Conteúdo publicado há 7 meses

Brasileiro foi amigo virtual de Amy: 'Queria ser tratada como uma pessoa'

Rodolfo Franco, 29, tinha apenas 15 anos quando se aproximou, de forma inusitada, de uma das maiores estrelas da música: Amy Winehouse. O jovem de Pará de Minas (MG) se tornou amigo virtual da cantora e até jogou com ela pelo Facebook.

Na adolescência, Rodolfo procurou e descobriu o nome de usuário de Amy no Skype após saber que a cantora conversava pela plataforma com outra fã. A outra fã em questão era Ramona, uma caribenha da ilha de Santa Lúcia, refúgio onde Amy tentou se livrar dos vícios e fez amizade com locais. Após Rodolfo e Ramona se tornarem amigos, ela confirmou qual era o usuário de Amy no Skype.

Ele adicionou a cantora, que atendeu à primeira ligação, mas desligou e bloqueou Rodolfo ao ver que o microfone dele estava mudo. "Eu fiquei em choque. Ela estava com um avental, não sei se estava cozinhando, e ficou falando: 'Hello? Hello?'. [...] Ela desligou porque meu microfone não funcionava e me bloqueou."

Rodolfo não desistiu: criou um novo perfil e voltou a adicionar a cantora, que aceitou o novo pedido e atendeu mais uma ligação — e várias depois dessa. "A gente conversou no total umas oito vezes. [...] Os assuntos eram sempre coisas à toa, coisas do dia a dia. 'O que você fez hoje?'. E ela perguntava de mim também. Teve uma ocasião em que ela me ligou e eu quase morri."

Rodolfo Franco em uma das conversas por vídeo com Amy Winehouse
Rodolfo Franco em uma das conversas por vídeo com Amy Winehouse Imagem: Arquivo pessoal/Rodolfo Franco

Em conversas que duravam em torno de cinco minutos, Amy compartilhava partes de seu cotidiano com Rodolfo e chegou a convidá-lo a visitá-la em Londres. "Uma vez, falei pra ela que queria muito conhecer Londres, que era meu sonho. Ela disse que eu poderia ir pra lá e poderíamos sair juntos, só que eu teria que beber suco de laranja."

Na época, eu tentava lidar com isso da forma que ela queria. Ela queria ser tratada como uma pessoa normal, conversar à toa com uma pessoa no Brasil. Eu tentava transparecer isso e acabava realmente conversando com ela naturalmente. Eu vou fazer 30 anos esse ano e, quase 15 anos depois, vejo quão surreal é isso. Rodolfo Franco

Rodolfo diz que a cantora só não reagiu bem quando ele perguntou sobre Blake Fielder-Civil, ex-marido de Amy, quando ela estava alcoolizada. "Eu pequei por perguntar isso pra ela em um dia em que ela não estava bem e tinha bebido. Ela ficou visivelmente brava e falou que eu não tinha direito de citar o nome dele, que era o melhor amigo dela. Foi a única situação ruim, mas as outras foram incríveis. Ela atendia plena, com um sorrisão."

O adolescente jogava Pet Society com a cantora pelo Facebook, e chegou a receber "mimos" de Amy no joguinho. "Ela amava um jogo que chamava Pet Society, que era de ficar montando casinha de gato. Eu entrei nesse jogo por causa dela, e ela ficava me mandando os presentes. Era coisa de matar o tempo mesmo, sabe? [...] Ela gostava mesmo, porque ela comprava algumas coisas que você tinha que pagar para ter acesso [no jogo]." Ela usava o nome "Shirley Baxter" em seu perfil pessoal.

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Rodolfo foi a turnê de Amy pelo Brasil em 2011

Apesar de já ser "amigo virtual" da cantora e ter ido ao show dela em Florianópolis, Rodolfo não conheceu Amy pessoalmente na passagem pelo Brasil em janeiro de 2011. "Óbvio que eu queria encontrá-la pessoalmente, mas ela já não estava entrando tão regularmente assim no Skype e eu também não sabia como chegar até ela, por meio de assessor... Nossa última conversa foi em 2011, quando ela estava no hotel no Rio de Janeiro."

Em julho daquele ano, Rodolfo foi surpreendido pela notícia de que Amy foi encontrada morta em seu apartamento de intoxicação por álcool. "Eu fiquei mal de pensar que, apesar de toda a recuperação, não deu certo. Eu fiquei bem triste na época. Acho que poderia ter sido diferente."

Rodolfo Franco tatuou autógrafo de Amy no braço para gravar história com a cantora
Rodolfo Franco tatuou autógrafo de Amy no braço para gravar história com a cantora Imagem: Reprodução/Instagram @rodolfoffranco

A relação da cantora e a morte de sua cunhada por leucemia no ano passado fizeram com que ele ressignificasse sua relação com o álcool. Rodolfo diz que, após a morte da cunhada, passou por um período difícil e começou a beber mais, tentando "anestesiar" a dor da perda. Ele decidiu parar de beber de vez em dezembro e, em memória dela, lançou o projeto "Medula e Vida" para conscientizar o público sobre a doação de medula.

Hoje, Rodolfo leva a breve amizade com Amy gravada na pele: tatuou o autógrafo da cantora no braço. A relação de Rodolfo com a artista também está fazendo sucesso nas redes sociais: um vídeo em que ele conta a história de como conheceu Amy já acumula mais de 25 mil visualizações e 300 comentários no TikTok.

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