Parada do Orgulho LGBT+ quer ressignificar verde e amarelo em 2024
A 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo quer ressignificar o uso das cores verde e amarelo, que ao longo da última década foram associadas à direita, ao ocupar a Avenida Paulista no próximo dia 2 de junho.
A inspiração veio do show da Madonna, no início do mês, quando a rainha do pop e a cantora Pabllo Vittar dividiram o palco usando as cores da bandeira nacional. A drag queen, inclusive, será uma das atrações da Parada, ao lado de Glória Groove, Banda Uó e mais artistas.
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O tema "Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo" dá o tom político do evento. Segundo os organizadores, ele é um convite para o público refletir sobre a importância do "voto consciente" e a busca por representantes preocupados com a diversidade.
Ainda hoje somos milhares, estamos em todos os lugares. Antes de rótulos, nós estamos e fazemos parte da sociedade. Ao longo dos anos, os temas também foram clamores. Somos seres políticos. Por isso, nessa edição, escolhemos um tema que vai além da festa. Um tema que convoca cada um a refletir sobre o voto consciente e crítico. Só assim mudaremos esse cenário caótico. Quero encorajar todos a trazerem as cores da bandeira nacional. Não vamos permitir que o símbolo de inclusão seja sequestrado. Nelson Matias, presidente da ParadaSP
Jornalista Lisa Gomes, que apresentou o evento de lançamento da 28ª edição ao lado de Fefito, reforçou a importância do resgate à bandeira neste momento.
Na verdade, eu acho que estava mais que na hora de a gente recuperar as cores da nossa bandeira. E esse é o propósito da Parada esse ano. Eu vejo que as nossas políticas públicas estão voltando, sim. A gente está tendo mais espaço, mais oportunidade, por conta, óbvio, da gente ter recuperado toda a nossa liberdade, em primeiro lugar. Lisa Gomes, em conversa com Splash
Gomes também destacou a importância do legislativo para a construção de políticas públicas.
A nossa bancada hoje, lá em Brasília, que é tomada boa parte também pela comunidade evangélica, nos detonam, porque eu fui uma pessoa muito detonada pela comunidade. O que eu posso falar desse atual governo é que a gente está tendo a oportunidade de ser livre, coisa que a gente não teve no governo passado. Me vejo hoje com a possibilidade de construir a família que eu queria construir. Lisa Gomes, em conversa com Splash
Propostas anti-LGBTQIAP+
Em 2023, segundo levantamento do jornal O Globo, havia ao menos 68 propostas de leis em tramitação no Congresso Nacional, estados e municípios que reproduziam preconceitos contra a comunidade. Políticos do PL e do Republicanos lideram o ranking de iniciativas anti-LGBTQIAP+ pelo país.
O STF decidiu, em 2019, que casos de homofobia e transfobia se aplicavam na lei que trata do racismo, fazendo, assim, com que a homofobia seja considerada crime. À época, o texto aprovado dizia que a decisão valeria enquanto o Congresso não criasse leis específicas para o tema - o que não aconteceu até hoje.
Não há como negar a jurisdição a todos a quem foi negado às vezes o direito à vida, na maioria das vezes o direito à liberdade e à dignidade, pela ausência de uma legislação ainda 30 anos depois do início de vigência desta Constituição. Carmen Lúcia, ministra do STF, quando votou em 2019
ParadaSP
Em uma mudança em relação aos anos anteriores, a Parada 2024 irá sair pelo lado ímpar da Avenida Paulista, por causa das obras do metrô.
A Parada do Orgulho LGBT+, que saiu às ruas pela primeira vez em 1997, hoje é considerada a maior do mundo. A APOLGBT-SP é a associação responsável pela organização do evento.
Edição 2023 reuniu 3 milhões de pessoas, segundo estimativa divulgada pela ONG. No ano anterior, o evento recebeu cerca de 4 milhões. No ano passado, a parada foi marcada pela presença de autoridades e defesa do tema: "Políticas Sociais para LGBT+ - Queremos por inteiro e não pela metade".
Serviço
28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
Quando: 2 de junho
Horário: a partir das 10h
Onde: Avenida Paulista - São Paulo