Audiência discute ataque à sede do Porta dos Fundos e prisão de empresário

Continuação de audiência de instrução e julgamento acontece hoje, às 14h20, para discutir o ataque à sede do Porta dos Fundos e a prisão do empresário Eduardo Fauzi, suspeito de participar da ação. Um grupo foi responsável pelo ataque no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, na véspera do Natal de 2019.

O que aconteceu

Prédio foi alvo de bombas e teve um princípio de incêndio controlado. O grupo, que anunciou se chamar "comando de insurgência popular nacionalista da família integralista brasileira", assumiu a autoria do ataque, segundo relato do jornal Correio Braziliense em 2019.

Três homens encapuzados afirmaram em vídeo que o ato "buscou justiça ao povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica", diz a publicação. Na época, o Porta dos Fundos causou polêmica ao retratar um Deus mentiroso um e Jesus gay em seu tradicional especial de Natal para a Netflix.

Nenhum dos integrantes do humorístico estava no local no momento do ataque. "A perícia foi realizada no local, e a equipe do Esquadrão Antibombas arrecadou fragmentos dos artefatos para análise. Diligências estão em andamento para esclarecer o caso", informou a Polícia Civil na época.

O especial de Natal de 2019 foi alvo de várias petições online, com centenas de milhares de assinaturas, que pediram sua retirada do ar. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) engrossou o coro afirmando que o Porta dos Fundos atacou a fé de 86% da população brasileira.

Caso foi registrado na 10ª DP, no bairro de Botafogo, como crime de explosão. Na época, imagens das câmeras de segurança do prédio foram encaminhadas para a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro.

Imagens analisadas pela perícia foram adicionadas ao processo em agosto de 2023. Foram comprovadas as alturas dos indivíduos que foram filmados arremessando itens na sede da produtora. A Justiça também convocou duas testemunhas para próximas audiência, segundo o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo.

Suspeito responde em liberdade

Eduardo Fauzi foi reconhecido em uma das gravações que captaram a ação. Empresário teve mandado de prisão expedido pela Justiça em 2020, mas viajou para a Rússia um dia antes. Na época, a Polícia Civil pediu para incluir o nome dele na lista de foragidos da Interpol.

Continua após a publicidade

Empresário foi preso no exterior em setembro de 2020. Ele foi detido no Aeroporto Internacional de Koltsovo, a quase dois mil quilômetros de Moscou, capital da Rússia. A extradição só foi liberada em janeiro de 2022.

Eduardo passou a responder em liberdade provisória em setembro de 2022. Defesa do empresário pediu substituição da prisão preventiva pela aplicação de medidas cautelares em decorrência da ausência de testemunhas da acusação.

O que dizem as partes

Splash procurou o Porta dos Fundos para falar sobre o tema. Por não ser parte envolvida no processo, já que a denúncia partiu do Ministério Público, a assessoria de imprensa informou que a empresa optou por não comentar sobre a audiência.

Processo corre em segredo de Justiça no TRF-2. Ministério Público, TJ-RJ e defesa de Fauzi também foram procurados. O tribunal confirmou a realização da audiência de hoje, mas não fez comentários sobre o andamento da ação. As demais partes não deram retorno.

Defesa de Fauzi já afirmou que empresário é inocente. "A defesa se mostra satisfeita, em parte, pois, após a audiência de instrução e julgamento de 13 de setembro de 2022, o senhor Eduardo Fauzi ganhou voz, e pode comprovar que jamais participou do evento incendiário junto à produtora Porta dos Fundos, e que, para a defesa, ficou evidenciada a perseguição", afirmou oficialmente após ele deixar a prisão em setembro de 2022.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.