Noah Cyrus empolga seus fãs, mas faz show musicalmente mediano no C6 Fest
Não é fácil ser a irmãzinha de Miley Cyrus. Atração da Tenda MetLife do C6 Festival no meio da tarde do domingo (19), Noah Cyrus veio ao Brasil para mostrar o repertório de "The Hardest Part", seu primeiro álbum, lançado em setembro de 2022. Definitivamente, o show empolgou o público de fã-clube, mas musicalmente foi algo mediano, sem brilho. A garota faz tudo certinho, mas nada além disso.
Ela começou a ter participações em programas de TV aos três anos de idade. E pegou carona no sucesso da irmã gravando alguns episódios da série "Hannah Montana". Como ela trabalhou em muitos musicais, desde os 10 anos ela teve canções disponibilizadas nas plataformas, mas seu primeiro single de verdade só saiu em 2016.
Durante cinco anos, ela despejou 15 canções nas redes, numa produção grande e totalmente sem rumo. Muitas delas com participações de outros artistas nada memoráveis. Nesse balaio, o single mais divertido é "I Got So High that I Saw Jesus", justamente uma gravação com a irmã Miley. Cansada, viciada em Xanax, ela parou por quase dois anos para decidir o que realmente queria fazer da vida.
O resultado desse breve afastamento é "The Hardest Part", um álbum no qual pela primeira vez ela demonstra estar um pouco no controle da coisa toda. É um disco de pop com algumas levadas de música country, influência do pai, Billy Ray Cyrus, astro do gênero nos Estados Unidos. A própria Miley, diva de um pop urbano contemporâneo, às vezes dá suas escorregadas rumo ao legado do pai e agrega uma batida country em suas canções.
Aos 24 anos, Noah apresentou no C6 Festival uma performance que ainda aparenta alguma fragilidade. Não se trata de nervosismo, mas talvez uma falta de confiança completa no que ela consegue fazer. Simpática, sedutora num vestido colado às curvas do corpo, sabe ocupar o palco e exibir uma personagem que pede o carinho da plateia. Isso foi atendido pelo público paulistano.
"The Hardest Part" é uma coleção de canções pop com uma evidente preocupação de dar ao trabalho dela um ar mais adulto, mais "classudo", mesmo que a cantora passe o show inteiro berrando com toda a força dos pulmões. Mas no repertório da turnê há espaço para misturar esse material mais recente, como "Noah (Stand Still)" e "I Just Want a Lover", com as melhores músicas da fase errante de singles: "The End of Everything", "I Got So High that I Saw Jesus" e "Make Me (Cry)", este seu primeiro single oficial, de 2016.
No embalo de um evento como C6, um festival com vários palcos e uma rotação constante de coisas diferentes para se ver, o pop simples, direto e gritado de Noah Cyrus encontra facilmente um lugar. Mas fica a impressão de que a plateia está diante de uma jovem que talvez poderá ser mais relevante no cenário. Hoje, é pouco mais do que uma cantora simpática e esforçada.
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