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Perto de estrear no cinema, Dom Filó expande 'Netflix Negra'

Perto de estrear no cinema, Dom Filó expande 'Netflix Negra' Imagem: Luiza Souto/Colaboração para o UOL-Splash

Colaboração para Splash, no Rio

07/06/2024 14h59

Referência no movimento político-cultural da Black Rio, Dom Filó levará sua história para os cinemas em setembro.

Em um papo com o diretor de "Black Rio! Black Power!", Emílio Domingos, na Rio2C, ele ainda celebra a expansão de sua Cultne, o maior acervo audiovisual de cultura negra da América Latina, considerada a Netflix Negra.

Nosso objetivo é levar essas histórias para um público cada vez maior, aqui no Brasil e internacionalmente. Agora, estamos dialogando também com o mercado africano, expandindo nossa presença e compartilhando a rica história e cultura negra com mais pessoas ao redor do mundo. Dom Filó

No evento, Dom Filó lembra que foi somente aos 17 anos que começou a perceber o racismo de forma mais intensa, ao sair da comunidade onde vivia, no Jacaré, zona norte do Rio. "Entendi que na comunidade negra normatizávamos o racismo."

Naquela época, ele começou a frequentar bailes na zona sul do Rio, até chegar no Clube Renascença, um espaço cultural na zona norte onde os negros sentiam mais acolhimento e que se tornaria central na sua vida. "Era um ponto de encontro para grandes artistas negros e foi ali que minha relação com a música se solidificou", disse.

Surgimento da Black Rio

Dom Filó lembra que foi somente aos 17 anos que começou a perceber o racismo de forma mais intensa Imagem: Luiza Souto/Colaboração para o UOL-Splash

Nos idos dos anos 60 e 70, a música black começou a ganhar força no Brasil, influenciada por artistas como James Brown. Dom Filó passou a organizar bailes soul no Renascença, até surgir a Noite do Shaft, uma espécie de ensaio para a criação das equipes de som Black Rio e Soul Grand Prix.

Nossa parada era ser feliz, porque a dor era muito grande.

Automaticamente, isso despertou a desconfiança das autoridades, que durante a ditadura militar vigiavam os encontros e, às vezes, prendiam seus organizadores, incluindo o próprio Dom.

"Queriam ouvir as conversas porque, além da música, havia discussões sobre consciência racial e resistência", explicou, detalhando em seguida uma de suas prisões: "Eles me colocaram na cadeira e começaram a fazer perguntas absurdas, achando que estávamos tramando algo contra o governo".

História Documentada

Nos anos 80, Dom Filó começou a registrar a cultura negra em vídeo, criando um acervo audiovisual que se tornaria a Cultne, o maior de cultura negra da América Latina.

Criei um acervo de mais de 3 mil horas de imagens que documentam a história contemporânea negra no Brasil.

O projeto evoluiu para uma TV online, que agora está disponível em plataformas como Samsung TV Plus e Pluto TV.

"Continuamos registrando e divulgando a história e a cultura negra, levando essas histórias para um público cada vez maior", afirmou.

"Para nós da comunidade negra, se não tiver excelência, não tem respeito", finalizou.

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