Depois de hit e com 2,5 mi ouvintes mensais, Yago Oproprio lança 1º álbum
É quase surpreendente que o recém-lançado "Oproprio" seja o álbum de estreia de Yago Oproprio, cujo hit "Imprevisto" é item garantido nas playlists boom rap há quase dois anos.
Em conversa com Splash, o rapper fala sobre a concepção do álbum, suas origens nômades e a influência de Criolo — referência que hoje virou colega de trabalho e não poupa elogios a Yago.
Yago cresceu entre a zona leste de São Paulo, São José dos Campos e Venezuela. "É um grande tour nômade a minha vida", ri em chamada de vídeo. Ele atribui às mudanças o fato de seu trabalho ser múltiplo não só em referências musicais, mas também em pontos de vista. Yago relembra a experiência de voltar ao Brasil na adolescência, depois de dois anos na Venezuela, e ficar chocado com a falta de perspectiva dos amigos que estavam prestes a concluir a escola pública.
No terceiro ano do Ensino Médio, eu estava vendo a equação de primeiro grau, que eu tinha visto na quinta série quando estudei na escola particular. Crescer na quebrada, ter acesso ao funk e ao rap me moldou muito. Yago Oproprio
Yago convive com a arte desde criança. Seu pai, Cristiano Carvalho, é fundador do coletivo de artes Dolores Boca Aberta, da zona leste de São Paulo. Ele levava o filho a saraus desde a infância e até hoje influencia sua arte. Um dos versos de "Catedrais", a terceira faixa do novo álbum, vem de um poema dele: "Eu disse pra tentar minha chegada/E ver se a rua tá livre de ser autuada".
Foi aos 14 anos que Yago conheceu Criolo, uma de suas maiores referências. Ele relembra que estava de férias na casa da avó, em São José dos Campos, quando ligou a TV no "Altas Horas" e viu o rapper cantando "Subirusdoistiozin".
Eu nunca tinha ouvido Subirusdoistiozin nem Criolo, aí eu fui ver quem era. Ele já tinha lá seus 30, 35 anos. Eu olhei para ele e falei: olha só, eu não preciso ter pressa. Yago Oproprio
Os dois se conheceram pessoalmente por acaso. Yago conta que, no ano passado, estava num Uber em São Paulo quando viu Criolo na rua. Não teve dúvidas: pediu para o motorista parar o carro e foi se apresentar. "Falei algumas palavras-chave só, porque foi muito rápido, começou a juntar gente. Falei que sou o Yago, só joguei no ar", relembra.
Criolo diz que gostou dele logo de cara. "Ele atravessou a rua correndo e veio falar comigo. Me deu um abraço e se apresentou", recorda o veterano em áudio enviado a Splash. "Eu vi que ele foi muito sincero, muito gentil, e eu guardei isso". Depois, Criolo manda um segundo áudio: "Olha que coincidência: acabei de receber uma mensagem do Yago celebrando que hoje faz um ano desse encontro! Muito legal, todos na boa sintonia".
Além de fazer o rap muito bem, ele flerta com a música brasileira em geral. É um jovem muito promissor, o disco dele é muito bem-vindo. Criolo
Em seu primeiro álbum, Yago quis extrapolar o digital. A identidade visual do disco é prova disso: na capa, Yago veste uma jaqueta feita especialmente para o projeto, que vai ser seu figurino em shows e clipes e já virou objeto de desejo dos fãs. "Deu a liga para tudo", comenta o rapper.
A capa e a contracapa são pinturas do artista plástico Rodrigo Branco. O músico conta que a decisão de tampar sua boca na arte foi polêmica, porque o público poderia interpretar como um símbolo de silenciamento. No entanto, ele ressalta que sua visão é mais importante: "Os olhos são a narrativa da coisa, tudo passa pelo olhar".
O projeto fica completo com um curta-metragem. Yago interligou os clipes das músicas "La Noche", "Inofensiva" e "Jejum" para criar uma narrativa do cotidiano. "As pessoas falam: parece que o Yago sentou comigo para escrever esse álbum. Eles sentem identificação porque é só um olhar sobre a vida, uma questão de perspectiva".
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