Todo mundo é DJ? Só Track Boa ensina segredos dos mixers e sintetizadores
Em sua maior edição, o festival Só Track Boa traz cerca de 50 artistas espalhados em três palcos da Neo Química Arena, em São Paulo, neste fim de semana.
A expectativa da organização é que passem cerca de 70 mil pessoas no estádio do Corinthians, em Itaquera, durante os dois dias de festival (14 e 15). Nesta edição, os fãs de música eletrônica são atraídos especialmente pelo talento dos DJs brasileiros, e muitos jovens têm o sonho de seguir na carreira.
Aulas para iniciantes
Em parceria com a E-LAB Institute, o festival oferece aulas e tira dúvidas do público sobre o uso de mixers, sintetizadores e tecnologias ligadas à música eletrônica
"Um curso para DJ iniciante custa em média R$ 3 mil, e de produção vai de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Aqui no festival estamos oferecendo aulas sobre o básico deste universo e mostrando novos equipamentos", conta Taty Aguiar, 38, proprietária do E-LAB, curso que tem sede na rua Augusta, local de São Paulo com vários bares e pubs que empregam DJs.
As aulas são gratuitas para todos os interessados dentro do festival, e a admissão é simples: basta chegar e preencher uma ficha. Durante os dois dias de evento, serão sorteados cursos completos gratuitos para quem se inscreve.
Profissão tem décadas de história
Antes marginalizada, a profissão DJ hoje é um sonho para muitos jovens. Artistas como Alok, Vintage Culture, Anna, Gui Boratto, Eli Iwasa e DJ Marky são referências mundiais. O cachê de alguns destes DJs gira em torno de R$ 150 mil e pode chegar até R$ 500 mil, dependendo do evento e do tempo de duração da apresentação no palco. No entanto, nem sempre foi assim.
O primeiro DJ do Brasil, seu Osvaldo Pereira, 90, fez a sua última apresentação da carreira no mês passado, no Edifício Martinelli.
Osvaldo trabalhava como técnico de som montando e consertando rádio nas casas de famílias ricas no final dos anos de 1950. Nesse período, ele teve a ideia de fazer festas pela região da Zona Norte, local onde mora até hoje. Ele montou um toca-discos e um pequeno amplificador acústico.
Depois, ele começou a pedir espaço dos dias ociosos nas casas de shows onde se apresentavam big bands, grupos instrumentais. Ele se apresentava com as cortinas fechadas, pra simular a ideia que havia uma big band tocando, e só abria no fim da apresentação.
As primeiras festas em casas maiores foram uma forma de garantir três objetivos: dar acesso para o público negro que não entrava em festas chics de São Paulo na época; permitir que os vizinhos da Zona Norte de São Paulo se encontrassem para dançar; e ganhar um troco para renovar a coleção riquissima de vinis de jazz, swing, samba rock e samba.
"Meu sonho ainda hoje é que as festas sejam para todos: negros, mulheres, gays, pobres. Eu comecei lá atrás com esse sonho e sei que isso vai se tornar realidade, logo", conta o veterano DJ com exclusividade para Splash.
Para as mulheres, vale notar, o reconhecimento foi ainda mais difícil. Sonia Abreu, a primeira DJ mulher, criou festas itinerantes em Kombi e depois ônibus alugado para conseguir tocar com regularidade, mesmo sendo uma das pioneiras da rádio, dos festivais e das produções.
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Quero receberO segundo dia do festival Só Track Boa acontece neste sábado (15) a partir das 17h.
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