Nos EUA, Rafinha Bastos vira 'Rafi' e cita tragédia no RS: 'Não é fácil'

Rafinha Bastos está todo americanizado, com nome levemente alterado, inglês redondo e sem poupar os próprios gringos em suas piadas. Há quase seis anos nos EUA, o comediante encheu uma casa de shows em plena noite de segunda-feira em Hollywood, como uma das atrações do festival Netflix Is A Joke.

Com muitos brasileiros na plateia, Rafinha começou seu stand-up com um rápido salve em português e logo engatou o inglês. Lembrou a tragédia que acomete o Rio Grande do Sul, estado onde nasceu, e ainda falou de uma crise pessoal com infertilidade.

"Tem uma brasileirada presente aqui?", perguntou o comediante em português, recebendo uma resposta retumbante do público. "Então vamos assaltar eles", brincou.

"Não é um momento fácil para a gente no Brasil, vocês todos sabem o que está acontecendo, com todas as inundações. Não tem sido fácil", ele continuou em inglês. "Mas estou feliz que vocês vieram. E que estão me pagando em dólares."

Rafi Bastos

Rafi Bastos, seu nome artístico fora do Brasil, é uma das atrações do festival de comédia da Netflix em Los Angeles. O evento reúne centenas de comediantes em cerca de 500 shows em 35 locais durante 12 dias. Os maiores nomes da indústria participam do evento, como Seth Rogen, Jerry Seinfeld, Amy Schumer e Ali Wong, em espaços clássicos de stand-up como a Comedy Store e The Laugh Factor, além de arenas como o Hollywood Bowl.

Rafinha se apresentou no Bourbon Room, uma casa com cerca de 300 lugares localizada na Calçada da Fama de Hollywood. Ele segurou a plateia com quase uma hora de show até perto da meia-noite, após breves apresentações de dois comediantes americanos e outro brasileiro, seu colega Maurício Meirelles.

Ele fez piadas sobre os desafios de morar nos EUA e não poupou os próprios americanos, em especial a cultura progressista nas grandes cidades das costas. "Ninguém mais quer ser branco na América", disse. "Eu me mudei pra cá porque cansei de ser branco. Resolvi ser minoria", continuou.

Quando você se muda para a América, precisa mudar seus sonhos. No Brasil, meu sonho era ir para o Japão. Aqui, meu sonho é ir ao médico. Médicos aqui são tão caros. Fui obrigado a ter um estilo de vida saudável. Nunca quis isso. Quando como um burrito, me preocupo. Não posso ter diarreia. Tenho mais medo do Taco Bell que da imigração.

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Rafinha também fez piadas com uma crise pessoal recente após descobrir que não pode mais ter filhos. "Tem sido muito difícil para minha mulher porque ela quer muito um filho", ele disse sobre a jornalista Vivi Tomasi Paiva, com quem se casou em 2002. "E tem sido muito difícil para mim também para convencê-la que estou triste."

Infertilidade

Piadas à parte, Rafinha disse à reportagem do Splash que está sendo complicado de verdade e que ele está passando por procedimentos para tentar reverter o quadro de infertilidade.

Se fala muito pouco de infertilidade masculina e eu fiquei [infértil]. Eu tenho um filho, tudo funciona, hormonalmente está tudo bem com meu corpo, mas eu parei pra reprodução Não tem muita coisa a se fazer, há pouca chance de reverter. Estou na correria com isso nos últimos meses, fiz cirurgia. É muito difícil, queria muito ter outro filho.

Ao final do show, Splash conversou com alguns brasileiros da plateia, todos encantados com a apresentação do conterrâneo. Um grupo de americanos que não conheciam Rafinha elogiou o brasileiro, embora um deles tenha se cansado da ênfase nos perrengues de imigrante.

"Mas para encher uma casa dessas numa segunda à noite, o cara tem que ser um grande comediante mesmo", disse o músico Cole, 25. Ele pediu para não divulgar seu sobrenome.

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Já o publicitário mexicano Roy Delgado, 27, que mora em Los Angeles e frequenta o circuito de stand-ups da cidade, adorou o show. "Me identifiquei muito com algumas piadas", disse Roy.

Vida na 'gringa'

Rafinha se mudou para os EUA em 2018 e hoje mora em Nova York com a mulher. Em 2024, fez sua primeira turnê na Europa, em seis cidades. Em 2023, se apresentou em três cidades do Oriente Médio. Nos próximos meses, faz shows em mais oito cidades dos EUA, além de sua estreia na Índia. Há ainda planos para Austrália.

Deu um gás novo para minha carreira. Senti que fiz tudo o que queria no Brasil e vim pra cá e comecei a conquistar muita coisa legal. Os últimos dois anos foram muito fortes. Queria me transformar num nome que pudesse viajar o mundo e está dando certo.

Rafinha disse que sua vantagem é ter "um público brasileiro muito legal, muito fiel, muito parceiro". "Eles estão comigo para onde eu for", continuou, antes de ser interrompido por um americano que pediu uma selfie. "Agora eu tenho um público estrangeiro que me segue muito, e muito público imigrante também."

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