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OPINIÃO

Em seu 2º disco, 'Salve-se!', Bebé Salvego propõe pista de dança reflexiva

A cantora Bebé Salvego, que lança seu segundo álbum, 'Salve-se!' Imagem: Wallace Domingues/Divulgação

Adriana de Barros

Colaboração para Splash, em São Paulo

03/06/2024 13h15

Em tempos de curtidas, visualizações, algoritmos e feats em busca de números, Bebé Salvego chega na contramão como um acalento para quem gosta de dar apenas um play para percorrer uma narrativa diversa proposta por um álbum. Não que ela não mereça muitos likes, ouvintes nas plataformas e shows lotados.

Claramente, o pop eletrônico de "Salve-se!" tem potencial para todos esses objetivos, mas distante da ansiedade gerada pela busca do sucesso imediato. Ele chega mostrando o primoroso mergulho da jovem artista em pesquisas de beats modernos que dão match imediato com o timbre memorável e sedutor de sua voz.

Apesar de carregar o jazz em seu DNA, as 10 faixas que compõem o segundo álbum da carreira perpassam pela música negra e gêneros que dialogam perfeitamente com os ritmos presentes nas playlists de sua geração. A jovem artista de 20 anos propõe uma pista de dança "reflexiva" guiada por temas que abordam o amor, a coragem, a superação de conflitos e, sobretudo, o autoconhecimento.

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O pop eletrônico "Recado Dado", em parceria com Dinho Almeida, do Boogarins, apresenta um mundo simples com novas perspectivas para a vida e formas suaves de relacionamento. Aliás, a mesma maneira proposta na audição do álbum oferecida, na semana passada, em um estúdio na zona oeste de São Paulo, na presença de pessoas que chegavam como se fossem velhos conhecidos uns dos outros. Além dos ritmos, Bebé também parece trazer consigo a leveza para esses momentos que vão além da música.

Bebé Salvego mistura house, indie, R&B, funk, trap, pagode e jazz em 'Salve-se!' Imagem: Wallace Domingues/Divulgação

Escolhida para ter o primeiro videoclipe de "Salve-se!", a faixa hit "Assome" é um R&B com elementos de pagode que imprimem a dualidade de um amor intenso e a distância saudável que favorece o bem estar nas relações. O refrão "se afasta de mim mas por favor não some" transforma-se em mantra que pode durar por horas e, talvez, até dias na mente. E por que não na vida? Como diz Bebé na intro do álbum: "Quem vai me salvar a não ser eu mesmo?".

Assista ao vídeo da música 'Assome', de Bebé Salvego

Com participação do rapper fluminense BK', "De Ponta Cabeça" — a propósito, a posição que Bebé está na foto da capa — explora elementos do trap enquanto discursa sobre o desapego e o desafio em abandonar as relações que causam choro e distanciamento.

Veja a capa do álbum "Salve-se!"

Voltemos a falar da voz de Bebé. Sim, ela segue como protagonista ao longo do álbum como um instrumento que desperta a consciência para dar atenção aos sentimentos sob uma perspectiva esperançosa e real.

Na sensual "Gelo", a cantora dá um chega pra lá nos modelos protocolares de comportamento e escancara seus desejos como potência da mulher contemporânea.

A "pista de dança reflexiva" é tomada pelo dark trap "Day Bye Day", cuja letra relata o duelo entre a rápida passagem do tempo como agente de aceleração das vivências e o desânimo da existência. Mas é "Novas ideias/Pq no Puedo¿" que ela se mostra disposta a viver um novo momento. Há até trechos cantados em espanhol e, neste momento, a poesia apresenta uma Bebé totalmente entregue.

E a responsável por apagar as luzes da pista é "Eu Quero Viver". Neste caso, no entanto, as luzes da pista de pop eletrônico permanecem acesas. A canção com aura de soul é uma resposta a "Sol", música do projeto de estreia da artista, lançado em 2021. Nela, a artista enxerga o equilíbrio do amor próprio e se conforta com as próprias sombras.

Aquela voz que me assustou/não escuto mais/o brilho vem, como mil sóis/na sombra se desfaz. Trecho de "Eu Quero Viver", de Bebé Salvego

A cantora Bebé Salvego, que lança 'Salve-se!' Imagem: Wallace Domingues/Divulgação

Em "Salve-se!", Bebé trabalha ao lado do renomado produtor musical Sérgio Machado Plim e assina como co-produtora deste segundo álbum da carreira.

Se há quase uma década Bebé Salvego foi aplaudida de pé pelos técnicos do "The Voice Kids" após sua apresentação de "I Can't Give Anything But Love", hoje ela mostra que o caminho está muito sólido, bem pavimentado, que ela descobriu ainda muito criança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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