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Caminhada de mulheres lésbicas quer 'dedo na ferida' do lesbocídio

Enorme bandeira do arco-íris é exibida na Parada do Orgulho Gay em Reykjavik, Islândia; LGBT; gay; homofobia; transfobia; lésbica; lesbianismo; direitos civis; igualdade Imagem: Getty Images

Bruna Calazans

Colaboração para Splash, em São Paulo

31/05/2024 12h00

Para dar início ao Mês do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em junho, acontece a 22ª edição da Caminhada Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo. O evento será no próximo sábado (1º), na Praça da República, reivindicando o fim do lesbocídio e bifobia. Segundo Andreia Teixeira, coordenadora de história e memória da caminhada, a intenção de ter um evento separado da Parada do Orgulho LGBTQIA+ é promover a visibilidade para a causa lésbica. "Nós sempre promovemos outros movimentos em busca dessa visibilidade e se destacar no meio dessa multidão. Geralmente, sempre há um foco maior no homem gay, mas o movimento é diverso".

No topo deste pedido por visibilidade estão os nomes de Carol e Luana, que foram assassinadas brutalmente em um crime de lesbocídio —termo usado para designar a violência contra mulheres lésbicas. "Chegamos neste tema após o Dossiê do Lesbocídio indicar que as mulheres que mais sofrem violência são periféricas, negras e que não perfomam feminilidade", explica Sheila Costa, coordenadora de comunicação da caminhada.

O dossiê em questão foi lançado em 2018 pelas pesquisadoras Suane Felippe Soares e Milena Cristina Carneiro Peres e aponta que, entre os anos 2014 e 2017, houve um aumento de mais de 237% no número de mortes de mulheres lésbicas no país.

Relembre os casos

O caso de Luana Barbosa aconteceu em 2016, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e ganhou repercussão nacional. No caso, ela foi brutalmente espancada e morta pela Polícia Militar da cidade. Ela teria recusado ser revistada por três policiais do 51º Batalhão da PM, exigindo a presença de uma policial feminina. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a morte dela foi em decorrência do espancamento.

A morte de Luana inspirou a criação de um projeto de lei que estabelece o dia 13 de abril como o Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio. Ele ainda está em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

A morte de Ana Caroline Sousa Campêlo também faz parte do tema da caminhada de 2024. Ela foi morta de forma violenta em dezembro de 2023, em Maranhãozinho, município localizado a 232 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. Ela desapareceu depois de voltar para o trabalho e, durante o crime, teve a pele do rosto, couro cabeludo, olhos e orelhas arrancados. Na época, Cida Gonçalves, chefe do Ministério da Mulher, classificou o ocorrido como lesbofobia. "Recebi com dor e revolta a notícia do crime bárbaro que interrompeu a vida de Ana Caroline Sousa Campêlo, 21 anos, no último domingo, em Maranhãozinho, no Maranhão, onde ela ia morar com a namorada. Um crime de ódio contra as mulheres: lesbofobia", escreveu nas redes sociais.

Apesar do tema denso, as organizadoras da caminhada desejam que o público tenha um espaço seguro. "Queremos que seja um ambiente saudável e de alegria", reforça Sheila. Para ela, é importante que todos os integrantes da comunidade LGBTQIA+ se sintam bem-vindos no evento, mas sonha em que a "maioria seja de mulheres lésbicas e bissexuais".

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