Conteúdo publicado há 1 mês

Silvio Santos exigia saia curta no 'Jornal das Pernas', diz Analice Nicolau

Analice Nicolau, 46, entrou na sua casa por 18 anos como apresentadora de telejornais do SBT. A jornalista também ganhou projeção nacional por ter posado quatro vezes para a revista Sexy e pela participação surpresa na segunda edição da Casa dos Artistas (SBT).

Em entrevista exclusiva para Splash, ela, que é dona de muitas histórias e atualmente se tornou empresária e terapeuta transpessoal, lembra com orgulho de ter visto o SBT Notícias Breves, apelidado de 'Jornal das Pernas', revolucionar o jornalismo brasileiro.

Ficou conhecido como o Jornal das Pernas e era algo totalmente novo. A TV não estava acostumada a ver mulheres andando no estúdio. A gente quebrou muitos paradigmas. Analice Nicolau

"Tudo muito rápido"

Natural de Blumenau (SC), Analice Nicolau cresceu em família simples, passou a adolescência como atleta de handball, mas deixou o esporte para trabalhar como costureira para ajudar a família. Aos 19, a vida da catarinense mudou após uma prima levá-la para participar de um concurso de beleza e terminar com a segunda colocação.

"Por jogar handball, tinha um corpo maravilhoso e ajudou bastante. Eu não parava de rir durante o concurso e isso ajudou a conquistar os jurados na hora da seleção. Fiquei em segundo lugar e dali vi que existia várias possibilidades", conta.

Um anos depois e vários concursos vencidos, Analice já estava em São Paulo gravando comerciais e topou o convite de posar nua para a revista Sexy. "Foi realmente por dinheiro. Na época, minha mãe tinha confecção, meu pai também trabalhava, mas nós somos de família mais simples. Então, por que não aproveitar a oportunidade? E pra mim, nunca teve essa coisa pejorativa do nu, que muitas pessoas levam para o outro lado. Sempre foi algo muito natural."

Acostumada a fotografar de biquíni e lingerie, ela lembra que tirou de letra o ensaio sensual. "Sentia uma liberdade de poder ser eu mesma. Nunca tive vergonha, era algo muito natural. As minhas origens indígenas trazem isso muito forte, de liberdade, de expressão corporal. Foi uma experiência magnífica".

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"Fogo no parquinho"

Analice Nicolau ganhou projeção nacional com o ensaio para a Sexy. Tanto é que Silvio Santos decidiu chamá-la para completar o elenco do Casa dos Artistas 2 (SBT) mesmo como o reality show já no ar.

Pegar uma pessoa que tá lá no Sul e colocar dentro de um reality show, é colocar fogo no parquinho literalmente. Eles já estavam lá dentro e o círculo de amizade já estava formado.

A jovem catarinense não esconde que foi um choque viver num confinamento com pessoas desconhecidas. "Assustou muito. Não cheguei a ficar um mês, foram 23 dias. O que aconteceu? Saí antes da final, posei nua novamente e foi a última capa que eu fiz da revista Sexy".

Com o dinheiro ganho com as capas da Sexy e o reality show, Analice Nicolau decidiu voltar para Blumenau para ficar com a família, abriu uma confecção de roupas de academia e, ao mesmo tempo, montou um programa de esportes radicais na RedeTV!.

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"Quebrou paradigmas"

Pouco mais de um ano após a Casa dos Artistas, Silvio Santos quis saber como estava a vida dos ex-participantes e descobriu que Analice Nicolau estava atuando em frente às câmeras. Assim, ele convidou a jovem para um teste para comandar o SBT Notícias Breves após analisar suas fitas.

Silvio [Santos] conseguiu captar algo que nem eu não consegui. Daí, eu e a Cynthia Benini fizemos o piloto e três meses depois o Silvio colocou o jornal no ar, com duas mulheres de saia, bancada transparente. Nós andávamos por todo o cenário, coisa que era impossível naquela época.

A ousadia do dono do baú em exigir que as apresentadores estivessem de saia rendeu o apelido de "Jornal das Pernas". "Ficou conhecida naquela época como o Jornal das Pernas e era algo totalmente novo. A TV não estava acostumada a ver mulheres andando no estúdio. A gente quebrou muitos paradigmas."

O SBT Notícias Breves era inspirado em um jornal de Orlando (EUA) visto por Silvio Santos. "Nós recebíamos um programa desenhado da roupa que nós tínhamos que usar até o tipo de cabelo e maquiagem. Se a saia não estivesse no comprimento certo, a blusinha no detalhe certo. Por quê? O Silvio estava testando ali em nós outras formas de comunicação".

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A figurinista colocava a saia quatro dedos acima do joelho, só que o tecido esticava com o passar do dia e ia descendo. Uma vez, o Silvio ligou bem assim: 'Oi, Analice. Queria perguntar se você está com algum problema? Brigou com o namorado? Seu pai não deixa você usar as roupas do telejornal?'. Como explicar de tecido pro Silvio? Daí eu disse: 'Deve ser alguma coisa da saia. Vou pedir para diminuírem um pouquinho'.

Focada em se envolver no mundo da TV, Analice diz não ter ligado para o apelido dado ao jornal. "A gente sofreu mais com o pessoal do próprio jornalismo do que com as pessoas de fora. Por quê? Porque como era algo totalmente novo, nem eles sabiam o que era. Era mais fácil comunicar falando algo que depreciasse do que algo que fortalecesse ainda mais."

Splash procurou o SBT para entender como funcionava a exigência da roupa curta para o projeto da época. O texto será atualizado quando houver um posicionamento do canal.

O SBT Notícias Breves chegou ao fim dois anos depois, mas Analice Nicolau seguiu no canal. Ela começou a cursar jornalismo e assumiu a bancada do Jornal do SBT Manhã ao lado de Hermano Henning.

Saída do SBT e vida de empresária

A vida de Analice Nicolau tem acontecimentos muito repentinos. Aos 19, fez o primeiro desfile como modelo, um ano depois posou nua, em seguida entrou na Casa dos Artistas e, posteriormente, se tornou uma apresentadora de telejornal. Em 2013, ela precisou de uma breve pausa para tratar de depressão e síndrome do pânico em virtude de um relacionamento tóxico.

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Ele foi só estopim de vários outros gatilhos que tinham lá atrás e que eu tinha abafado. Então, quando estourou realmente a síndrome do pânico, eu pensei: "preciso de ajuda, porque eu não vou conseguir sair daqui". Fui atrás de profissionais para eu poder entender melhor como funcionava a minha mente.

Seis anos depois, a jornalista estava vivendo uma nova fase após mergulhar o autoconhecimento e conseguir se conhecer. Titular das madrugadas do SBT, ela nutria o desejo de viver novos ares após passar alguns anos noticiando tragédias e acabou ganhando a "liberdade" em julho de 2019 com a decisão do canal em demiti-lá.

Pedi para Deus me mostra o caminho e 15 dias depois eu fui demitida. Lógico que dá medo, foram 18 anos trabalhando para uma emissora e eu como era pessoa jurídica, sai, vamos dizer, sem nada, somente aquilo que eu tinha construído. O SBT honrou com tudo.

Fora da TV, Analice entrou de cabeça nos estudos o mundo do marketing digital. "Fui me aprofundar em assessoria de imprensa, em relações públicas, marketing digital, a parte financeira, porque quando você é empregado, você se comporta como empregado. A partir do momento que você abre uma empresa, você tem que destravar."

Ela brinca dizendo que rejuvenesceu três anos após a saída do SBT. "Foi onde reencontrei a minha essência, aquela menina sonhadora, lá com 19 anos, que ainda não tinha passado por tudo aquilo, que não tinha sido machucada. Comecei a ver a vida completamente diferente".

Atualmente, Analice Nicolau mora em Mogi das Cruzes e é CEO da agência An Connect. Além disso, ela é colunista do Jornal de Brasília e trabalha como terapeuta transpessoal. A agenda atribulada de trabalho a faz pensar duas vezes em voltar a conviver com a rotina de televisão.

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Não tenho tempo. É tanta coisa para criar, é tanta coisa para fazer, é tanto movimento, que não dá tempo para ficar somente naquilo lá, porque aquilo também exige muito. Eu só tô vivendo aqui e agora.

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