Papel de diabo em 'Grande Sertão' provocou Sterblitch: 'Será que consigo?'
Eduardo Sterblitch, 37, interpreta Hermógenes, o diabo, no filme "Grande Sertão". O humorista é um dos nomes de destaque da releitura da obra de Guimarães Rosa sobre as guerras urbanas ao representar o que há de ruim no mundo.
Descobrimos no processo que esse diabo era da violência mesmo, que atravessava na crueldade, o diabo da morte, da dor. Esse diabo nos faz se sentir abismado todo dia, sabe? Como o mundo ou o ser humano consegue ser tão cruel diariamente, é impossível isso, e ele é exatamente essa energia. Eduardo Sterblitch, em entrevista para Splash
"Mais provocativo que já fiz"
Sterblitch conta que a construção do diabo de "Grande Sertão" teve referências do cinema, mas o dia a dia de gravações deu origem ao personagem. "Pra mim, o maior desafio foi trazer o máximo de maldade que eu poderia sentir pra tentar levar pra ele se transformar nesse bicho asqueroso", inicia.
Vi todos os diabos feitos no cinema pra me inspirar, mas o que mais me inspirou foi o trabalho de processo. Foram os meus amigos entendendo quem são os outros personagens pra entender que instrumento está sendo tocado e qual instrumento eu posso tocar pra fazer aqui. Naturalmente vai acontecendo aquilo. É tudo processo e experiência do dia a dia.
Eduardo Sterblitch
Segundo o artista, o papel de Hermógenes está no topo da lista dos trabalhos em que lhe deixou apreensivo. "Foi o que mais que deixou num lugar de "será que eu consigo fazer? Será que vai dar certo?". Foi o mais provocativo que já fiz."
Eduardo revela ainda que não se assiste para evitar a sensação de "poderia te feito melhor". "Sou muito crítico comigo e fico pensando como poderia fazer melhor. Quando consigo desligar esse crítico chato, só curto mesmo, não fico me vendo. Fico curtindo a história e isso é muito bom."
"Grande Sertão" é importante assistir, segundo Sterblitch, por exaltar a cultura do Brasil. "É um novo clássico do cinema nacional. É importante assistir porque conta a história da violência urbana brasileira de forma poética. Então, isso é muito diferente, a linguagem que o Guel [Arraes] e a Flávia [Lacerda] propuseram para esse filme é totalmente autêntica, brasileira. Tem que ver porque é um levante pra cultura do Brasil, é um grito maneiro."
O Grande Sertão chegou aos cinemas brasileiros no último dia 6 de junho. A expectativa é que o longa tenha mais de 300 salas disponíveis no país e fique seis meses em cartaz — segundo a Globo Filmes.