Avatar faz performance circense e transforma Summer Breeze em freakshow
Não, eles não são as criaturas azuladas de James Cameron e tampouco os personagens da série animada "O Último Mestre do Ar" (Netflix).
Na verdade, o Avatar que subiu ao palco do Summer Breeze Brasil neste domingo (28), em São Paulo, é um quinteto sueco que grande parte dos fãs de heavy metal brasileiros só tiveram a chance de conhecer a fundo em 2022 — quando o grupo fez a abertura da turnê do Iron Maiden.
Mas isso não quer dizer que estamos falando de completos ilustres desconhecidos. Era possível ver uma massa de pessoas grudadas na grade, algumas com suspensórios vermelhos emulando o figurino típico da banda e maquiagens imitando o visual meio Corvo, meio Alice Cooper do vocalista.
E o que não faltou foi parte do público, principalmente mais jovem, cantando em uníssono todas as letras da banda, desde que entraram com a sacolejante "Dance Devil Dance", faixa-título do álbum lançado em 2023.
Quem controla o conceito circense da trupe é de fato o performático vocalista Johannes Eckerström. De casaco vitoriano, chapéu e bengala, ele brinca com a plateia e com os outros músicos — em especial a dupla de guitarristas Tim Öhrström e Jonas "Kungen" Jarlsby, sempre batendo seus longos cabelos loiros —, fazendo uma espécie de stand-up comedy particular entre as canções.
"Não se deixa um bando de suecos tanto tempo assim debaixo do sol. Nós vamos morrer. Mas é por vocês, então vai valer a pena". Gritos e coraçõezinhos feitos com as mãos provaram que ele sabe muito bem com quem está falando, entre caretas e desajeitados passos de dança rebolativos.
"Este é um show para os párias, os desajustados, os freaks", anuncia Johannes, deixando claro que quer ver os brasileiros liberando seu animal interior, as suas feras, fazendo um mosh-pit pra valer. "Quero ver o seu melhor e o seu pior", diz antes de iniciar a intensa "Chimp Mosh Pit".
Chega a espantar como o frontman, no entanto, trafega de maneira segura entre diferentes formas de soltar a voz, já que ele não é apenas um ator. Em "The Eagle Has Landed", Johannes canta de maneira clara, limpa, sutil, entregando uma performance quase pop.
Na balada "Tower", sozinho no palco e tocando teclado, ele transforma a teatralidade numa dramaticidade absolutamente emocional. Já em faixas como "Valley of The Disease" ou a celebrada "Colossus", o gutural que ele assume nos carrega para um death metal mais denso e pesado. E, por vezes, ele faz esta transição ao longo de uma mesma canção, sem sentir a diferença.
Para quem achou que talvez eles tivessem sido uma escolha equivocada para integrar o line-up num domingo repleto de bandas mais pesadas, principalmente aqueles ídolos mais icônicos do thrash, o Avatar foi esperto e garantiu boa parte de suas faixas mais densas. "Paint Me Red", talvez aquela que melhor traduz musicalmente o que esta banda é de verdade, tem um refrão irresistível, mas igualmente uma combinação furiosa de guitarras.
E o encerramento, com "Smells Like a Freakshow" e "Hail the Apocalypse" mostra que este Teatro Mágico do capeta sabe fazer um som cheio da fúria clássica do metal mas que não deixa a modernidade de lado, conversando bastante com o groove de nomes do metalcore como o próprio Killswitch Engage, outra atração aguardada do domingo.
Definitivamente, um freakshow para agradar a galera que já estava comprada com a banda e igualmente para ganhar uma nova parcela de fãs de metal que simplesmente não sabiam o que esperar.
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SUMMER BREEZE OPEN AIR BRASIL 2024
Data: domingo, 28 de abril de 2024
Abertura: 10h
Endereço: Memorial da América Latina (Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo, SP)
Classificação etária: 16 anos
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