OPINIÃO
Em show sem concessões, Death Angel mostra o que há de melhor na Bay Area
Thiago Cardim
Colaboração para Splash, em São Paulo
28/04/2024 18h22Atualizada em 28/04/2024 20h45
Existe uma regra clara para todo bom festival focado em heavy metal: em algum momento, ele precisa trazer na escalação pelo menos uma banda de thrash metal da icônica Bay Area, nos EUA.
O Summer Breeze Brasil levou o manual à risca: na sexta (26), rolou Exodus; no sábado (27), foi a vez do Forbidden; e neste domingão (28), quem carregou a tocha foi o incansável Death Angel, que há 13 anos não dava as caras no Brasil.
Liderada pelo guitarrista-fundador Rob Cavestany e pelo vocalista Mark Osegueda, a banda começou já chutando a porta com "Lord of Hate", abrindo um repertório sem fazer concessões: pesado, intenso e sufocante.
Definitivamente, mais uma apresentação metálica de gala, que tranquilamente merecia estar em um dos dois palcos principais do evento. Um espetáculo da chamada "ultraviolência", termo bastante utilizado pelo grupo.
Aliás, quando o Death Angel deu prosseguimento à artilharia completa com petardos como "Voracious Souls" e "Buried Alive" (aqui com Will Carroll comandando a ação numa levada de bateria cavalgada e violenta), uma discussão veio imediatamente à tona entre aqueles que assistiam à porradaria ao redor deste repórter: por qual razão o tal do Big 4 considera apenas Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax?
Afinal, o DNA do thrash da Bay Area está muito mais na sonoridade de um Death Angel ou Testament do que na banda de James Hetfield, que hoje navega muito mais pelo chamado "metal mainstream" (se é que este termo existe de fato). Big 4 deveria virar Big 6? Ou Big 8?
Enfim, mais uma daquelas discussões que nunca têm fim entre fãs de heavy metal. ;)
Mark - que, não por acaso, foi escolhido para ser o vocal da banda solo de Kerry King, do Slayer, que vai lançar seu primeiro disco em breve - é um caso à parte. O sujeito é o pacote completo. Consegue alcançar ainda agudos que seus pares já viram ficar no passado, para em seguida retornar ao tom mais rasgado e agressivo tipicamente thrash. O visual clássico e a atitude de pura ira incendiária combinam com a linguagem corporal de quem parece sempre prestes a dar o bote e pular do palco. Numa palavra-chave, Mark é "selvageria".
No intervalo entre as igualmente recentes e igualmente já clássicas "I Came for Blood" (2019) e "The Dream Calls for Blood" (2013), ele ainda perguntou se as pessoas estavam preparadas para um metal de qualidade vindo da Bay Area. "Eu quero que vocês mostrem isso fisicamente!", berrou. Pois é, thrash metal sem mosh-pit nem pode ser considerado thrash metal, vamos combinar. E os fãs prontamente atenderam ao chamado.
"A música e a comunidade criada por ela devem viver para sempre", disse, pouco antes de uma combinação final matadora, declaração de amor aos brasileiros que não via a tanto tempo. No caso, "Mistress of Pain" e "Thrown to the Wolves" - antes da qual, em sua clássica convocação pelo caos absoluto, Mark mandou um "My Crazy Fucking Metaleiros!". Isso mesmo, assim, com o termo em bom português. Se ainda restava alguma dúvida sobre o quanto a expressão está sendo de vez ressignificada, o Death Angel encerrou o assunto.
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SUMMER BREEZE OPEN AIR BRASIL 2024
Data: domingo, 28 de abril de 2024
Abertura: 10h
Endereço: Memorial da América Latina (Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo, SP)
Classificação etária: 16 anos
Ingressos
Venda on-line: https://www.clubedoingresso.com/evento/summerbreeze2024
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL