Tiros, perseguição, gravação em favela: as difíceis cenas de ação de 'Dom'
A série "Dom" mantém seu DNA ao chegar à terceira e última temporada: narra o último grande assalto de Pedro Dom, o "bandido gato", com muitas cenas de ação e drama — antes de sua morte. Os oito episódios serão disponibilizados amanhã (24) pela Prime Video.
Tiro, porrada e bomba
Dom tenta viver como um homem livre ao lado de Jasmin (Raquel Villar) e da filha recém-nascida, mas a dívida com o chefe do tráfico da Rocinha e a polícia em sua cola não permitem. Mais uma vez, o bandido precisará se arriscar e fazer o seu maior e mais arriscado assalto até então. Seu pai, Victor (Flávio Tolezani) começa uma batalha contra o câncer — ao mesmo tempo em que tenta encontrar salvação para o filho.
A sequência em que Dom é perseguido e interceptado pela polícia em um túnel do Rio de Janeiro aparece nas três temporadas — e foi gravada em três momentos diferentes. "A gente teve que se adequar as mudanças do túnel ao longo desse tempo. Foi muito complicado", diz o diretor Adrian Teijido — que divide o posto com Vellas.
É uma sequência muito grande e num dado momento da temporada a gente sempre ia para ela. Foram, sempre, as últimas cenas a serem filmadas por conta de toda a complexidade de fechar um túnel durante horas. E a gente tinha responsabilidade da continuidade dela, montando pedaços, mas com uma distância de anos entre cada filmagem.
Gabriel Leone
Outra cena difícil de ser gravada foi uma invasão policial na Rocinha atrás de Dom, contam os diretores. Para realizá-la, foi preciso um trabalho de pós-produção — afinal, tem muito tiro, figurantes e até um helicóptero. "A gente começou filmando na Rocinha e depois terminou em outras duas comunidades. É bem complexo filmar porque tem muita figuração, muita gente que você não pode mostrar e uma complexidade geográfica", assegura Teijido.
Tolezani afirma que as cenas de ação são complexas porque os atores tem menos controle do que está acontecendo. Na série, o Victor aparece em flashbacks na Amazônia colombiana — que foi gravada, na verdade, no Alto da Boa Vista, no Rio. "Tem cena com helicóptero. É um agravante de complexidade. Para você levantá-lo, demanda uma autorização cada vez. Se você não estiver pronto na hora da autorização, a cena cai. O Victor tem flashbacks cheios de ação."
'Tragédia e momentos emocionantes'
Apesar do fim trágico, Gabriel Leone enfatiza que a temporada também é repleta de momentos que emocionam. "Por ser baseado em fatos reais, o desfecho já está anunciado desde sempre. A gente tá contando como as coisas se desenrolaram até chegar nessa tragédia. Ao mesmo tempo em que a temporada é mais urgente e intensa que nunca, ela tem um caráter de amadurecimento do Pedro, um espelhamento dele com o pai. Pedro vira pai e começa a entender o Victor de alguma forma."
Coloca o objetivo de exercer a paternidade, só que para isso ele teria de conseguir sair daquele emaranhado que se meteu. Tem tragédia, tem toda a parte pesada da história, mas, ao mesmo tempo, momentos bonitos e emocionantes entre os personagens.
Gabriel Leone
A série narra que Victor permaneceu ao lado do filho até o final. Na conversa com Splash, Tolezani conta como a paternidade — ele é pai de uma menina de sete anos — influenciou na criação do personagem. "A ferramenta que a gente tem é o nosso corpo e a nossa vivência... Se eu não fosse pai, eu teria que buscar de outra forma, talvez o resultado fosse outro. Ao ler o roteiro, já entendia muita coisa daquele sentimento, emoção e relação [entre pai e filho].
Já Raquel Villar olhou a realidade de outras meninas pretas para criar Jasmin — personagem que vira mãe na terceira temporada. "Vi alguns documentários, como o 'Funk Rio 1994', que traz depoimentos de algumas jovens, 'Sonhos Roubados' também é um filme interessante para ver as meninas na favela. Para poder chegar na Jasmim sem estereótipos. Para mim, era importante porque você já viu essa personagem em alguns lugares."
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