Young Fathers conduz com maestria sua gira escocesa no C6 Fest
Originalmente um trio que se apresenta como um quinteto nada tradicional, a banda escocesa Young Fathers trouxe neste domingo (19) ao C6 Fest sua performance pesada, juntando uma amálgama de influências: da música gospel americana ao rap do Outkast, passando por LCD Soundsystem e esbarrando na música folk irlandesa.
A força vocal nasce do trio fundador da banda, o líbio Alloysious Massaquoi e os nativos de Edimburgo Kayus Bankole e Graham "G" Hastings, além da vocalista Kimberley Mandido.
Os arranjos vocais ajudam a criar a aura de mantra, juntamente com a percussão e sintetizadores. "Palestina Livre", disse Graham, antes de tocar "Shame" (vergonha), cuja letra claramente condena o comportamento do governo de Israel.
A química entre os corpos no palco, miscigenados, tem uma potência de transe. A pauta antirracista é presente no show e em registros como o disco "White Men Are Black Men Too".
Em loops repetitivos e vozes sobrepostas, o show caminha para uma espécie de gira, com momentos de tensão musical com ares ritualísticos. Com 16 anos de estrada, quatro álbuns lançados e vários prêmios, o Young Fathers tem consistência e repertório para mudar de assunto e de estilo musical se mantendo dentro da mesma assinatura: um som poderoso, transcendental, cru e quase religioso, combinação que os escoceses dominam muito bem.
A dinâmica do show é usada para tirar e devolver o fôlego da plateia, num crescente e planejado bate-e-assopra. Ondas sonoras contínuas a cada final de música tensionam e preparam os espectadores para novas viagens. Infelizmente, porém, essa aqui do C6 Fest chegou ao final.
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