'Banda cover': entenda briga de Paulo Ricardo e guitarrista por nome do RPM

O cantor Paulo Ricardo e o guitarrista Fernando Deluqui, únicos restantes da formação original do RPM, disputam na Justiça o direito de usar o nome da banda. Uma nova decisão impediu Deluqui de anunciar o nome do grupo, divulgou nesta quinta-feira (5) o colunista do UOL Rogério Gentile.

O que aconteceu

Briga judicial começou em 2023. Paulo Ricardo entrou na Justiça em julho do ano passado, pedindo que Deluqui parasse de usar o nome e a marca do RPM.

Paulo Ricardo e Deluqui são únicos integrantes originais vivos. O RPM foi fundado em 1984 e, além do cantor e do guitarrista, tem como integrantes originais o tecladista Luiz Schiavon, morto em junho do ano passado, e o baterista Paulo Pagni, morto em 2019.

Paulo está há anos fora da banda. O cantor está afastado do RPM desde 2017, quando avisou o grupo que não faria mais apresentações.

Cantor alega que nova configuração é a de uma banda cover. "Muitos fãs e consumidores acabam por ser enganados. Acreditam adquirir ingressos e produtos do RPM quando em verdade é de outra banda", disseram os advogados de Paulo Ricardo à Justiça, na ação apresentada em julho de 2023. Deluqui é o único da formação original. Hoje, completam a banda os músicos Dioy Pallone, Kiko Zara e Gus Martins.

Decisão favorável a Paulo Ricardo. A juíza Luciana Alves de Oliveira considerou válida a alegação do cantor neste mês e proibiu o uso do nome pela formação atual, alegando "desvalorização da marca".

Não se pode admitir que, na qualidade de cotitular da marca, [Fernando Deluqui] opte por juntar-se a terceiros para pretensa conservação da banda, que já não guarda nenhuma identidade com sua formação original. Juíza na sentença

Guitarrista postou que shows continuam

Defesa de Fernando Deluqui citou contrato. À Justiça, o guitarrista afirmou que um documento de 2011 assinado pelos quatro integrantes originais dá aval ao seguimento da banda com a saída voluntária ou não dos membros.

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Alegação de individualismo de Paulo Ricardo. A defesa ainda afirmou que o ex-vocalista "sempre teve como foco principal o individualismo e sua carreira solo".

Alteração na formação de bandas de rock, nacionais ou internacionais, é algo muito corriqueiro e, por óbvio, as bandas prosseguem com suas atividades e com os nomes pelos quais são conhecidas, sem que isso possa representar qualquer conduta enganosa em relação a seus fãs e ao público em geral. Defesa do músico à Justiça

Publicação do guitarrista Fernando Deluqui no Instagram na tarde desta quinta-feira
Publicação do guitarrista Fernando Deluqui no Instagram na tarde desta quinta-feira Imagem: Reprodução/Instagram/@fernandodeluqui

Deluqui citou banda. Na tarde desta quarta-feira (5), o guitarrista fez uma publicação no Instagram citando o nome do RPM e anunciando shows da banda. "Semana cheia, galera! Amanhã, quinta-feira, show de aniversário de 40 aninhos do RPM", escreveu Deluqui.

"Mentira do século". Em março, o músico também publicou um vídeo para rebater alegações de que o RPM teria acabado porque ele queria ser vocalista junto a Paulo Ricardo. "A mentira do século é que o RPM acabou porque eu queria cantar. Isso é a maior mentira, é ridículo como uma mente consegue pensar em um absurdo desses", afirmou.

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Separações do RPM

Não é a primeira briga do RPM. A banda anunciou a primeira separação ainda em 1987, após fracassos no lançamento de um selo próprio e conflitos entre integrantes. Os músicos retornaram às atividades meses depois, até se separarem novamente em 1989. Seis anos depois, Deluqui se juntou aos Engenheiros do Hawaii.

Idas e vindas durante os anos 2000. Novos conflitos marcaram o retorno da banda em 2001, que se separou no ano seguinte. Em 2007, o RPM lançou um livro sobre a sua história. E quatro anos depois, em 2011, anunciou a gravação de um novo álbum e o retorno aos palcos.

Saída de Paulo Ricardo. Os integrantes originais lançaram um novo álbum em 2014 e permaneceram juntos até 2017, quando Paulo Ricardo deixou o grupo.

Batalha judicial não é novidade. Paulo Ricardo também foi impedido de usar o nome do RPM em 2021, além de regravar músicas da banda e pagar multa de R$ 112 mil. A ação foi movida pelos demais integrantes originais em 2017, usando um contrato de 2007 assinado por todos e em que se comprometeram a não explorar o nome da banda de maneira individual.

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