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Interpol vai tocar primeiros discos na íntegra: 'Nunca fizemos algo assim'

Daniel Kessler, do Interpol, em apresentação em Atlanta (EUA) no dia 3 de maio de 2024 Imagem: Scott Legato/Getty Images

Gustavo Brigatti

Colaboração para Splash, em São Paulo

04/06/2024 04h00

Turnês celebrando aniversários de discos são lugar-comum no rock. Todos os anos, alguma banda bota o pé na estrada homenageando aquele trabalho emblemático que mudou tudo. Os americanos do Interpol também resolveram fazer isso, mas dobraram a aposta: vêm ao Brasil executar não um, mas dois álbuns inteiros.

Um ano depois de ser headliner no Primavera Sound São Paulo, o trio nova-iorquino retorna para três shows em junho — dias 5 no Rio de Janeiro e 7 e 8 na capital paulista. Dessa vez, porém, tocando "Turn on the Bright Lights" (2002) e "Antics" (2004), seus primeiros e mais celebrados discos.

Os dois trabalhos encerram o DNA do Interpol: letras intimistas e melancólicas, levadas por guitarras atmosféricas, linhas de baixo proeminentes e a voz de barítono do vocalista Paul Banks. Não à toa, lideraram o revival do pós-punk na primeira metade dos anos 2000, junto de bandas como Editors e She Wants Revenge — além de encabeçarem a explosão do indie rock (leia mais abaixo).

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Mas tocar seus dois primeiros discos, como será feito na atual turnê brasileira, é algo completamente novo para o grupo, como afirma o guitarrista e fundador Daniel Kessler. "Nunca fizemos algo assim antes, em lugar nenhum", comenta, em entrevista a Splash.

Vimos que os dois discos fazem aniversário bem próximos, daí olhamos para o calendário e pensamos que seria uma ótima oportunidade voltar ao Brasil e tocar esses álbuns do início ao fim. Daniel Kessler, guitarrista do Interpol

Daniel Kessler, guitarrista do Interpol, durante show nos EUA em 2019 Imagem: Stephen J. Cohen/Getty Images

Kessler reflete que, claro, muitas das canções do show frequentam o set list do Interpol desde sempre — como "Obstacle 1", "Say Hello to the Angels" e "PDA", de "Turn on…", e "Evil", "Slow Hands" e "Narc", de "Antics". Mas serem tocadas dentro do contexto em que foram pensadas e junto de outras músicas que quase nunca entram em apresentações ao vivo, muda todo o cenário.

Assista ao vídeo de 'Obstacle 1', do primeiro álbum do Interpol

Quando você faz um disco e escolhe a sequência das músicas, você faz isso pensando em como vai ouví-lo. Tocar ao vivo é uma experiência muito diferente. Isso nos obriga a estar realmente presentes e muito focados. Ouvir um álbum e tocar esse álbum na sequência ao vivo são maneiras muito distintas de abordar um show. Daniel Kessler

Kessler espera que essa outra maneira de ouvir a dupla de álbuns seja tão prazeirosa para o público quanto é para ele e seus parceiros, Banks e Sam Fogarino (bateria), tocarem. Mesmo com o distanciamento histórico e outros cinco álbuns lançados desde então, ele segue orgulhoso do início de tudo.

Veja o vídeo de 'Evil', do segundo disco do Interpol

Posso dizer que, quando tocamos 'Untitled', do primeiro disco, eu me emociono muito. Quando tocamos 'Take You on a Cruise' ou 'Romantics', isso me toca profundamente. Tocamos 'Narc' e eu ainda adoro. Ainda gosto de tocar essas músicas e me sinto extremamente lisonjeado que elas ainda ressoem com algumas pessoas. Daniel Kessler

Cena indie dos anos 00

Mais do que o debut do Interpol, "Turn on…" e "Antics" são duas pedras fundamentais para entender o rock dos anos 2000, que emergiu em um contexto em que o rock havia sido dado como morto (de novo). Em um cenário dominado por cantoras pop de umbigo de fora e rappers com problemas maternos, sobrava muito pouco espaço para guitarras — até o estouro da cena de Nova York.

Além do Interpol, a cidade pariu, de uma só vez, outras bandas que definiram o som naquele início de século, como Strokes, TV On The Radio e Yeah Yeah Yeahs. "É incrível que tantas bandas incríveis tenham surgido naquela época. Muitas dessas bandas nem conhecíamos até começarem a chamar atenção", relembra Kessler.

Daniel Kessler, Sam Fogarino, Paul Banks e Brandon Curtis, do Interpol, banda americana que se apresenta no Rio e em São Paulo Imagem: Mark Horton/Getty Images)

Era antes das redes sociais, e a internet não tinha explodido como aconteceria poucos anos depois. Então, era quase como uma última era em que diferentes bandas com coisas em comum podiam estar perto umas das outras sem saber disso. Isso é incrível. Acho que diz muito sobre a sociedade daquele tempo. Daniel Kessler

Interpol

Rio de Janeiro
Quando: 5/6, às 21h
Onde: Vivo Rio (av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo)
Quanto: de R$ 140 (meia, frisa) a R$ 530 (inteira, pista premium)
Ingressos à venda no site da Livepass.

São Paulo
Quando
: dias 7/6 e 8/6, às 21h
Onde: Audio (av. Francisco Matarazzo, 694, Barra Funda)
Quanto: de R$ 215 (meia, pista) a R$ 530 (inteira, camarote)
Ingressos à venda no site da Livepass.

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