears, Dust", se ouvia bem mais o vocal gutural de seu parceiro Andrea Ferro do que a sua voz de frontwoman. O problema logo se resolveu e, na dupla "Reckless" e "Trip the Darkness", Scabbia já tinha voltado a soar cristalina como se esperava.
Com tudo funcionando perfeitamente em "Heaven's a Lie", os dois cantores rapidamente conseguiram trazer o clima mais soturno da banda ao público — mesmo com aquele céu azul cristalino e sob o sol das três da tarde de um sábado em São Paulo.
Para quem não conhece, a sonoridade do Lacuna Coil é sombria e sedutora — na real, estamos falando de uma banda que consegue fazer suas canções soarem absolutamente sexy sem perder o peso em momento algum, como se garante na dinâmica entre os dois vocalistas. É um som moderno, com alta carga dramática e teatral (haja vista as pinturas faciais do restante da banda), como só o metal consegue ser.
Mas mesmo em meio às trevas, Cristina fez questão de mostrar que muita luz ainda brilha ali. Abrindo o coração e sem medo de soar piegas ou frágil demais, ela fez questão de dizer que, depois da pandemia, em nenhum momento tomam mais qualquer coisa por garantido.
"Queremos tirar um minuto para agradecer vocês. Retomar os shows depois da pandemia está sendo incrível porque nada supera essa experiência. Estar aqui e criar esta conexão. Nada consegue reproduzir isso". Ela ainda pediu para que celebrassem juntos, curtindo a energia em conjunto.
Pedido feito, pedido atendido. Quando entrou "Now or Never", uma canção sobre pessoas rastejando de seus abrigos e voltando à vida, todos entenderam o recado.
A banda ainda trouxe dois presentes para os brasileiros. O primeiro deles, a execução ao vivo inaugural, em qualquer palco do mundo, da recém-lançada canção "In The Mean Time", gravada ao lado da vocalista Ash Costello (New Years Day). "É uma faixa sobre como a pressão que vem de fora às vezes pode ser pesada para cada um de nós. Então, nunca é tarde para recomeçar".
Já o segundo foi a aguardada versão de "Enjoy The Silence", do Depeche Mode, que fez o público se derreter.
Em dado momento, todavia, Andrea não parecia convencido que o Lacuna estava com o público na mão e resolveu puxar, por conta própria, um coro de "olê, olê, olê, Lacuna Coil", como é típico nos países da América Latina. Foi um tantinho constrangedor. Não precisava. O pacote já estava mais do que completo. Ainda bem que depois veio "Nothing Stands in Our Way" e ficou tudo bem de novo.
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SUMMER BREEZE OPEN AIR BRASIL 2024
Data: sábado, 27 de abril de 2024
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