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Samara Felippo registra ocorrência por racismo contra a filha em colégio

De Splash e com colaboração para Splash, em São Paulo

28/04/2024 17h52Atualizada em 29/04/2024 18h49

Samara Felippo, 45, abriu um boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo para denunciar um caso de racismo contra a filha Alicia, 14, que ocorreu no Colégio Vera Cruz, na zona Oeste de São Paulo.

"Prontamente fiz um BO [boletim de ocorrência] na Decradi, a Delegacia da Diversidade, online, que era o que eu podia fazer na hora — e corri para a escola", contou a atriz em contato com Splash.

Esperei que a escola me desse uma devolutiva, no mínimo a expulsão, retirar essas meninas da escola. Não estou falando em isolar ninguém, linchar ninguém, sou contra tudo isso, mas, num lugar onde minha filha gostaria de continuar, já não dá mais
Samara Felippo a Splash

Alunas foram suspensas, mas a atriz quer uma punição mais grave. "Supensão não é o suficiente", diz.

A artista diz que não é a primeira vez que Alícia é vítima de racismo no colégio. Ela contou que algumas colegas de sua filha a excluíam dos grupos na escola, fugiam quando ela queria brincar com elas.

Essas agressões eram sutis, coisa de dia a dia, acusação de alguma coisa, fofoca com o nome dela em outra, exclusão de um grupo, brincadeirinhas de ela chegar em um grupo e elas sairem correndo e ela ficar sozinha, são recorrentes essas violências que crianças pretas sofrem todos os dias, até que o racismo se materializou dessa forma violenta na frente delas.
Samara Felippo a Splash

A atriz disse não estar contato direto com os pais das agressoras. Ela vai se comunicar via advogados para uma ação de danos morais.

Em nota, a Escola Vera Cruz disse que ter tomado conhecimento de uma "grave agressão racista" entre alunos do 9º ano. O colégio afirma ter reconhecido o "ato violento de racismo" e ter "acolhido a aluna [Alicia] e sua família".

A instituição confirmou que as alunas foram suspensas por "tempo indeterminado" e perderam o direito de ir a um passeio. "Novas sanções poderão ser adotadas, conforme apuração e reflexão sobre os fatos. É importante sublinhar que as alunas não reincidiram em agressões racistas; a Escola não tem conhecimento de qualquer outra atitude racista de ambas as alunas". Leia a nota na íntegra abaixo.

O caso será encaminhado ao 14° DP (Pinheiros) para medidas cabíveis, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. "O caso citado foi registrado como preconceito de raça ou de cor na Delegacia Eletrônica. A mãe da menor, de 14 anos, afirmou que havia um escrito com uma ofensa racista no caderno da adolescente. Prontamente, a coordenação da escola foi acionada", disse o órgão em nota.

Nota da escola Vera Cruz

No início desta semana, tomamos conhecimento de uma grave agressão racista entre alunos do 9º ano. Um caderno de uma aluna negra foi roubado, teve folhas arrancadas, uma ofensa de cunho racial altamente ofensiva foi escrita numa das páginas. Desde o primeiro momento, reconhecemos a gravidade deste ato violento de racismo, nomeando-o como tal, e imediatamente foram realizadas ações de acolhimento ao aluno agredido e sua família. Desde então, viemos trabalhando cuidadosamente sobre esse caso e nos comunicando muito intensamente com as famílias de todos os alunos envolvidos.


No dia seguinte, os agressores se identificaram e se apresentaram à Escola, com suas famílias, e diversas medidas foram tomadas, sempre no sentido de acolher o aluno vítima da agressão e sua família, bem como no sentido de garantir que os alunos agressores entendessem a dimensão de seu ato. Depois de amplo e intenso processo de apuração, foi possível promover um encontro entre os três alunos envolvidos, com mediação da escola.

Em seguida, os agressores foram informados das sanções definidas inicialmente, dentre elas, uma suspensão por tempo indeterminado, e proibição da participação no Estudo do Meio na Serra da Canastra. Novas sanções poderão ser adotadas, conforme apuração e reflexão sobre os fatos. É importante sublinhar que as alunas não reincidiram em agressões racistas; a Escola não tem conhecimento de qualquer outra atitude racista de ambas as alunas.

As ações punitivas foram determinadas conforme regras e procedimentos institucionais, que levam em consideração os sentidos das punições no ambiente escolar. As sanções foram definidas pelas equipes da Escola, considerando a gravidade das ofensas. Ações de reparação ainda serão definidas.

Em 2019, a Escola Vera Cruz iniciou um Projeto para as Relações Étnico-Raciais, com ações no ambiente escolar de enfrentamento ao racismo estrutural: olhar sobre o currículo escolar, formação continuada, ampliação da diversidade racial entre alunos, professores e gestores, dentre outras. Ficou evidente a importância da ampliação do letramento racial, do não silenciamento de manifestações racistas, do pronto e amplo amparo às vítimas de eventuais agressões racistas e do encaminhamento adequado de ações de sanção e reparação nestes casos. Entendemos que um projeto de educação para as relações raciais é um projeto de transformação dos alunos. Sua construção se dá pelo enfrentamento direto e pelas ações educativa, mais do que pelo entendimento de que o isolamento e expulsão dos alunos que cometeram atos racistas seriam a única medida cabível. O que almejamos é a constituição de um ambiente, para alunos, familiares e profissionais, de promoção da diversidade e do respeito mútuo, um ambiente onde todas as pessoas se sintam respeitadas e valorizadas independentemente da sua raça, etnia, religião, condição social, deficiência etc

O que aconteceu

Alicia, filha mais velha de Samara Felippo, e Leandrinho, 41, foi alvo de racismo no Vera Cruz, escola de alto padrão em que estuda em São Paulo. A informação foi divulgada inicialmente pela revista Veja.

Samara comunicou em um grupo de pais que, na segunda-feira (22), Alicia teve o caderno roubado, todas as páginas de uma pesquisa foram arrancadas, agressões racistas foram escritas e, por fim, o caderno foi para a área de achados e perdidos.

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