Do piano da igreja ao top 1 no Brasil: a trajetória de Nattanzinho
Nattan, 25, se tornou sucesso nacional em 2022, com o hit "Tem Cabaré Essa Noite", parceria com Nivaldo Marques.
O artista não saiu do topo das paradas desde então. Em abril, atingiu o Top 1 no Spotify com a música "Amar na Praia". O cantor iniciou o mês de maio gravando DVD "Estilo Nattanzinho" no Vila JK, em São Paulo.
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O novo sucesso veio após um momento difícil: Nattan precisou se afastar dos palcos por 3 meses no final de 2023 para tratar uma infecção por H. Pylori. "Em qualquer emprego, se você não consegue dormir direito à noite, não se alimenta bem, não treina, você vai pegar alguma coisa e vai ter que parar. E foi o que aconteceu comigo. Me cuidei, graças a Deus", disse em entrevista a Splash.
Deus me deu um presente assim que voltei, que foi 'Amor na Praia' top 1 no Brasil. E logo em seguida esse DVD lindo. As coisas boas que vão tomar conta a partir de agora. Nattan
Início na igreja
Natural de Sobral (CE) e crescido no interior do estado, em Tianguá, Nattan se interessou pela música na igreja Mórmon. "Via as pessoas tocando piano na igreja, olhava as partituras e tentava tocar, tentava acompanhar a música".
O artista diz que a igreja "abraçava" mesmo as pessoas que não seguiam a religião, especialmente as crianças. "Lá tinha gincana, tinha brincadeira, então todas as crianças ficavam encantadas de estar lá. Era em frente à casa da minha avó, foi lá onde aprendi a tocar piano, jogar bola... Minha infância toda foi na igreja".
O primeiro violão foi um presente da avó, o que causou briga entre os netos. Ele aprendeu a tocar sozinho e começou a tocar na escola.
Lucro de R$ 20
Com só 12 anos, Nattan começou a se apresentar em barzinhos. Ainda sem condições de comprar os próprios equipamentos, alugava. "Na primeira vez que toquei, ganhei R$ 80. O aluguel das coisas era R$ 60, eu ficava com R$ 20. Eu ficava feliz, porque eu queria tocar".
O músico seguiu com as apresentações em bares, e, aos 14, passou a pagar a mensalidade da própria escola, que custava cerca de R$ 300. "Minha mãe pagava um colégio particular para mim. Ela chegou e falou: 'Vou ter que te colocar na rede pública, porque não consigo mais pagar sua escola'.
"Se a música me proporcionou aquilo cantando em barzinho, o que [mais] ela poderia me proporcionar, eu sendo artista com músicas ouvidas no Brasil inteiro? Um dia eu ia poder dar uma casa para minha mãe, porque eu morava com a minha avó. Minha mãe teve câncer. Se não tivesse acontecido na música, minha mãe estaria viva hoje? Acho que Deus fez tudo no momento certo".
Hoje consigo ajudar minha família inteira por causa do violão que minha vó me deu lá no início. Olha como as coisas são loucas.
Ele decidiu que queria sair das apresentações em barzinhos, ter uma banda e lançar as próprias músicas. Largou o que tinha em Tianguá e se mudou para Fortaleza.
Amizade com Mari Fernandez
Coincidentemente, Nattan já era amigo de outro sucesso nacional, Mari Fernandez, antes da fama. Os dois se apresentavam juntos nas "resenhas" em Fortaleza. "Eu com o violão e a Mari focada no lado compositora, ela escrevia muita música e mandava para os artistas, só que sempre cantava também. E aí o caminho que aconteceu comigo foi o mesmo que aconteceu com ela na pandemia".
"Fico muito feliz, porque é difícil acontecerem duas coisas tão grandiosas com alguém do mesmo local, que saiu dos mesmos lugares, tá no mesmo ciclo de amizade. Fiquei muito surpreso e até hoje a gente é amigo. Povo acha até que a gente é ex".
De Djavan a Pabllo Vittar
O maior ídolo de Nattan é Djavan. "Esse cara, para mim, é um gênio da música, revoluciona a música em cada acorde que ele toca, em cada melodia que ele faz, em cada letra. É uma música que consigo ouvir no momento alegre, que consigo ouvir quando tô triste, quando tô dormindo... Nadando não dá, né?".
Eclético, ele diz escutar de louvor a suas próprias músicas no dia-a-dia. "Escuto louvor, do nada estou escutando Djavan, do nada estou escutando Henrique e Juliano, aí escuto Xand Avião, Zé Vaqueiro, escuto eu. Agora, gosto me escutar eu mais. Essas músicas do DVD, eu gosto de escutar no dia-a-dia."
O cantor confirmou que está entre as participações do Batidão Tropical Vol. 2, de Pabllo Vittar. "Ela [Pabllo] é muito especial. Nossa, ela é uma energia boa. Ela me convidou não só pro Batidão, mas para umas festas boas. Quando ela falou comigo, eu topei na hora".
Como artista, Nattan diz que quer mudar a vida de quem escuta suas músicas. "Quando você é artista, tudo o que você faz influencia diretamente na pessoa que tá te vendo, seja na moda, no jeito que você se comporta, no jeito que você fala com sua mãe, com suas histórias, tudo isso influencia. Quero levar alegria, mudar a vida das pessoas com o que sou, com a minha música, com o meu jeito de ser, com meu estilo, estilo Nattanzinho".