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'Kaiju No. 8': vozes brasileiras comemoram 'dublagem simultânea'

Fábio Garcia

17/06/2024 12h00

Sucesso de audiência e público, o anime "Kaiju No. 8" chamou a atenção não só por ter ganhado uma exibição simultânea mundial em live, mas também por disponibilizar uma dublagem em português já no dia de lançamento.

Splash entrevistou o elenco principal da versão brasileira e ainda conversou com o diretor de dublagem que contou, entre outras coisas, das dificuldades de lançar um anime dublado junto do Japão.

Identificação com os papéis

Algo que distingue "Kaiju No. 8" dos demais shonen de lutinha é o fato do protagonista não ser um adolescente ou jovem adulto, e sim um homem com mais de 30 anos cheio de inseguranças e frustrações na vida. Leonardo Santhos, dublador brasileiro do "Kafka Hibino" tanto na forma civil quanto na versão monstro, revelou ter se atraído pelo personagem por sua humanidade.

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"Ele não é um cara extremamente poderoso, ele é só um cara que trabalha e do nada ele virou esse guerreiro. Tudo bem que ele queria fazer parte da Força de Defesa, mas ele era simplesmente um trabalhador." (Leonardo Santhos, dublador do Kafka Hibino)

Quem também defende sua personagem é Marianna Alexandre, voz de Kikoru Shinomiya. Além de elogiar como o roteiro da série trabalha bem seu elenco, sempre criando arcos para dar profundidade aos personagens, Marianna se identifica com a Kikoru:

"A Shinomiya tem uma pitada de humor, mas ela é esquentadinha, ela é ligada também nos 220, e eu sou também essa pessoa. Eu vou gravar e eu fico lendo o script inteiro antes, é um combo poder dublar uma personagem assim." (Marianna Alexandre, dubladora da Kikoru Shinomiya)

Completando o trio principal está Heitor Assali, a voz de Reno Ichikawa. Reno é mais quieto e estratégico, mas gravar alguém que destoa tanto dos demais não chega ser um desafio:

"Geralmente em animes as pessoas me escalam para fazer os personagens mais revoltados, os caras que mais gritam, os caras que mais batem, o oposto do Ichikawa. O Sakuragi (de "The First Slam Dunk"), o Baji (de "Tokyo Revengers"), só moleque revoltado da vida. O Ichikawa já combina mais comigo, eu sou uma pessoa mais reservada, mas é legal porque saio da minha zona de conforto de trabalho." (Heitor Assali, dublador do Reno Ichikawa)

Dublagem brasileira junto da estreia: uma vitória

Erick Bougleux, responsável pela direção de "Kaiju No. 8" nos estúdios da Som de Vera Cruz, esclareceu que lançar a dublagem simultânea acaba não sendo um pesadelo logístico para a produção.

Personagens do anime "Kaiju No. 8" Imagem: Divulgação/Production I.G

O diretor explicou que é necessário um trabalho em conjunto que dá certo "quando os planetas se alinham", afinal é necessário que o estúdio de animação termine o episódio a tempo e as negociações sejam feitas. Mas dublagem sair junto do episódio japonês tem uma vantagem para a recepção do público:

"Você cria muito um vínculo do rosto com a voz, quando a gente assiste primeiro legendado, é natural você se acostumar com aquela voz naquele rosto, mesmo que seja em um idioma que você não compreende. E quando a dublagem chega depois sempre tem aquela barreira que a gente tem que vencer, de ser a nova voz que está chegando ali, da pessoa reacostumar com aquilo, recomprar aquela ideia. Então quando a gente tem a oportunidade do anime já estrear dublado, e a pessoa que quer consumir dublado já poder consumir dublado desde o primeiro dia, desde o primeiro momento, sem correr o risco de tomar spoiler um dia depois, é maravilhoso." (Erick Bougleux, diretor de "Kaiju No. 8")

Por que o Brasil adorou "Kaiju No. 8"?

Leonardo, Erick e Heitor se apresentaram na entrevista não só como dubladores, mas também como otakus. "Os três velhos aqui? Tudo otaku desde criança! Otaku de 'Shurato', de 'Samurai Warriors'", brincou Erick citando alguns animes exibidos nos anos 1990 pela extinta Rede Manchete. Inclusive o diretor de dublagem confessou acompanhar a versão em quadrinhos de "Kaiju No. 8" e acompanhar as "wikis" de fãs para se informar e extrair a melhor emoção dos dubladores.

O anime "Kaiju No.8" Imagem: Divulgação

Mesmo sendo um grupo profissional quase todo composto por fãs, foi justamente a "não-otaku" Marianna que se adiantou para explicar o motivo dos brasileiros gostarem tanto de "Kaiju No. 8": "Por verem personagens humanos e se identificarem. A galera não está acostumada a ver esse tipo de protagonista e estão se identificando". "O protagonista é gente como a gente", apontouHeitor.

"Eu gosto muito no Kaiju No. 8 é que existe a rivalidade entre os recrutas, mas não é uma rivalidade de ódio, de um provocar o outro. É uma coisa de parceria, na hora da batalha um está ajudando o outro. E todos eles têm um clima mais pra cima, por mais que eles tenham traumas do passado, tenham questões a trabalhar, eles todos tentam botar uma máscara para aparecer sorrindo" (Erick Bougleux, diretor de "Kaiju No. 8")

"E o anime não se leva a sério o tempo todo. O próprio Kafka está lá todo monstruoso e está preocupado que ninguém vai querer casar com ele. Essa leveza pra mim é a melhor coisa que tem na série. Eu achei que seria aquele shonen maneiro, de luta, mas aquela coisa clássica, sabe? Eu falo que o Kafka é bobo, mas é todo mundo bobo." (Leonardo Santhos, dublador do Kafka Hibino)

Onde acompanhar?

"Kaiju No. 8" está na reta final de exibição de sua primeira temporada, e os episódios têm transmissão ao vivo na Crunchyroll às 11h, apenas legendado. Às 12h30 o episódio chega no streaming com possibilidade do áudio em português do Brasil.

Para ler a versão em quadrinhos, é só adquirir os volumes publicados no Brasil pela Editora Panini.

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