'Não estava preparada': a carreira meteórica de Regina Duarte na política
Regina Duarte, 77, foi advertida pelo Instagram após compartilhar informação falsa sobre as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. O vídeo, que foi verificado por agência de checagem, dizia que o presidente Lula (PT) teria rejeitado ajuda de Portugal para auxiliar os gaúchos.
A atriz protagonizou outras polêmicas, no entanto, desde que intensificou a participação no debate público durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro - seja de forma direta ou por meio de declarações alinhadas à direita.
A namoradinha do Brasil, que ao longo de cinco décadas deu vida a personagens icônicos na teledramaturgia da Globo, deixou a emissora no início de 2020 para assumir o comando da Secretaria Especial de Cultura, pasta que substituiu o Ministério da Cultura -- extinto à época por decisão de Bolsonaro.
Ela permaneceu no cargo pouco mais de três meses. A gestão, porém, foi marcada por polêmicas e desautorizações da alta cúpula do Poder Executivo. Regina também precisou lidar com as manifestações contrárias de parte da classe artística, a quebra da promessa de independência e teve as ações da secretaria travadas no antigo governo.
Sou curiosa, interessada. Quis viver essa experiência. Vivi dando tudo o que eu podia dar. Fui defenestrada, essa palavra me ocorreu agora há pouco, e não me arrependo. Pelo contrário, foi muito bom para mim [...] Eu não estava preparada Regina Duarte, em entrevista a Splash, em 2023
Entrevista polêmica
Em 2020, a então secretária interrompeu uma entrevista à CNN Brasil após a exibição de um depoimento da atriz Maitê Proença. A então secretária entendeu que se tratava de uma gravação antiga, embora o vídeo tivesse sido solicitado no mesmo dia, e decidiu encerrar a participação.
Na ocasião, ela também questionou o fato das pessoas relembrarem a tortura e as mortes ocorridas durante o período da ditadura militar brasileira. "Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Não desejo isso para ninguém. Sou leve, viva, estamos vivos, vamos ficar vivos", disse na ocasião. Após o episódio, Regina concluiu: "Pra mim já deu".
Saída do governo
A saída do governo foi anunciada por Regina e Bolsonaro, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais do ex-presidente, em maio de 2020. Na gravação, feita em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, ela disse que sentia falta da família e, por isso, aceitaria o "convite" de Bolsonaro para dirigir a Cinemateca, em São Paulo — o que nunca aconteceu.
Questionada pela reportagem, no ano passado, a ex-secretária afirmou que nunca ficou sabendo do motivo para não assumir o comando da instituição. "Era para eu ter passado um tempo na Cinemateca. É uma paixão minha aquele prédio. A proposta era maravilhosa, e tinha muito a ver com a artista que eu sou."
A nomeação não foi para a frente porque a Cinemateca havia deixado de ser administrada diretamente pelo governo federal e teve a gestão transferida para uma organização social, a Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto).
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