Com exaltação do jazz, primeira noite do C6 Fest une lenda e novos talentos
Nesta sexta (17), o Auditório do Ibirapuera estava iluminado e pronto para receber as primeiras atrações do C6 Fest.
A noite começou com um emocionante show da dupla Daniel Santiago e Pedro Marins. Os músicos brasilienses apresentaram composições próprias com muita influência jazz e uma brisa bem agradável de Clube da Esquina, em um show bem intimista, com uma super técnica e carregado de sentimentos.
Daniel já vem de uma longa estrada: tocou com Milton Nascimento e Hamilton de Holanda entre outros grandes nomes. Os dois tem trabalhos com o guitarrista norte americano Eric Clapton, o artista faz uma participação no disco recém lançado de Pedro, Rádio Mistério, que conta também com o baixista Thundercat.
A dupla Santiago e Martins já tem alguns trabalhos juntos, mas fizeram esse espetáculo especialmente para o C6. Foi um início de noite bastante sensível e ver dois virtuoses tocando juntos em tamanha sintonia foi bem interessante.
Na sequência, ninguém mais, ninguém menos que Charles Lloyd sobe ao palco. Super bem acompanhado de contrabaixo, piano e uma bateria bastante percussiva, Lloyd, que já é um senhor de 86 anos, começa o show sentado. A banda dá a deixa, ele se levanta e o público tem a oportunidade de ver um gigante em ação, sax, flauta transversal, emoção pura.
Lloyd é uma lenda viva do jazz e ter a honra de assisti-lo ao vivo interpretando composições de seu mais recente disco "The Sky Will Be There Tomorrow", levou o público aos aplausos diversas vezes e como em sua extensa carreira, passeou por diversos estilos do jazz, misturado a bastante improviso, conduzindo o público a um passeio pela história do próprio jazz. Super ovacionado, Lloyd foi um dos pontos mais altos da noite.
A orquestra já estava posicionada quando a sul-coreana Jihye Lee entrou no palco toda de branco. Como mulher assistindo a espetáculos em sua maioria realizados por homens, ver Jihye Lee em cena foi bem mágico e poderoso. Técnica, emoção e muita sensibilidade, as mãos pequenas dessa artista imensa regem uma orquestra formada só por homens.
Com composições próprias, ela mistura jazz tradicional, uma pitada soul e elementos da música tradicional coreana. Não contente em deixar o público de queixo caído com sua impressionante performance, a artista ainda cantou a única música com voz, e que voz belíssima.
O dinamarquês Jakob Bro fechou a noite interpretando seu último disco "Uma Elmo" com muito improviso e um som que mistura estilos como o free jazz e o jazz psicodélico, dando um tom bem experimental mas muito baseado no jazz tradicional, alternou entre momentos incômodos e emocionantes. Interessantíssimo como ele trabalha sons de tão fácil identificação como os sopros imitando a partida de um navio e os sons do canto de uma baleia em alto mar.
Foi um show mais difícil para boa parte do público que infelizmente não conseguiu encarar até o fim, mas não menos rico e interessante do que os anteriores. A apresentação trouxe de volta um discurso bem relevante desde o lançamento de discos de protesto como We Insist, de Max Roach, acerca de que o jazz é liberdade, expressão e não só entretenimento.
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Quero receberUma das coisas mais interessantes do C6 é o cuidado na escolha de artistas, uma curadoria finíssima que une o moderno e o tradicional, no icônico Auditório Ibirapuera , projetado por Niemeyer.
Dos mesmos curadores do extinto e fundamental Free Jazz e mais tarde TimFestival, o C6 traz a mesma aura, grandes shows de jazz, soul, pop com boa estrutura para receber o público, o festival continua até domingo com diversas atrações incríveis.
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