Rock Rec tem 15 mil pessoas na estreia e coro: 'O rock vive e ajude o RS'
A estreia do Rock Rec, no último dia 4, no Classic Hall, em Olinda, Pernambuco, foi marcada pela reverência ao velho rock nacional. O evento reuniu 15 mil pessoas que entoaram o coro "o rock nacional vive!". No palco, os líderes sessentões Bruno Gouveia, Hebert Vianna, Nando Reis fizeram jus à reverência, incendiando o público.
Outra mensagem que marcou a festa do começo ao fim foi o pedido "ajude o Rio Grande Sul". Natural de Porto Alegre, Humberto Gessinger encerrou o show, enfatizando "quis o destino que estivéssemos aqui, enquanto o meu estado vive uma das maiores tragédias". A segunda edição já tem data: 13 de setembro e os ingressos já estão disponíveis para pré-venda clicando aqui.
Na entrada do Clássic Hall, uma fila de ônibus com placas dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Salvador e de outras partes do Brasil, atestava que o evento havia cumprido o propósito de ser o maior festival de rock do Nordeste. O clima de celebração era intenso e o desfile de camisetas de bandas de rock nacional e internacional dominou a noite. Tinha camisetas dos Paralamas, Capital Inicial, Charlie Brown Jr, Beatles, Mötley Crüe, Pink Floyd, looks que revelam que o público entrou no clima.
O evento foi pontual e logo no início da noite Nando Reis sobe ao palco principal, com um setlist que mesclava as músicas da carreira solo com os clássicos dos Titãs. Humberto Gessinger fez uma apresentação intercalada por clássicos da sua fase à frente dos Engenheiros do Hawaii e algumas músicas de projetos solo. Ao final da apresentação ele pediu ao público apoio ao seu estado, que desde 29 de abril sofre com fortes enchentes.
O entrosamento entre os frontman, muitos deles veteranos, e os fãs foi grande. No palco, Humberto Gessinger executou Refrão de Bolero, Infinita Highway e Armas Químicas e Poemas com a mesma e explosão. Achou pouco e ainda saltou enquanto apresentava um solo de baixo. Do lado de lá, o público respondia afinado, emocionado e não parava de pular. O orgulho de ver o bom e velho rock com uma noite só para ele motivou o coro "o rock vive!", que não saiu mais da boca da multidão.
Ao olhar para um lado, havia casais que, no início do namoro, dançavam ao som de "Primeiros Erros", do Capital Inicial, "Tédio", do Biquíni, e naquela noite estavam no evento, casados e alguns já avós. O poder de atravessar o tempo, que essas canções possuem criou uma áurea de memória afetiva presente em cada canto da festa.
Bruno Gouveia inicia o show apresentando o projeto Vou te levar comigo que traz Péricles, cantando Janaína/Cotidiano. Os hits "Zé Ninguém" e "Tédio" elevaram a temperatura, mesmo sob a chuva torrencial e um coro afinado acompanhou. Ao final do show, o guitarrista Carlos Coelho comandou uma brincadeira que acionou ainda mais a já aflorada nostalgia do público. Ele fez uma sequência de solos de "Smoke on the Water", do Deep Purple, "Highway to Hell", do ACDC e outros clássicos do rock internacional, o que foi o suficiente para o público não querer que a banda deixasse o palco.
Nação Zumbi subiu ao palco já na alta madrugada. A banda, que projetou o manguebeat do Recife para todo o Brasil, foi acompanhada de perto pelo público que fez coro aos vocais de Jorge Du Peixe em sucessos como Maracatu Atômico, Quando a maré encher e até a desafiadora Banditismo por uma questão de classe. A banda anunciou o início da turnê dos 30 anos do álbum Da Lama ao Caos, que começa no festival Turá, em Porto Alegre, e deve passar pelo Recife.
A banda mais jovem a subir no palco Charlie Brown Jr subiu ao palco com o dia amanhecendo. Mesmo após a intensa maratona de shows, os paulistas encontram um público animado e sedento por Te Levar daqui, uma das primeiras canções a tocar, "Zóio de Lula" e "Dias de luta, dias de glória". Vale registrar que Egypcio, ex- Tihuana, que ocupa o lugar de Chorão, mantém a energia vibrante na mistura de hardcore punk, reggae, rap, funk rock, rock alternativo e skate punk
No palco Downtown, as bandas da cena recifense apresentavam clássicos do pop rock nacional de diversas épocas. Destaque para a Mac fly band, que transitou entre o pop, puro suco dos anos 80, Footloose, de Kenny Logins, e a mistura de metal com hip hop do Linkin Park em In the and, dos anos 2000. Para fechar, eles executaram a complexa "Bohemian Rhapsody", o maior clássico do álbum A Night at the Opera, do Queen.
O público entendeu a proposta da festa e com as suas memórias afetivas veio reverenciar o rock nacional de corpo, alma e coração. Ao circular em meio ao público, era comum ouvir casais, grupos de amigos dizerem: "essas músicas lembram um tempo que não volta!".
O que se viu no último sábado é um sinal de que há um público fiel ao veterano rock nacional e que está disposto a entoar o coro: "o rock vive!" por muito tempo.
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