Chefe do tráfico matou com 15 anos e inspirou filme 'Bandida - A Número 1'
"Bandida: A Número 1" chegou aos cinemas brasileiros e, dirigido por João Wainer ("A Jaula" e "Doleira: A História de Nelma Kodama"), conta a história de Rebeca, a chefe do tráfico da Rocinha.
Interpretada por Maria Bomani, a personagem é baseada em Raquel de Oliveira, 63, que contou sua trajetória no livro "A Número Um", editado pela Casa do Palavra.
Como Raquel se tornou a chefe do tráfico?
Quando tinha apenas seis anos, Raquel de Oliveira usou a primeira droga para inibir a fome: cola de sapateiro. Aos nove, ela foi vendida pela avó a um chefe do jogo do bicho. Aos 11, ganhou de presente seu primeiro revólver.
Aos 15 anos, cometeu o primeiro homicídio: ela foi fazer uma entrega de maconha e o homem que a recebeu tentou abusar dela. Quando o homem tentou atacá-la, Raquel pegou uma faca e o matou. O corpo foi encontrado três dias depois.
Quando mais velha, se casou com Naldo. Ele era o chefe do tráfico na Rocinha em 1980, a maior favela brasileira do Rio de Janeiro dos anos 1980, e morreu em um tiroteio contra a polícia em 1988.
Com a morte do companheiro, Raquel se tornou a chefe do tráfico. No entanto, o alcoolismo e o vício em drogas que vieram depois quase colocaram tudo o que ela tinha a perder.
Ela entrou para a reabilitação, concluiu o ensino médio, se formou em pedagogia e publicou o romance "A Número Um". "Este livro é minha história de vida. Apenas a literatura me mantém de pé para enfrentar minha história após 30 anos. Escrever me dá prazer, substitui a cocaína, consigo fugir da dor, me anestesiar, parar o tempo", contou em entrevista à AFP, no Morro da Babilônia, durante a edição 2015 da Festa Literária das Periferias (FLUPP).
O filme
Para "Bandida - A Número Um" algumas modificações foram feitas. Vendida pela avó aos nove anos, ela cresce em meio às disputas de territórios entre traficantes e bicheiros. A jovem, porém, se vê obrigada a tomar partido e se impor quando se vê viúva.