Sobreviver com Charlie Brown é um milagre, diz Marcão: 'Brasil é desigual'
Charlie Brown Jr. continua mais vivo do que nunca na memória dos fãs mesmo após a morte de Chorão. Prova disso é que no João Rock, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o público cantou a plenos pulmões com Marcão Britto e Thiago Castanho durante o show da turnê em homenagem aos 30 anos da banda.
O que a gente sente nos shows tá além do que a gente acha, do que a gente quer. O Charlie Brown é uma entidade viva, é uma parada que tá acima de qualquer um de nós.
Marcão Britto, em entrevista para Splash
Um dos fundadores do Charlie Brown Jr. destaca que sobreviver há três décadas com uma banda de rock no Brasil é um "milagre". "Falo para o meu filho de 14 anos: 'O que a gente conseguiu é uma coisa que é quase um milagre. A gente não pode esquecer que o Brasil é um país muito desigual, quase não dá quase oportunidade e você vencer com uma guitarra, com rock, do jeito que a gente fez...'".
Por isso que sinto que é muito legítimo o que a gente tá fazendo. A gente tá celebrando a nossa história de vida, mais do que sucesso, mais do que nome, marca, não tem nada a ver. É a nossa história de vida, foi a gente que fez junto com todos esses fãs e é muito especial pra gente.
"Charlie Brown é uma banda de batalha"
Em meio ao imbróglio jurídico com o filho de Chorão e sua ex-mulher, Marcão Britto concentra suas forças ao lado de Thiago Castanho para seguir trabalhando e representando o nome Charlie Brown Jr. da melhor forma pelo Brasil.
"Nem tem tanto a ver com sucesso, com a banda, são histórias de vida. Nós somos pessoas, temos qualidades, defeitos, mas a gente viveu um sonho juntos, um sonho muito intenso, um sonho muito grande, que foi trabalhar nossa banda de rock, botar ela pra galera ouvir", inicia Marcão.
Charlie Brown é uma banda de batalha, de raça. Até falo que quando você aperta o play pra escutar um som do Charlie Brown, é atingido não só pela música, mas por uma função mágica de trabalho, suor, lágrima, sofrimento. É isso que tá impregnado e muito presente, não só com a gente que teve a história junto com os nossos irmãos Chorão e Champignon, mas com cada fã que se identifica.
O guitarrista compara a história do grupo ao nome do álbum "Transpiração Contínua Prolongada" — lançado em 1997. "A gente teve uma história de muito trabalho, muito suor. Como é o próprio nome do primeiro disco, a gente continua transpirando até hoje, né? São três décadas de rolê e pra gente é emocionante estar aqui junto com tantas bandas relevantes do rock nacional."
Nova geração de fãs tem impressionado um dos fundadores do Charlie Brown Jr. "A gente vê que a música brasileira continua sendo tão presente na vida das pessoas e a gente fazer parte disso é uma honra muito grande. A gente fica feliz também que a banda tá sendo descoberta pelas novas gerações. A gente vê que muita gente tá vendo o show pela primeira vez. A gente tocou pra 80 mil pessoas e é emocionante."
Tem todo esse lance da cultura do Charlie Brown, que é família Charlie Brown, do Charlie Brown de pai pra filho, de filho pra pai também, porque tem gerações também novas que estão apresentando o show pros pais. É muito louco, a gente tem um público de todas as idades, mas, predominantemente, é a galera mais nova que tá descobrindo a banda agora.
Marcão Britto e Thiago Castanho têm shows marcados pelo Brasil e uma turnê nos Estados Unidos para celebrar os 30 anos do Charlie Brown Jr. "Vai ser muito especial. A gente tá tendo a oportunidade de levar esse show pra muita gente que ainda nunca assistiu ao show do Charlie. Essa turnê é um convite a todos aqueles que tiveram, em algum momento de sua vida, o Charlie como trilha sonora."
* Os jornalistas viajaram a convite da organização do evento.
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