Hip-hop ocupa o Parque Ibirapuera com seus diferentes contornos no C6 Fest

Formalmente, o hip-hop completou cinco décadas de existência no ano passado. Com direito a matérias, revistas, podcasts e shows de comemoração, o gênero foi celebrado em toda a sua diversidade: num concerto de duas horas feito especialmente pelo Grammy, por exemplo, artistas dos lendários Public Enemy à novata GloRilla, passando por clássicos modernos como 2 Chainz e T.I., entre muitos outros, se apresentaram.

No C6 Fest, evento musical que acontece entre os dias 17 e 19 de maio, o hip-hop aparece de diferentes formas que exemplificam toda a diversidade que o gênero atingiu em seus cinquenta anos de evolução e aprimoramento. Assinante UOL tem desconto de 15% na compra de ingressos através do Clube UOL acessando esta página: https://clube.uol.com.br/campanhas/lazer-e-entretenimento/c6-fest.

O rapper Louie Pastel, da dupla californiana Paris Texas, atração do C6 Fest
O rapper Louie Pastel, da dupla californiana Paris Texas, atração do C6 Fest Imagem: Naomi Rahim/WireImage/Getty Images

Nascido na década de 1970 nos subúrbios de Nova York, o hip-hop começou com uma pilha de discos de vinil marcados de giz — que era como Grandmaster Flash fazia para sinalizar os trechos de faixas de soul e disco que queria samplear — e mestres de cerimônia em festas underground e fechou os anos 2010 sendo o gênero mais ouvido nos Estados Unidos, ultrapassando o rock pela primeira vez em 2018.

Durante esse caminho, ele se desdobrou em milhares de subgêneros e nichos e atravessou as fronteiras dos Estados Unidos, chegando a todos os continentes habitados do planeta. Na França e no nosso Brasil, por exemplo, o gênero também é um dos mais ouvidos pela população — em especial a população jovem.

Fora da bolha

A dupla Paris Texas é, de certa forma, herdeira direta de um dos gêneros mais tradicionais do hip-hop americano. Formado na cidade de Los Angeles, o grupo divide a terra natal da Califórnia com o gangsta rap, subgênero nascido em meados dos anos 1980 e famoso pelos microfones de rappers como Ice-T e o grupo N.W.A. Na década de 1990, ele foi levado ao mainstream pelos MCs Tupac Shakur e Snoop Dogg.

Mas o Paris Texas não poderia estar mais longe da tradição do estado da Califórnia, que mais tarde foi seguida também por Kendrick Lamar, YG e outros rappers dos anos 2010. O disco de estreia da dupla, "BOY ANONYMOUS" (2021), continha uma série de batidas menos ensolaradas e mais influenciadas por rock, indie e metal, com fortes guitarras rugindo.

A dupla Paris Texas se apresenta no domingo (19/5), no C6 Fest, no Parque Ibirapuera
A dupla Paris Texas se apresenta no domingo (19/5), no C6 Fest, no Parque Ibirapuera Imagem: Taylor Hill/Getty Images
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"Acho que representamos um certo grupo demográfico de pessoas nos Estados Unidos que pertencem a uma comunidade negra, mas também se interessam por coisas fora dela", fala Louie Pastel, um dos rappers-produtores da dupla, a Splash.

Os dois garotos se conheceram na faculdade, e Louie conta que, ao mesmo tempo em que brincavam de fazer batalhas de rap entre os amigos, ele também vinha de uma época de aprender a tocar guitarra e ouvir muito emo e hardcore, como a banda Pierce the Veil. A ideia de formar o Paris Texas, então, veio da vontade de ambos de melhorarem seus fazeres musicais de maneira geral.

Acho que, muitas vezes, quero pegar o que eu gosto do rap e encaixar na minha música. Gosto dos jogos de palavras, do tom, da convicção. As pessoas tentam nos menosprezar e ficam tipo, ah, eles são os caras do rap rock. Mas nunca vestimos muito essa camisa. Louie Pastel, do Paris Texas

Louie Pastel e Felix, do Paris Texas, durante show em Nova York em 2022
Louie Pastel e Felix, do Paris Texas, durante show em Nova York em 2022 Imagem: Taylor Hill/Getty Images

A morte do purismo

Já os escoceses Young Fathers são a prova de que o hip-hop atravessou o Oceano Atlântico, mas chegou lá de diferentes jeitos. Se o que bomba hoje em dia no Reino Unido é o grime e o drill, a interpretação do trio do que é rap vem de forma muito mais suave e diluída.

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Alloysius Massaquoi, um dos vocalistas do grupo, conta que seu primeiro contato com música que vinha de fora da Escócia foi através de sua irmã, que adorava artistas como Ja Rule e Busta Rhymes. "Ao mesmo tempo, eu tive contato com uma infinidade de melodias e músicas desde muito criança — fosse pop, soul music, gospel..."

Kayus Bankole, Graham Hastings e Alloysious Massaquo, do Young Fathers, se apresentam no dia 19/5, no C6 Fest
Kayus Bankole, Graham Hastings e Alloysious Massaquo, do Young Fathers, se apresentam no dia 19/5, no C6 Fest Imagem: Roberto Ricciuti/Redferns/Getty Images

A diversidade de gêneros escutada por Alloysius resume muito bem a amálgama que forma o som do Young Fathers: se nas primeiras mixtapes, lançadas no início dos anos 2010, o trio focou em formas mais abstratas e experimentais do hip-hop, nos álbuns seguintes a banda expandiu sua paleta de sons e misturou soul, pop com batidas sintéticas, R&B, indie, música gospel e percussões do oeste africano para criar alguns de seus lançamentos mais celebrados — principalmente seu álbum mais recente, "Heavy Heavy", lançado no ano passado.

Graham Hastings, Alloysious e Kayus Bankole, do Young Fathers
Graham Hastings, Alloysious e Kayus Bankole, do Young Fathers Imagem: Steve Jennings/Getty Images

"Nós apenas fazemos o que é necessário para criar uma música. Não nos importamos muito se isso está centrado ou não em fazer rap", fala Kayus Bankole, também membro do Young Fathers, a Splash.

As mudanças de sonoridade da banda acompanharam o que Bankole definiu como "a morte do purismo", fruto dos avanços de tecnologia e acesso à arte.

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Vem ficando cada vez mais claro que a arte é um lugar em que você pode ser extremamente expressivo e não se preocupar com rótulos. Kayus Bankole, do Young Fathers

Terrace Martin e Kamasi Washington, do Dinner Party
Terrace Martin e Kamasi Washington, do Dinner Party Imagem: Scott Dudelson/Getty Images

Misturas sem fim

Além de artistas que fazem um rap mais direto, embora misturado, há também no line-up do C6 Fest outros grupos e músicos cujo som deriva do hip-hop de diferentes maneiras.

Um exemplo é a apresentação Dinner Party, protagonizada pelo supergrupo formado pelos músicos de jazz Kamasi Washington, Robert Glasper, Terrace Martin e o produtor de hip-hop 9th Wonder. O quarteto lançou um EP em 2020 muito inspirado pelo jazz rap e cujas batidas foram pano de fundo para as rimas do rapper Phoelix.

Terrace Martin, Robert Glasper, Kamasi Washington, 9th Wonder e Arin Ray se apresentam como Dinner Party; grupo se apresenta no C6 Fest, em São Paulo
Terrace Martin, Robert Glasper, Kamasi Washington, 9th Wonder e Arin Ray se apresentam como Dinner Party; grupo se apresenta no C6 Fest, em São Paulo Imagem: Scott Dudelson/Getty Images
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Além do trabalho com o Dinner Party, cada um dos músicos individualmente colaborou com um ou muitos rappers importantes: Kamasi Washington tocou saxofone no celebrado álbum "To Pimp a Butterfly", de Kendrick Lamar; Robert Glasper já produziu discos para Mac Miller, Anderson .Paak, Denzel Curry e muitos outros; e Terrace Martin já trabalhou com Snoop Dogg, The Game e Busta Rhymes. O conhecimento e envolvimento com a cena do rap, então, é extensa para todos e influencia fortemente a sonoridade do grupo.

A cantora inglesa Raye, que se apresenta no C6 Fest; o evento acontece no Parque Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 17 e 19 de maio
A cantora inglesa Raye, que se apresenta no C6 Fest; o evento acontece no Parque Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 17 e 19 de maio Imagem: Marc Grimwade/WireImage/Getyy Images

Já para o lado mais pop das coisas, a cantora britânica Raye se inspira no hip-hop de sua cidade natal, Londres, para incrementar ainda mais a sua sonoridade. Seu mais recente álbum, My 21st Century Blues, realmente segue à risca as tendências já estabelecidas pelo pop do século 21 e apresenta a cantora, muitas vezes, cantando e rimando sobre suaves batidas de dance, trap e R&B.

É como Frank Sinatra disse: faça do seu jeito. O importante é poder explorar qualquer som que nos toque a alma. Kayus Bankole, do Young Fathers

C6 Fest

Quando: 17, 18 e 19 de maio
Onde: Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, Vila Mariana, São Paulo); portões 2 e 10 (para aplicativo e transporte público), portão 3 (para estacionamento oficial)
Classificação etária: A partir de 16 anos ou abaixo dos 16 acompanhado dos pais.

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Ingressos

Auditório Ibirapuera

17 e 19/05 (sexta e domingo) - ESGOTADO
17/05 (sexta) - inteira - R$ 560 (+ R$ 112 de taxas)
19/05 (domingo) - ESGOTADO

Arena Heineken e Tenda MetLife
18 e 19/05 (sábado e domingo ) - inteira - R$ 1.320 (+ R$ 264 de taxas)
18/05 (sábado) - inteira - R$ 726 (+ R$ 145,20 de taxas)
19/05 (domingo) - inteira - R$ 726 (+ R$ 145,20 de taxas)

Onde comprar
On-line: https://c6fest.byinti.com/#/ticket/
Bilheteria física: Teatro Renault, na av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista, São Paulo, de terça a domingo, das 12h às 20h, segundas e feriados a bilheteria está fechada.

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