Montenegro: 'Meus pais foram enterrados cedo porque eu tinha de trabalhar'
Fernanda Montenegro, 94, em entrevista ao jornal O Globo.
Atriz diz que se sente viva quando está no palco. Veterana está em cartaz com "A Cerimônia do Adeus", leitura extraída da obra de Simone de Beauvoir, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro. "Tem uma hora em que se vive com o coração na mão, sabe? Ainda acordo e canto. Isso mantém o ímpeto de pegar a si mesma e dizer: 'Vamos lá'."
Veterana encara o trabalho com uma vocação. "Faz você aguentar o impossível, atravessar as horas de espera, em que parece que não vai conseguir [...] Da dimensão disso eu mesma não dou conta, a não ser tentando dar conta dessa chamada que foi a minha vida para esse tipo de comunicação humana."
Ela descreve o nível de entrega ao citar quando perdeu os pais. "Você acha que ali está a sua vida. Há espetáculos que ficam quatro anos, dez anos em cartaz. Todo dia você tem que estar ali. E, aí, passou a vida. Tive colegas que, quando morreram pai ou mãe, enterraram cedo para ter espetáculo à noite. Meus pais foram enterrados cedo porque eu tinha de trabalhar, ir para o estúdio gravar."
Mobilização
Fernanda Montenegro e a filha, Fernanda Torres, estão se mobilizando para ajudar as vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. As atrizes vão protagonizar duas sessões especiais no teatro Casa Grande. A renda das apresentações será destinada à Ação da Cidadania.
Teatro, atrizes, produtores, equipe técnica e até empresa que vende os ingressos abriram mão de toda a receita em benefício dos afetados pela tragédia no RS. Organização do evento
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