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Malu Galli lamenta intolerância contra Candomblé: 'Anitta foi corajosa'

Filipe Pavão e Bruno Silvano

De Splash e Colaboração para Splash, no Rio e em São Paulo

20/05/2024 04h00

"Quem é de axé, diz que é". É assim que Malu Galli, 52, começa a falar sobre sua vivência no Candomblé a Splash. A atriz gosta de estar em ambientes acolhedores e receptivos, como o teatro e o terreiro, bem diferente de sua personagem no remake de "Renascer" — onde interpreta uma mulher conversadora e transfóbica.

Representatividade

Malu conta que gosta de compartilhar sua fé nas redes sociais, o que provoca reações preconceituosas de algumas pessoas. Assim como Anitta, que perdeu 200 mil seguidores após anunciar clipe com imagens que exaltam a religião, Malu também perde seguidores após compartilhar fotos e vídeos.

Toda vez que posto alguma coisa nas minhas redes [sobre o Candomblé], perco dois ou três mil seguidores de uma vez. [Escrevem] 'Deixando de seguir'. Vai com Deus. Vou fazer o quê? Vou ficar conversando essas pessoas de que elas estão erradas?
Malu Galli

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Desde que foi iniciada no Candomblé em 2018, a atriz costuma fazer publicações no Instagram exaltando a riqueza da religião e a sabedoria dos mais velhos, um dos pilares do Candomblé. "Respeito quem não quer dividir sua religiosidade [nas redes sociais], mas pessoalmente me sinto bem fazendo isso. Gero representatividade para muita gente que é de matriz africana e que se sente desrespeitado."

Para ela, que elogia a postura de Anitta, firmar-se como integrante de uma religião de matriz africana é importante para dar visibilidade. "É importante a Anitta se colocar. [Foi] muito corajosa, tenho admiração por ela. Quem puder se colocar, é bacana que faça."

No Brasil, de uns anos para cá, há uma "lavagem cerebral que está sendo feita continuamente" com a disseminação de notícias falsas, incluindo contra religiões de matriz africana, opina Malu. "As pessoas são metralhas com fake news. Tem o racismo religioso, o terrorismo religioso, que são esses ataques aos terreiros. Gerando até mortes de sacerdotes e sacerdotisas. É complicado. As pessoas acham que elas estão combatendo o mal fazendo isso."

É triste você ter a consciência de que vive num país onde tem tanta ignorância e tanta promoção de ignorância. É um país que se promove mais ignorância que educação e informação. Você vê no sul, em plena tragédia das enchentes, fake news. Tem que ser muito forte para continuar otimista e acreditar no Brasil, no mundo e nas pessoas. A gente vê cada coisa de cair o queixo.
Malu Galli

Sem preconceito

No Brasil, o Candomblé é conhecido por ser uma religião afro-brasileira. Com o tráfico negreiro, milhares de escravizados foram trazidos para o Brasil para serem explorados e, com isso, sua cultura, costumes e religião vieram com eles, explica Guilherme Forli, sacerdote de Umbanda e consultor esotérico da Astrocentro.

"Muitos criticam a religião por acreditar que seja uma religião que venera entidades ruins. Essa pré-concepção é mentirosa e não tem base na história do culto candomblecista. Outro grande equívoco cometido pelo senso comum é acreditar que os praticantes do Candomblé atuam no sentido de causar danos. Todas as crenças existentes nessa religião são em favor da vida, da paz e da prosperidade. Os Orixás ajudam essas pessoas a alcançar seus objetivos de vida, guiando e orientando suas jornadas pela terra. O Candomblé é uma vertente religiosa rica, dotada de várias características merecedoras de atenção", afirma o sacerdote.

Além do Candomblé, outra religião de matriz africana que sofre preconceito é a Umbanda. As duas possuem suas especificidades. "A Umbanda é uma religião derivada de diversas outras religiões e rituais, como os costumes indígenas Tupiniquins, do Kardecismo, do Catolicismo e principalmente do Candomblé, mas que, em paralelo, carrega uma vertente única de fé. A Umbanda crê na existência de diversas verdades e tem como base, acima de tudo, acreditar no poder do amor e da caridade", completa o sacerdote.

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