Levou sete anos para vender a série 'Euphoria', revela autor na Rio2C
Luiza Souto
Colaboração para Splash, no Rio
05/06/2024 13h46
Na Rio2C, o autor da famosa série "Euphoria", Ron Leshem, disse que levou "não" por sete anos até que sua ideia fosse aceita. Ele ainda entregou que seus amigos, os Irmãos Duffer, enfrentaram as mesmas rejeições com "Stranger Things", outro fenômeno da Netflix.
Uma das principais razões que ele apontou foi o conteúdo ousado da série: "Cada executivo dizia que era muito sombrio", revelou Leshem.
Além disso, havia uma resistência ao formato e estilo inovador que queria implementar. O autor mencionou que muitos produtores não estavam dispostos a arriscar em algo tão diferente das normas estabelecidas.
Todo executivo dizia que a série, por ter personagens adolescentes, deveria seguir as regras dos dramas adolescentes tradicionais, o que não era a minha intenção. Ron Leshem
Leshem também destacou que, na época, havia uma tendência conservadora em Hollywood, o que dificultava a aceitação de projetos que quebrassem convenções: "Achavam que o público não iria aceitar uma série tão radical, especialmente com personagens jovens e temas controversos".
Outra razão mencionada foi a falta de um produtor adequado que compreendesse e defendesse a sua visão. "Foram necessários muitos 'nãos' até encontrarmos um produtor que realmente entendesse o DNA do projeto e pudesse nos apoiar".
Liberdade criativa
Leshem falou sobre a importância de criar uma narrativa autêntica e provocativa. "Eu queria fazer algo que fosse verdadeiro para mim, que refletisse minhas próprias experiências e as de pessoas ao meu redor", disse ele.
Euphoria é uma série que aborda questões difíceis, como vício, identidade e trauma, e eu queria tratá-las com a honestidade e a complexidade que elas merecem. Ron Leshem
O autor também destacou a liberdade criativa que encontrou na televisão. "A televisão me deu a oportunidade de explorar personagens e histórias de uma maneira que seria difícil em outros formatos. Euphoria é um exemplo disso - é uma série que pode ser tanto visualmente impressionante quanto emocionalmente profundo".
Leshem falou ainda do impacto que Euphoria teve no público e na crítica. Segundo ele, receber o reconhecimento e ver como a série ressoou com tantas pessoas foi incrível.
Questionado sobre o processo de criação de Euphoria, Leshem revelou que, inicialmente, a ideia surgiu durante sua observação de jovens em um reformatório juvenil. E também queria romper com a sua imagem de escritor de espionagem e guerra e explorar algo mais pessoal e autêntico: "Eu queria ser o adolescente de 17 anos que não fui".
O autor revelou que sua inspiração veio de filmes como "Trainspotting" e "Requiem for a Dream". Já que ele queria fazer realismo emocional e explorar a trajetória do trauma e como ele molda a vida inteira de uma pessoa.
Leshen explicou ainda que queria explorar a sensação de vazio que adolescentes sentem, e como a liberdade pode ser algo difícil de lidar. "Eu queria criar uma série que fosse sobre empatia. Precisávamos de uma luz dinâmica e colorida, mas sem luz do dia".