Stepan Nercessian: 'É horrível ter 70 anos e uma alma jovem'
Stepan Nercessian, 70, conversou com a revista Quem sobre a carreira e o atual trabalho no musical O Rei do Rock, em cartaz em São Paulo. Ele interpreta Tom Parker, empresário de Elvis Presley (Beto Sargentelli).
O que aconteceu
O veterano afirma que se aposentar é o último de seus planos atualmente. "Sempre agradeço a Deus antes de entrar em cena. Hoje, eu digo sem exagero nenhum que, para mim, a felicidade da vida se resume em fazer cinema, teatro e televisão. É eu estar trabalhando como ator. Se isso estiver acontecendo, eu estou absolutamente feliz e com o sentimento de que estou vivendo intensamente. Sem trabalhar, as coisas ficam chatas. O tempo para mim não passa quando eu estou exercendo minha profissão, porque é bom demais. Nas outras profissões, o que é recusado é o currículo. Já para o ator, o que é recusado é ele, não é o currículo. É a cara dele, é a voz dele e não tem como esquecer isso. Dói. É um sentimento de rejeição."
Do alto de seus 70 anos, Stepan admite que ainda se sente jovem por dentro - um descompasso, para ele, difícil de lidar. "É uma m*rda esse negócio de ficar velho. É horrível ter 70 anos e uma alma jovem. Tinha que envelhecer tudo junto. Você vai ao médico e o cara fala: 'Seu fígado está de criança, seu coração está não sei o quê, mas tal coisa está uma merda'. Então não adianta! [risos] O ruim [de envelhecer] é só essa parte física. O grande problema não é mental, mas o físico que não acompanha a sua cabeça. Você quer fazer coisas, mas o corpo sente, o corpo pesa, o corpo não tem agilidade. Começa a doer as juntas, o joelho, o pé, o calcanhar e por aí vai."
O ator também explicou por que decidiu abandonar o cigarro após mais de 50 anos cultivando esse hábito. "Parei para ver se aproveito esse restinho de vida (risos). As pessoas falam muito em qualidade de vida e eu penso muito em qualidade de morte, até por acompanhar e lidar com muito idoso no Retiro dos Artistas. Você tem que preparar como é que vai ser o final da sua vida, se você vai ser vai ter um final de vida confortável. Não digo saudável, mas confortável."
A influência da esposa, Desirée Nercessian, 63, foi fundamental para que Stepan decidisse deixar de fumar. "Minha mulher pedia, implorava, era o sonho da vida dela. E eu sabia que isso era uma decisão. Não tem remédio que dê jeito, não tem tratamento, nada. Passei um tempo fazendo minha cabeça, mesmo adorando cigarro e tendo consciência de tudo. Uma hora, eu falei: 'Chega!' Sofri pra caramba, tive pesadelo por causa do cigarro. Ontem mesmo, eu acabei o espetáculo e fiquei procurando um, mas consegui parar e já vai fazer um ano."
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