'Não há cura para quem não está doente': debate é promovido na Parada LGBT+

Membros dos conselhos regionais e federais estiveram na 28ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ neste domingo (2) como parte de um movimento de inclusão e diversidade. Eles também se reuniram em outros eventos, como a Marcha do Orgulho Trans e a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais. A bandeira levantada —além da colorida— foi a de que "não há cura para quem não está doente".

Rafi Nóbrega Andrade, que atua como conselheiro estadual dos direitos LGBTQIA+ do Rio de Janeiro, reforçou que a presença da psicologia na semana da diversidade é para celebrar os 25 anos da Resolução 01/99. O CFP formalizou o entendimento de que, para a psicologia, a sexualidade é parte da identidade de cada sujeito, e não constitui como doença ou perversão. "A psicologia despatologizou as identidades homossexuais. E isso foi o que abriu precedentes para outras leis e direitos que temos hoje em dia", reforça. Para ele, a profissão acabou se tornando um dos grandes aliados na comunidade, tendo agido de forma pioneira, "até mesmo antes da OMS"

A bandeira levantada pelos membros dos conselhos regionais e federais foi a de que 'não há cura para quem não está doente'
A bandeira levantada pelos membros dos conselhos regionais e federais foi a de que 'não há cura para quem não está doente' Imagem: Bruna Calazans/ UOL

Apesar do 25º aniversário da Resolução, Óttoni Rodrigues, psicólogo de Goiás que estava em São Paulo durante a ação, acredita que o cenário ainda é de luta. "À medida que as coisas vão evoluindo, não permanecemos em linha reta. Demarcar que não se trata de uma doença, reforçar isso para a sociedade, é um peso muito grande", disse. Ele é um homem trans e descreve o estado em que vive como "conservador e preconceituoso". Contra isso, ele usa a psicologia como escudo. "Eu acredito no peso que a minha profissão tem para garantir a qualidade de vida da população trans e de toda a comunidade LGBTQIA+."

A escolha de incluir a pauta dentro da Parada LGBTQIA+ não foi em vão. O grupo, formado por cerca de 20 pessoas, se reuniu na frente dos principais trios para tirar dúvidas, conversar e carregar a frase-grito-de-guerra em bandeiras. Rafa Moon, psicóloga do Piauí, argumenta que o evento não é apenas um local de celebração. "Uma parada como essa não é apenas uma festa, não é apenas um Carnaval. É um ato político para dizer que a gente existe".

A profissional conclui o objetivo da campanha como uma forma de manter a psicologia como aliada na luta da comunidade LGBTQIA+. "Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso com a democracia, com a despatologização das identidades homossexuais, transgeneridade e assim como todas as outras identidades e interseccionalidades. As pessoas precisam entender que a gente existe e não estamos doentes. A gente não sofre por ser LGBT, mas sim porque a sociedade é capacitista, racista, homolesbofóbica."

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