'Música sempre foi minha terapia': Andrea Bocelli inicia turnê pelo Brasil

Para os fãs que aguardam ansiosos a turnê de Andrea Bocelli no Brasil, que começa nesta sexta (17) em Belo Horizonte, o tenor italiano é praticamente uma figura divina. Nas redes, os admiradores o tratam como alguém celestial, um arauto de coisas boas com seu canto.

Mesmo sem entrar nessa onda messiânica, Bocelli, 65, diz em entrevista a Splash, que a religião é muito importante em sua vida. "A música também pode ser uma forma de oração. A música eleva o espírito e, quando o espírito se eleva, ajuda a chegar a uma dimensão mais profunda e — se quisermos — também religiosa. Santo Agostinho escreveu 'Quem canta, reza duas vezes'..."

Bocelli abre sua sexta visita ao Brasil no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, nesta sexta. No Rio, ele fecha no hotel Fairmont, em Copacabana, e canta, no dia 19, exclusivamente para os 550 hóspedes que adquirirem o pacote especial de fim de semana. Na terça (21), a apresentação será na Arena Mané Garrincha, em Brasília. A turnê se encerra com dois concertos em São Paulo, no Allianz Parque, no sábado (25) e no domingo (26).

Depois dessas performances, ele completará 18 apresentações no país. A cantora Sandy fará participações especiais nos concertos. Eles já cantaram juntos várias vezes, numa amizade que começou em 1997, quando gravaram a música "Vivo Per Lei".

Para Bocelli, cantar em imensos estádios pelo mundo é uma responsabilidade, principalmente em tempos difíceis para as pessoas, como agora.

Acredito que todos os artistas carregam consigo os fardos e as honrarias de uma grande responsabilidade, dentro da sociedade, ainda mais nos momentos históricos mais delicados e de maior incerteza. Falo por experiência própria: a música sempre foi minha terapia, é uma forma de dar leveza à vida.

Andrea Bocelli, que passa com sua turnê por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo
Andrea Bocelli, que passa com sua turnê por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo Imagem: Roberto Panucci/Corbis/Getty Images

Ele considera os concertos um momento de encontro. "O abraço do público, e essa troca de energia positiva que acontece, em qualquer lugar, em qualquer latitude, retribui todos os esforços, mesmo depois de três décadas de vida nômade e uma atitude militante nos concertos."

Sobre a escolha de repertório para suas gravações, ele se diz movido por paixão.

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Nas propostas musicais, a busca pela beleza continua norteando minhas escolhas: o maior desafio é tentar levar um pouco de serenidade e alegria para dentro da casa das pessoas." Mas ele destaca que os concertos são a principal força, porque acha que a melhor forma de agradecer aos fãs é fazer isso de forma presencial, para plateias de vários países e idiomas diferentes.

Muito se fala que Bocelli prefere cantar em italiano, e acaba contemplando outros idiomas para agradar o público.

Eu amo italiano e, confirmo, eu prefiro. Porque é a linguagem da ópera, a língua dos meus pais, a que me criou e da qual conheço as nuances mais escondidas. Mas o inglês é a língua do mundo, é a forma mais imediata de se comunicar com o maior número de pessoas possível.

Para ele, cantar em outros idiomas é mais um desafio pessoal do que questão de mercado. "São muitas páginas de música, clássicos do pop e musicais, concebidos em inglês! Quanto ao espanhol, é tão sensual e musical." Talvez para agradar à plateia brasileira, diz que está tentando introduzir em seu repertório algumas obras em português.

Na verdade, acredito que cada língua traz consigo suas próprias nuances, seu ritmo específico, sua própria beleza...

Os fãs já acompanharam várias performances de Bocelli com os filhos, Virginia e Matteo. "Confesso que o motivo pelo qual, em 2022, acolhi a ideia de fazer um álbum dedicado ao Natal, envolvendo Virgínia e Matteo, foi a perspectiva de passar mais tempo com eles. Meus filhos cresceram nos bastidores dos teatros, a música é parte integrante da família Bocelli."

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O cantor acredita que Matteo, aos 25 anos, já tem uma resposta popular, o considera um cantor de personalidade própria. Ele estará cantando no Brasil com o pai. Ele vê a filha, de 14 anos, num estágio inicial de uma possível carreira.

Virgínia é afinada, é talentosa para a música. Aprendeu cedo, no ambiente da família, a disciplina e a paciência que o mundo do entretenimento exige. No entanto, neste momento, cantar com o pai e o irmão é pouco mais do que um jogo.

Andrea Bocelli, que faz turnê pelo Brasil; Belo Horizonte recebe primeiro show, nesta sexta (17/5), no Mineirão
Andrea Bocelli, que faz turnê pelo Brasil; Belo Horizonte recebe primeiro show, nesta sexta (17/5), no Mineirão Imagem: Jared Siskin/Patrick McMulla/Getty Images

Bocelli se empolga ao falar de filantropia. A Fundação Andrea Bocelli (ABF) é definida por ele como um sonho que se tornou realidade há 13 anos. "É uma grande família que realiza, em todo o mundo, projetos que visam oferecer às pessoas e comunidades oportunidades de expressar seus talentos ao máximo, especialmente aos jovens." Os resultados superam as expectativas que ele tinha. A fundação arrecadou até hoje mais de R$ 300 milhões, destinados a restaurar condições de vida dignas a quem precisa.

As intervenções da instituição vão desde o acesso a cuidados médicos até serviços de recuperação para emergências humanitárias, fornecendo bens de primeira necessidade, como água potável. Mas Bocelli destaca o que considera ser "o coração" da ABF: "A educação. Acreditamos, de fato, que o conceito de cuidar do indivíduo, o verdadeiro empoderamento, passa também pelo cuidado de sua educação, com o uso de abordagens e ferramentas inovadoras que identificam a arte, a música e o digital como valiosos recursos educacionais."

Ele pede licença ao repórter para uma declaração final na entrevista.

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Gostaria de enfatizar que ser filantropo, cuidar das pessoas e, assim, fazer a diferença na história dos outros, não significa ser generoso. É, antes de tudo, um ato de inteligência.

Andrea Bocelli no Brasil

Belo Horizonte
Quando: sexta-feira, 17/5, às 21h
Onde: Estádio Mineirão (av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, São José)
Quanto: a partir de R$ 1.000 (meia, setor ouro)
Ingressos à venda em Eventim.

Rio de Janeiro
Quando
: 19/5
Onde: hotel Fairmond (av. Atlântica, 4.240, Copacabana)
Quanto: a partir de R$ 50 mil (pacotes para o fim de semana)
Informações sobre reservas no site do Fairmont Rio.

Brasília
Quando: 21/5, às 21h
Onde: Arena BRB Mané Garrincha (Srpn Trecho 1, 70070-705, Brasília, DF)
Quanto: de R$ 800 (meia, setor ouro) a R$ 4.620 (inteira, setor platinum)
Ingressos à venda em Eventim.

São Paulo
Quando: 25/5 e 26/6, às 21h
Onde: São Paulo (SP)
Quanto: de R$ 1.135 (meia, setor ouro) a R$ 4.125 (inteira, setor diamante)
Ingresso à venda em Eventim.

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