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Pepita revela transfobia por ser mãe e mulher trans: 'Olham com espanto'

A cantora Pepita falou sobre o fato de ser mãe e uma mulher transexual em entrevista à revista Quem.

O que aconteceu

Ela posou ao lado do filho Lucca, de 2 anos, para a capa especial de Dia das Mães da revista. "Minha vida é vestir um colete à prova de balas para poder viver a maternidade. As pessoas se incomodam de me ver numa fila de prioridade, se incomodam quando eu falo que eu sou mãe, me olham com espanto".

Pepita refletiu sobre estar viva aos 41 anos em um país onde a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos: "Quando fiz 40 anos, falei 'nossa estou viva'. Num País em que meu corpo parece uma carne no açougue, que é muito bom para sexo, mas difícil para o outro me assumir, eu estou viva".

Sobre a criação de Luca, ela diz: "Estou criando uma criança que tem uma mãe travesti e ele vai entender o que é amor, o que é respeito, o que é dividir, o que é empatia... Esses são os lemas da minha família. Conhecemos o que é respeito a qualquer ser humano".

A famosa revela que às vezes sente medo: "Tem dias que tenho medo, que me pergunto 'será que eu vou conseguir? Será que vai dar certo?'. Isso aqui não é uma bolsa, é um ser humano que depende totalmente de mim".

Sobre o maior desafio da maternidade: "O outro entender que eu sou mãe, sim, e me respeitar. Respeitar que posso estar numa fila de prioridade ou numa clínica pediátrica que de repente; estar no shopping e não perguntarem de quem é essa criança. Quando eu entro na minha casa, é onde me sinto realmente segura e muito amparada. Essa é minha maior dificuldade".

A transfobia na maternidade: "As pessoas nunca vão melhorar, a transfobia é meu vizinho. A transfobia é meu corpo num lugar público, é meu corpo numa passarela, numa capa de revista. Quando falo 'muito prazer, sou a mãe do Lucca', tenho que estar pronta para isso".

O processo de adoção de Lucca: "Na época, uma assistente social passou um dia aqui na minha casa, foi até a um show comigo, entrevistou o Kayque e tudo mais. Quando ela foi embora, falou: 'eu sabia que aqui era uma casa de amor, que você estava pronta para ser mãe". Foi aquele chororô! Não foi fácil. Adotar não é fácil e, para a gente, pessoas trans e travestis, é mais difícil. Durante o processo, te fazem muitas perguntas, do tipo 'quem vai cuidar da criança? Quem vai sustentar?', etc. Você sai da entrevista se perguntando 'caramba, será que vou conseguir mesmo?'".

Ela conta que está novamente na fila de adoção para ser mãe de uma menina: "Já estou no processo de adoção novamente! Quero ser mãe de uma menina! Isso para mim vai ser uma realização e eu acho que o Lucca merece uma irmã para dividir sonhos, histórias e até brigas de vez em quando... Vai ser uma benção para mim. Entrei na fila de adoção e agora é esperar um, dois, cinco anos".

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