OPINIÃO
C6 Fest: Ame ou odeie, Paris Texas ao vivo é simplesmente inesquecível
Claudia Assef
Colaboração para Splash, em São Paulo
19/05/2024 17h39Atualizada em 19/05/2024 18h15
Esquisito, sujo, sofisticado, pop. Tudo é muito contraditório quando se trata de Paris Texas. A dupla norte-americana formada por Louie Pastel e Felix, amigos de faculdade, tem um pé no rock, no jazz, no punk e na música eletrônica mais extrema.
Seu rap é corrosivo e agressivo, como uma banda de punk com base de jungle, o pai do drum'n'bass. Uma viagem que muda de ritmo e curso a cada música.
Os acordes soam dissonantes como um solo de baixo de Sid Vicious. É rap punk para novas formas de pogo. Para se ter uma ideia do clima, "Everyone Is Safe Until..." , um dos hits da dupla, que se apresentou com um DJ que também cantava e pulava sem parar, é uma música tensa que fala sobre uma tentativa de assassinato do cantor.
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Anunciada como uma música "for the ladies", "Girls Like Drugs" fala do vício das mulheres por marcas de luxo, com direito a muitos "bitch".
Paris Texas entregou uma massa grossa recheada de Childish Gambino, Beastie Boys, Sex Pistols e Prodigy. Um show afrontoso e pesado, tão indigesto quanto necessário.
Escalar uma atração forte como Paris Texas para abrir os trabalhos do palco Arena Heineken deu certo. O público chegou no horário e não arredou pé - mesmo tendo outra atração de peso, a banda Squid, no palco vizinho.
Que coisa estranha e maravilhosa foi esse show. Paris Texas, assim como o filme que inspirou o nome do duo, não veio ao mundo para passar batido. Ame ou odeie, ao vivo é simplesmente inesquecível.
O show de pouco menos de uma hora encerrou com uma vigorosa roda de pogo, iniciada por Felix e o DJ da dupla. Trouxe aquela energia "macha" que faz bem pra pele. Um dos melhores shows do festival até aqui.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL