Conteúdo publicado há 6 meses

Parada LGBT+: público conta primeira vez que andou de mãos dadas sem medo

Seguindo o trio elétrico de um cover da Xuxa na Parada LGBT+ de São Paulo, neste domingo (2), Augusto César, 28, analista de marketing, está vestido com uma sunga e um chapéu de cowboy.

Ele beija o seu namorado, Isac Macedo, 23, treinador comercial, que está usando uma camiseta da seleção brasileira.

"Eu não quero mais ter medo. A primeira vez que andei de mãos dadas na rua, quase me agrediram, sabe? Até hoje eu me pergunto por que o meu amor incomoda?", analisa Augusto.

"Eu sou um cara preto e periférico. Infelizmente, é um lugar difícil de ser gay abertamente. A primeira vez que beijei alguém em público foi na Parada há três anos. Parece trivial, mas não é", diz Isac.

Os números da violência comprovam que realmente não é um ato qualquer mostrar afeto em público para as pessoas LGBT+.

Amigos curtem a Parada LGBT+
Amigos curtem a Parada LGBT+ Imagem: Alexandre de Melo/UOL

O Brasil é o país que mais mata LGBT+ no mundo, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Gays são espancados até a morte simplesmente pelo fato de serem quem são ou por demonstrarem afeto com parceiros(as) em público.

Por isso, quem participou da 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo notou de forma singular a manifestação de afeto.

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Elise Helena, mulher trans, e sua amiga Taiana Nunes, 40, analista de qualidade
Elise Helena, mulher trans, e sua amiga Taiana Nunes, 40, analista de qualidade Imagem: Alexandre de Melo/UOL

"Eu não fico com ninguém na Parada. Não me sinto segura aqui também, infelizmente. A Parada é maravilhosa e eu me sinto muito feliz, mas é um lugar pra gente se mostrar como corpos políticos", afirma Elise Helena, 27.

Ela conta que por ser uma mulher trans, algumas pessoas buscam se relacionar com ela de forma sigilosa.

"Há alguns poucos anos tive o primeiro namorado que me apresentou para a família e para amigos e foi uma situação que eu me emocionei. Eu merecia esse reconhecimento. Hoje, sempre 'entrevisto' meus pretendentes para saber se querem algo legal ou apenas me entendem como um fetiche", explica.

Usando uma regata da seleção brasileira, Maycon Legri, 28, advogado, lembra que conseguiu demonstrar carinho com 19 anos. "Antes de mostrar nos lugares, eu sai do armário e mostrei um beijo nas redes sociais. Perdi muitos seguidores. Mas falar nas redes me deu a força que eu precisava para ser quem eu sou em todos os lugares, inclusive aqui na Parada", conta.

Fami?lia de Lucas Aguiar e Maycon Legri
Fami?lia de Lucas Aguiar e Maycon Legri Imagem: Alexandre de Melo/UOL
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O seu namorado, Lucas Aguiar, 30, bancário, diz: "Na verdade, a gente ainda tem medo, sabe? No caminho aqui da Parada um cara me empurrou e disse 'sai daqui', por nada".

"Melhorou muito, mas ainda temos medo de andar de mãos dadas. Por isso, a Parada é tão Importante. Para garantir o nosso direito de ser e amar", completou.

O casal estava acompanhado da família. Os nove membros usavam camisetas da seleção brasileira, atendendo o pedido da cantora Pabllo Vittar.

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