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OPINIÃO

Um anime te pergunta: e se os Power Rangers forem os vilões?

Personagens de "Go! Go! Loser Ranger!" Imagem: Divulgação/Yostar Pictures

Fábio Garcia

Colaboração para Splash, em São Paulo

20/05/2024 12h00

Conhecido como "Sentai Daishikkaku", o anime "Go! Go! Loser Ranger!" é uma obra única da atual temporada que aborda a manipulação popular em uma paródia de "Power Rangers". Splash apresenta esse anime ideal para quem busca uma série cheia de reviravoltas e com uma premissa bem diferente.

Rejeite os Rangers

Há 13 anos, a Terra foi invadida por um exército do mal. Um esquadrão de heróis coloridos, o Esquadrão Dragão Divino, estava lá para defender a humanidade. Desde então, os Rangers enfrentam esses monstros aos domingos, em arenas abertas para o público assistir... quer dizer, essa é a história contada pelo ponto de vista dos Rangers.

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A realidade é bem menos emocionante. Os Rangers conseguiram derrotar o exército do mal em pouquíssimo tempo, e agora os supostos heróis obrigam os inimigos derrotados a "atuar" nesses combates semanais, domingo após domingo, para entreter a população.

Cansado dessa humilhação constante, e revoltado pela opinião pública amar o esquadrão de heróis, o "Soldado D" decide se vingar dos Rangers. O "Soldado D" é um dos figurantes dessa farsa, se infiltra no exército do "esquadrão do bem" para buscar ajuda de traidores e destruir a instituição por dentro.

O protagonista de "Go! Go! Loser Ranger!" Imagem: Reprodução/Yostar Pictures

A sinopse parece de uma comédia, mas, na verdade, "Go! Go! Loser Ranger!" se aventura em outra ambientação. O tema principal é o duelo de narrativas. Tal qual ma história, o vencedor acaba impondo a sua versão dos fatos.

Os Rangers não lutam para defender a Terra, e sim para manter suas regalias. Inclusive, o fato de subjugarem os inimigos e os obrigarem a interpretar o papel de vilões por anos a fio é apenas um truque para que a bondade dos supostos heróis seja sempre lembrada.

Não é hora de morfar

A obra é uma clara paródia ao gênero Super Sentai, as séries infantis japonesas que trazem guerreiros coloridos lutando contra monstros da semana. Essas produções anuais são há quase cinco décadas exibidas na televisão japonesa, com "Bakuage Sentai Boonboomger" sendo a mais atual. Em meados dos anos 1980 algumas delas fizeram sucesso no Brasil, como "Esquadrão Relâmpago Changeman" e "Comando Estelar Flashman".

Power rangers Imagem: Reprodução

Nos anos 1990, graças a uma parceria com a distribuidora Saban, essas séries japonesas foram adaptadas para o mercado ocidental com o nome de "Power Rangers". Usando a mágica da edição, os americanos mantiveram os uniformes e cenas de luta das séries japonesas e trocaram o resto por cenas gravadas por atores norte-americanos. O sucesso dos "Power Rangers" deste lado do globo foi gigantesco, a ponto de afetar até o nome ocidental deste anime, que se tornou uma referência ao refrão "Go! Go! Power Rangers" da música de abertura do projeto americano.

A existência de "Go! Go! Loser Ranger!" fica até mais curiosa quando se percebe que a obra foi criada por Negi Haruba, o autor de "As Quíntuplas". Normalmente se espera que um autor faça obras com temáticas semelhantes, mas Haruba mudou radicalmente sua rota ao sair de uma comédia romântica no estilo harém para um autêntico shonen de luta homenageando os Super Sentai.

Nem todos viram "Go! Go! Loser Ranger!" como uma homenagem. Após a estreia do anime, alguns otakus japoneses foram às redes sociais criticar que a obra usa os heróis coloridos como vilões. Para alguns fãs, é sacrilégio utilizar um formato infantil para trazer nuances mais sombrias, ou para colocar no papel de antagonismo. Essa opinião, no entanto, parece ser minoria, e o anime faz mais pessoas descobrirem as qualidades dessa série.

Ilustração do mangá "Go! Go! Loser Ranger!" Imagem: Reprodução/Kodansha

Os Rangers são mostrados como criaturas execráveis e com péssimos hábitos e comportamentos. Isso abre caminho para o público torcer sem culpa para os "inimigos" da trama. O Lutador D até tem alguns truques na manga, como o poder de transformação, mas ele está abaixo dos "heróis" da história nesse quesito. Ele já tem todas as características para conquistar a simpatia do público.

A série ainda se destaca sendo uma produção de muita qualidade. O estúdio Yostar Pictures oferece boas cenas de luta e visuais bem chamativos. O diretor Keiichi Sato, que já trabalhou em obras como "Inuyashiki" e "Gantz: 0", merece aplausos por colocar um encerramento com os personagens dançando, algo comum em séries Super Sentai.

No fim, "Go! Go! Loser Ranger!" é uma série que cumpre o que promete oferecer. A trama pode parecer um pouco confusa em alguns momentos iniciais, ainda mais se o espectador chega ao anime sem saber do que se trata, mas rapidamente a pessoa se vê conquistada pelo sofrimento do protagonista. Inquietante e cheio de reviravoltas, esse anime te fará ver "Power Rangers" com um outro olhar. Talvez comece até a torcer pela Rita Repulsa.

Onde assistir?

Os supostos heróis do mundo em "Go! Go! Loser Ranger!" Imagem: Divulgação/Yostar Pictures

"Go! Go! Loser Ranger!" tem seus episódios disponibilizados pelo Star+ semanalmente, com legenda em português. Já o mangá não foi anunciado por editoras no Brasil até o momento.

Caso queira conferir a outra obra do autor, a comédia romântica "As Quíntuplas" (ou "The Quintessential Quintuplets") está disponível com dublagem e legenda na Netflix e Crunchyroll. São duas temporadas e mais um filme que encerra a história. Por sua vez, o mangá foi publicado no Brasil pela editora Panini.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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