Lembra do Mestre Ambrósio? Após 23 anos, banda volta com seu forró raiz
Adriana Amâncio
Colaboração para Splash, no Recife
21/06/2024 04h00
Após uma pausa de 23 anos, a banda Mestre Ambrósio, uma das precursoras do manguebeat, está de volta com "Pela Janela". Apesar de entregar elementos característicos do estilo musical da banda, esse xote aponta para o futuro e abre espaço para uma série de shows, que marca o encontro do grupo com as novas gerações e com os fãs saudosos.
A banda tem presença garantida no 90's Festival, que será realizado entre os dias 19 e 21 de julho, no Rio, e fará um show especial de 30 anos, no dia 26 de julho, em São Paulo (saiba mais no fim da entrevista).
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Lançado no período junino, o xote "Pela Janela" reforça o time do forró raiz na busca por alcançar novas gerações, em meio a setlists que, de forma cada vez mais intensa, vem aderindo a outros ritmos, como sertanejo, pagode e axé.
O Mestre Ambrósio retorna com a mesma formação de três décadas atrás, que tem Siba, Éder Rocha dos Santos, Helder Vasconcelos, Mazinho Lima, Maurício Alves de Oliveira e Sérgio Cassiano. Splash bateu um papo com Sérgio Cassiano sobre a nova música, os planos para rodar o Brasil e as perspectivas de que esse retorno possa trazer outros frutos musicais. Leia a seguir:
"Pela Janela" traduz a essência pela qual a Mestre Ambrósio ficou conhecida, que é de misturar ritmos tradicionais e contemporâneos?
A canção traz o xote, que é um ritmo bastante conhecido, mas à medida que evolui, vai entregando o estilo do Mestre Ambrósio, com transições de partes diferenciadas. Eu diria que é um xote, enquanto base mas que escapa aos clichês. Musicalmente ela escapa ao clichê, trazendo a guitarra de uma maneira muito moderna e tem o fole de oito baixos, que remete à tradição. A forma como o triângulo é tocado também é fora do clichê. É uma música também muito intensa, muito poética, não é uma canção romântica, embora muitos pensem o contrário. A música chama atenção para aguçarmos a sensibilidade em um mundo tão grosseiro.
Além de romper com um hiato de 23 anos, essa faixa abre caminhos para shows e outras produções?
Sim. A gente tem show no fim deste mês no Recife. Na sequência, teremos Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará. Hoje, reunir o Mestre Ambrósio é uma grande logística, uma vez que cada membro mora em um lugar diferente. Muita gente pergunta por que a gente resolveu se juntar, e eu respondo por que não se juntar (risos). Mas nós temos um fato curioso, que é retornarmos com a mesma formação, enquanto diversos grupos mudam a formação. Isso se deve ao apelo do público, mas também à consciência de que o nosso trabalho ainda é atual e que precisa ter continuidade. Então, podem esperar que vão surgir novos trabalhos musicais.
Parte dessa necessidade de seguir deve-se à continuidade do legado do manguebeat da qual vocês são precursores?
Sim, inclusive hoje nós temos mais clareza do que essa mensagem. Quando o manguebeat dava os primeiros passos, tudo era ainda muito vertiginoso, e tínhamos que divulgar a nossa proposta e lutar para sobreviver. Mas a consolidação do manguebeat deve-se também ao público, que acreditou no nosso trabalho, que prestigiava os shows e que adquiria os trabalhos. Que, junto conosco, lutava para que essa proposta de misturar ritmos regionais com clássicos rompesse as barreiras geográficas e ganhassem o Brasil, com protagonismo. Agora, nós queremos fazer algo parecido com o que fizemos no passado, mantendo um nível de criatividade o mais alto possível para propagar a nossa arte para o mundo, abrindo espaço no mercado para a diversidade.
Teve uma virada de século entre a pausa e o retorno da banda Mestre Ambrósio. Como vocês esperam que seja a repercussão do trabalho hoje?
Há uma mudança grande! Para se ter uma ideia, o nosso último álbum, "Terceiro Samba", foi lançado em CD, enquanto hoje, as faixas são lançadas no streaming. Antes, a gente lançava a música e esperava o show para saber a resposta do público. Hoje, tem as redes sociais, e as pessoas podem interagir na hora. Você publica algo no Instagram e logo vêm mil comentários. Essa canção marca a migração da nossa criação musical para esse novo século.
90's Festival
Quando: domingo, 21/7, às 15h
Onde: Marina da Glória (av. Infante Dom Henrique, S/N, Glória, Rio de Janeiro, RJ)
Quanto: de R$ 100 a R$ 360
Classificação: 18 anos; menores poderão entrar no evento acompanhados dos responsáveis legais ou com autorização desses responsáveis autenticada em cartório.
Ingressos à venda no site da Ingresse.
Mestre Ambrósio - 30 anos
Quando: sexta, 26/7, às 22h
Onde: Casa Natura Musical (r. Artur de Azevedo 2.134, Pinheiros, São Paulo, SP)
Quanto: de R$ 75 a R$ 180
Classificação: 16 anos
Ingressos à venda no site da Sympla.