Malu Galli sobre viver mãe transfóbica de Buba: 'Tem muita gente assim'
Malu Galli, 52, entra em "Renascer" para viver Meire, a mãe de Buba (Gabriela Madeiros), personagem que não existia na primeira versão da novela, exibida em 1993. Em conversa com Splash, atriz afirma que a personagem transfóbica é bem diferente de todas as que já fez — e dela também.
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Quem é Meire?
Quando a Marcela Bergamo, a diretora de elenco, ligou para me convidar, ela falou: 'olha, são cenas super fortes e difíceis'... É uma mulher muito dura, conservadora e com dificuldade de se abrir para o novo. Ela prefere perder ou matar a filha que se abrir para essa nova possibilidade. Infelizmente tem muita gente assim.
Malu Galli
Na novela das 9, Meire é mãe de uma mulher transexual e não vê a filha desde que ela foi expulsa de casa pelo pai, Humberto (Guilherme Fontes), há mais de dez anos. "É legal a gente ter essa representatividade na TV. Essas pessoas vão se reconhecer e vão repensar, porque elas vão ver a Meire em um processo de transformação. Que isso traga uma luz para a vida das pessoas que estão sofrendo com esse assunto hoje em dia".
Malu define as atitudes transfóbicas da personagem como egoístas. "É você não se conformar que aquele ser não está ali para satisfazer as suas expectativas... E acho que todo pai e toda mãe tem um pouco disso em relação aos filhos em diferentes medidas. A gente tem que lutar contra isso, para poder dar o máximo de liberdade para os filhos serem quem eles querem ser, passarem pelo que eles quiserem passar. A gente tá ali só para dar suporte emocional".
Ao votar a sua cidade natal, Buba descobre que seus pais mentiam e diziam aos vizinhos que ela havia morrido. "Tenho muita pena da Meire por ela ter passado dez anos tentando matar esse amor em vão, porque esse amor não morre, né? Como é que uma mãe deixa de amar o filho? Não tem como. Ela pode morrer em vida, ela pode se matar, mas o amor não morre, nunca morre".
Galli elogia Gabriela Medeiros, que vive a Buba na novela das 9, e contou detalhes dos bastidores — o público pode esperar uma conciliação após duros embates, mas pai permanecerá irredutível. "Ela me falou muito dela, de como foi para ela na época da transição, a relação com a família. É um assunto muito difícil. Ela foi corajosa. Entrou nas cenas de peito aberto, ouvia tudo que a gente dizia e não teve nenhum tipo de dificuldade. Ela estava disposta a viver isso na novela. Percebe a importância disso também".
"Cheias de Charme"
Além de "Renascer", a atriz está no ar na reprise de "Cheias de Charme" nas tardes da Globo, onde vive Lygia, uma advogada que é patroa e amiga de Penha (Taís Araújo). "Foi um momento importante. Eu tinha vindo de 'A Vida da Gente', a primeira novela da Lícia Manzo, fazia a Dora, e teve o convite da Denise Saraceni [diretora de 'Cheias de Charme'] para emendar a novela. Foi a primeira vez que emendei assim, ainda estava gravando 'A Vida da Gente' e já estava participando das preparações de 'Cheias de Charme'."
Nas ruas, é lembrada até hoje pela personagem na novela das Empreguetes — e que ajudou a mobilizar a criação da PEC das domésticas. "Tem 12 anos já e a novela continua aí mobilizando. Eu tenho ouvido muitas pessoas na rua: 'Tubaroa! Olha a doutora!'. As pessoas ainda gostam e torcem. A dobradinha Lígia e Penha é super bacana!".
Ligação com a comunidade LGBTQIAP+
Além de Meire, Malu já viveu Marta, mãe de outra personagem LGBTQIAP+, a Lica (Manoela Aliperti), personagem lésbica de 'Malhação - Viva a Diferença' , e com isso a artista ganhou um grande número de fãs da comunidade nas redes sociais. "São meninos muito jovens, em geral pelo que percebo, elas me chamam chamam de 'mommy', porque ele vem como uma figura materna, eu acho muito divertido".
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Quero receberEla se vê como uma amiga e cúmplice da comunidade LGBTQIAP+. "Sou uma mulher hétero, casada há muito tempo, mas elas se identificarem comigo, sabe? A gente que é do teatro é muito misturado desde sempre. O ambiente do teatro é muito acolhedor para todos os tipos de pessoas [...] Eu gosto de sair da minha vida e ouvir a vida dos outros, até por isso que sou atriz. É muito natural participar desse universo. Não sendo uma representante, mas como amiga, cúmplice, colega, irmã. Estou muito ligada a essas pessoas e atenta a causa delas, preocupada em estar aí batalhando para que elas sejam ouvidas, tenham voz, representatividade e respeito".
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