'Cilada' volta após 15 anos com o casal Bruno Mazzeo e Debora Lamm em crise
Quando o último episódio de "Cilada" foi ao ar em 2009, o mundo era bem diferente de hoje, especialmente, quando se fala de tecnologia. No entanto, Bruno Mazzeo analisa que muitas ciladas seguem iguais — enquanto outras novas foram criadas.
As ciladas do dia a dia
Mazzeo e Debora Lamm protagonizam os novos dez episódios do humorístico marcado por fazer rir com as ações mais banais do dia a dia. Quem nunca teve de viajar com os amigos "malas" da sua namorada? Quem nunca viveu situações embaraçosas em um churrasco de família? São dessas situações comuns que o roteiro é criado — texto é assinado por Mazzeo e Rosana Ferrão.
O 'Cilada' sempre teve o objetivo de falar sobre questões cotidianas, ordinárias e comuns a todos nós. É óbvio que a inspiração vem da vida. Uma ida minha ao cartório pode gerar uma cena depois. Como toda comédia, ela vem de um drama e uma tragédia -- como ida ao cartório ou qualquer coisa desagradável. Quando a gente começa a escrever, a gente começa a viver ciladas. Eu vou anotando aqui e elas vão sendo usadas... E isso gera identificação do público.
Bruno Mazzeo
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Agora, os personagens são casados e vivem uma crise após dez anos do matrimônio. "Eles estão juntos na Cilada. Apesar de a gente ter uma minoria de episódios dedicados À relação, ela está presente em todas as situações. Uma situação de obra, em outro tempo, seria na casa do Bruno e ela acompanharia de certa maneira. Agora, eles estão vivendo juntos isso", pensa Bruno. "Em alguns olhares, a cilada só dilata, em outros, 'ah, é um companheiro para dividir a cilada'", completa Debora.
Para Debora, os personagens de Cilada são "uma fórmula inesgotável porque simbolizam pessoas médias e extremamente comuns". Mazzeo está de acordo com a amiga — com quem já trabalhou em diversos projetos — e sintetiza os personagens em uma palavra: "medíocres".
O que faz de mim e do Bruno um artista, não que a gente não seja médio e comum, é que a gente se incomoda com essa situação de ser medíocre, médio. Debora e Bruno estão muito confortáveis nesse lugar. Isso gera um encontro com a vida comum. A capacidade de identificação com essas ciladas é infinita. Quando me deparei com os textos dez anos depois, percebi que é uma fórmula inesgotável.
Debora Lamm
E qual é a maior cilada da vida dos atores? Essa é fácil, conta Bruno: "É responder essa pergunta. Respondi muito há quase 15 anos e estou respondendo agora de novo... [A série brinca com as] Pequenas ciladas. É o engarrafamento, a reunião de condomínio, a queda de luz."
O humor (quase) 15 anos depois
Mazzeo defende que o humor acompanha a sociedade e ele evolui de acordo com os temas abordados pelas pessoas na atualidade. "Se não o humor perde o sentido. Desde sempre. O humor do Barão de Itararé acompanhava a sociedade daquele tempo. Você pode achar um filme de drama de 1950 maravilhoso, mas a comédia, não... A gente procurou fazer dentro dessa sociedade atual. Se olhar o 'Cilada' antigo, mesmo que ele fosse cotidiano, talvez muitas coisas não fossem aceitas."
Debora pondera que o humor, assim como a arte em geral, tem um olhar de vanguarda. "Se a gente não se comunica, se a gente não fala sobre nós, a coisa perde o sentido. A arte está em paralelo com o tempo. O que faz, inclusive, os artistas serem muitos jovens de pensamento. Tem realmente essa conexão com o mundo."
Eles acreditam que o humor, além de entreter, também tem o objetivo de propor debates. "Parece que o 'politicamente correto está castrando a gente, mas não. Primeiro que esse nome é estranho, esse nome é castrador. Mas, não, é o contrário. O politicamente correto vem para dilatar e trazer pautas e não excluir", completa Debora.