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Fafá de Belém compara cancelamento nas redes à ditadura: 'Desrespeito'

Fafá de Belém nos bastidores do São João da Thay Imagem: Lucas Ramos/Brazil News

De Splash, em São Luís

18/06/2024 04h00

Ao longo dos 50 anos de carreira, Fafá de Belém sempre verbalizou o que acredita sem medo de críticas. A artista paraense não se omite ao cobrar visibilidade para artistas nortistas e defender a democracia.

Fafá se orgulha de sempre ter defendido as liberdades individuais, seja na época da ditadura ou agora, no momento de cancelamentos nas redes sociais. "Vejo [o cancelamento digital] exatamente como uma perseguição às pessoas que apostavam na democracia quando a ditadura se estabeleceu. Então, eu não gostava de você, ligava e denunciava para o DOI-CODI, você passava a ser perseguido pela ditadura."

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O cancelamento da mídia social é quando um grupo de pessoas resolve implicar com você por motivos que nem elas sabem. É um desrespeito às verdades individuais, porque a tua liberdade não pode ser a que eu almejo, em hipótese alguma. Fake news, dark news e cancelamento é um procedimento absolutamente ditatorial, ultrapassado, inseguro e burro. Não estamos aqui para isso.
Fafá de Belém

Em conversa com a imprensa nos bastidores do São João da Thay, na última semana, ela disse que ficou indignada por não ver artistas do Norte no line-up do Rock in Rio e, por isso, decidiu se manifestar nas redes sociais. No festival maranhense, ela cantou ao lado dos Bois Garantido e Caprichoso, ícones do Festival de Parintins (AM), e foi a grande homenageada da sexta edição.

Faço 50 anos de carreira, eu já posso dizer tudo que eu penso. Fiz esse levante, não para estar presente, mas para olharem pra gente. Temos uma gordura pulsante fortíssima. Como é que não tem Joelma, Gaby, Dona Onete? E deu um efeito, tomei porrada como Judas em dia de malhação, mas boto cara a tapa. O resultado é que teremos artistas lá. Espero que outros festivais também não olhem pra gente como uma coisa folclórica, local e exótica. Olhem para nossa cultura como o chão do Brasil, que se agrega a gaúcha, a nordestina, ao híbrido Sudeste. Isso é o Brasil.
Fafá de Belém

Fafá de Belém e Thaynara OG no São João da Thay, no dia 8 de junho, em São Luís Imagem: Reprodução/Instagram

Cinco décadas de música

Fafá diz olhar para trás e ter orgulho de sua história pessoal e profissional. "Como já disse: fui cancelada muitas vezes, me botavam no paredão, mas eu nunca segui o caminho dos bois. Só do boi bumbá e do bumba meu boi. Nunca trabalhei na previsibilidade, segui tendência de marketing. Sempre fui guiada pelos caminhos do meu coração."

E não quer parar de fazer música. Pelo contrário: a artista tem muitos projetos para celebrar os 50 anos de carreira ainda em 2024. "Voltar com o espetáculo de rock n' roll, titia é heavy metal, gente (risos). Fazer releituras e brincar."

Chego aos 50 anos de carreira com uma canção chamada 'Emoriô', gravada em 1975. Ela foi remixada e, ano passado, através de dois DJs que ouviram numa boate no Rio de Janeiro fizeram outra mixagem e essa canção tem 200 milhões de streamings. É a mesma canção, o mesmo arranjo, mas olhada por um olhar eletrônico. Venho do analógico. Venho do gravador de rolo de duas polegadas e oito canais. Sempre tenho curiosidade e quero saber o que está acontecendo. Me emocionou, eu vou. Estou aqui hoje por isso. Tenho conexão e identificação muito grande com o povo.
Fafá de Belém

*Splash viajou a convite da organização do São João da Thay

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