Pianista mais famoso do mundo, Richard Clayderman inicia turnê pelo Brasil
A não ser por algum ermitão que viva isolado numa ilha, é praticamente impossível que haja um ser humano "virgem" de Richard Clayderman.
Com pinta de príncipe, o pianista francês, do alto de seus recém-completados 70 anos, é um dos artistas que mais venderam discos no planeta e intérprete de uma das músicas instrumentais mais famosas de todos os tempos, "Ballade pour Adeline".
Celebrando 45 anos de carreira, Clayderman se apresenta nesta quinta (6) em São Paulo e depois segue para shows em Curitiba (7), no Rio de Janeiro (8) e em Belo Horizonte (9).
Foi pesquisando para a entrevista exclusiva dada a Splash na última quarta (29) que descobri o que muitos fãs já devem saber. Richard não é Richard, tampouco é Clayderman.
O instrumentista nasceu como Philippe Pagès em 28 de dezembro de 1953, em Paris, e seu nome artístico foi uma sugestão de seus produtores musicais Olivier Toussaint e Paul de Senneville, que escolheram o jovem aspirante a músico para gravar a açucarada "Ballade pour Adeline", em 1976.
Relembre "Ballade pour Adeline":
A gravação da música, composta por De Senneville para celebrar o nascimento de sua segunda filha, foi um divisor de águas na vida do músico, que, na época, se dividia entre um trabalho diurno como caixa de banco e, eventualmente, tocando como banda de apoio de músicos como Johnny Hallyday e Thierry le Luron.
Ao ser escolhido entre outros 20 pianistas que passaram pela audição, "graças a seu toque suave, boa técnica e bela aparência", segundo Toussaint, o jovem foi orientado pelos produtores a trocar seu nome de batismo por uma alcunha mais potente e internacional. Nascia Richard Clayderman e seu primeiro álbum, homônimo, puxado pelo sucesso instantâneo de "Ballade pour Adeline".
Foi um estouro de vendas. O single com a faixa vendeu de cara 22 milhões de cópias em 38 países. Em 19 compassos, com o início sedutor marcado por arpeggios, o pianista conquistou o coração e jantares a luz de vela pelo mundo agora em pleno auge da disco music.
Veja a capa do disco de estreia de Richard Clayderman:
Essa música mudou minha vida. Foi a minha primeira gravação e se tornou um sucesso fenomenal. É uma melodia que tocou o coração das pessoas, uma melodia simples, não muito difícil, mas quando interpretada com muita emoção, é uma melodia que é capaz de emocionar. E devo dizer que essa melodia mudou minha vida, porque eu não pensava em fazer carreira como pianista pelo mundo, não pensava em ser tão conhecido. Richard Clayderman
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Quero receber"Mesmo agora, quando a toco no palco, seja em versão solo de piano, seja com um conjunto de cordas, seja com uma grande orquestra, as emoções ainda estão lá", confidencia, num tom de voz calmo de quem já passou dos 100 milhões de discos vendidos na carreira.
Motivado a tocar piano pelo pai, acordeonista profissional, aos 12 anos Clayderman foi aceito no Conservatório de Paris, onde ganhou seu primeiro prêmio aos 16 anos e por onde se graduou.
Crescendo em um lar musical, o jovem Philippe foi exposto a uma variedade diversificada de gêneros musicais, do clássico ao contemporâneo. Durante a entrevista, descubro que as referências vão do jazz à bossa nova.
"Apesar de não ser meu estilo, tenho muita admiração por músicos como Herbie Hancock, Chick Corea, Pat Metheny. Como não tenho tempo de ir a shows ao vivo, sou um grande consumidor de concertos em vídeo, e meu estilo preferido é o jazz-rock", diz. Pergunto, então, sobre sua relação com a música brasileira, e a resposta não chega a surpreender.
Ah, bem, o Brasil, eu gosto é de tudo. Sou fã de e sempre gostei de Toquinho e Vinicius de Moraes, e também de Antônio Carlos Jobim. Mesmo que não seja o meu estilo de música, eu aprecio muito, especialmente as harmonias, as melodias. As letras, eu sei que são belas, mas como não entendo nada de português, são principalmente as melodias e a riqueza das harmonias que gosto na música brasileira. Richard Clayderman
Em suas inúmeras vindas ao país, ele se habitou a ser recebido por um público "extremamente caloroso e musical".
Listado no Guinness Book como o pianista mais bem-sucedido do mundo, com mais de 1.300 músicas gravadas, 267 discos de ouro e 70 de platina, quis saber o que faz com que ele saia de casa para fazer exaustivas turnês e práticas diárias que vão de duas a quatro horas todos os dias.
É extraordinário para um instrumentista, para um pianista, poder alcançar isso, poder visitar o Brasil, a América do Sul, América do Norte, Ásia, sempre tocando. Então, mesmo depois de 45 anos de bons e leais serviços, ainda estou muito feliz em me apresentar no palco e isso também me mantém em forma. Richard Clayderman
Não resisti à curiosidade de saber o que essa máquina de gravar músicas doces pensa sobre o crescente uso da inteligência artificial na produção musical.
Eu tento ver o lado bom, tento. Mas o que as pessoas gostam é de música ao vivo. Então é preciso que os compositores tragam suas emoções, suas sensibilidades. A IA pode ser uma coisa boa em alguns aspectos, mas eu penso que isso nunca substituirá os músicos, nunca substituirá os compositores, nunca. Mas se um dia eu escutar uma música feita por máquinas e achar boa, vou ser o primeiro a aplaudir. Richard Clayderman
Palavra de quem conquistou a façanha de lotar estádios pelo mundo usando um único instrumento, seu fiel escudeiro piano de cauda.
Para terminar, falamos do romantismo de suas músicas, se isso vem de sua personalidade.
Sou totalmente apaixonado pelo que faço e acho que posso me considerar um romântico, sim. Mesmo sendo fã de jazz e de música pop, o que eu gosto de tocar são melodias bonitas e de certa forma que sejam populares. É disso que eu gosto. Richard Clayderman
Aos fãs que se perguntarem se haverá alguma música brasileira no repertório, alerta de spoiler: a resposta é não. "Não deu tempo de preparar nada específico para o Brasil", diz. Mas sempre haverá uma próxima vez.
Richard Clayderman
- São Paulo
Quando: 6/6, às 21h30
Onde: Espaço Unimed (r. Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo, SP)
Quanto: de R$ 125 (meia, setor I) a R$ 500 (camarotes)
Ingressos à venda no site da Ticket360.
- Curitiba
Quando: 7/6, às 21h
Onde: Guairão (r. Conselheiro Laurindo, 175, Centro)
Quanto: de R$ 250 (setor, 2º balcão B) a R$ 500 (plateia VIP)
Ingressos à venda no site da Disk Ingressos.
- Rio de Janeiro
Quando: 8/6, às 20h
Onde: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (pça. Floriano, S/N - Centro)
Quanto: de R$ 130 (meia, galeria) a R$ 500 (plateia, inteira)
Ingressos à venda no site da Ticket360.
- Belo Horizonte
Quando: 9/6, às 20h
Quanto: de R$ 175 (meia, plateia superior) a R$ 500 (inteira, plateia 1)
Onde: Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537)
Ingressos à venda no site da Eventim.
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