No Doce Maravilha, Buchecha prova que funk é clássico: 'Patrimônio nosso'
Difícil imaginar funks com letras como "toma, toma" e "sentadona" acompanhadas de violino e trombone, mas ao tocarem juntos no Doce Maravilha (RJ), a Nova Orquestra, os funkeiros Buchecha e Deize Tigrona e o DJ Gabriel do Borel mostraram que o ritmo popular também é clássico.
"Achei chique" comentou uma fã durante a apresentação de Deize Tigrona.
Foi a quinta vez que Buchecha cantou com uma Orquestra. Ao Splash, ele observa que "isso quebra os paradigmas e preconceitos". "O funk é patrimônio nosso e dá para fazer esses encontros", o cantor pontua.
O maestro Eder Paolozzi diz estar acostumado a unir os dois. "Tira a gente um pouco do que está acostumado", ele pondera, defendendo em seguida que orquestra combina com qualquer gênero.
"A orquestra é um instrumento clássico. Mas podemos tocar qualquer coisa. Ela está a serviço do funk."
Ao se encontrar com o funk da nova geração como Gabriel do Borel, Buchecha diz que aprende da "gíria que eles falam" ao jeito de "não ligarem pra nada".
"Eu acho que a gente tem que ser um pouco assim, né? Claro que com responsabilidade. Já não sou um garoto. Mas às vezes eu sou muito caxias em tudo, e a gente não sabe se vai estar aqui amanhã, então acho que a gente tem que se permitir um pouquinho, deixar um pouco essa vida me levar, meio Zeca Pagodinho".
Falando em nova geração, Buchecha adianta que está preparando EP só com vozes femininas como Lexa e Pocah. "As mulheres tiveram que batalhar muito para alcançar o seu espaço. A gente ainda tem muita coisa para ver a equidade, mas a gente vai chegar lá. Acho que já avançamos e ao invés de reclamar, acho que a gente tem que arregaçar as mangas e fazer acontecer. E o funk vai seguir junto", torce ele, que estará no Rock in Rio com Tati Quebra Barraco e outros nomes do funk.