OpiniãoK-Pop

Com figurinos impecáveis e muita simpatia, IVE é o sangue azul do k-pop

Exatamente meia hora antes do início do show, que começou pontualmente às 20h, "Accendio" começou a tocar e os dives, fãs do grupo IVE, cantaram toda a letra com a empolgação esperada ao ver pela primeira vez as seis artistas em solo brasileiro. 'Show what I have' é a primeira turnê mundial do grupo e já está rodando há quase um ano.

Assim como na Coreia, onde o grupo possui uma base de fãs infantil gigantesca, foi possível ver uma série de meninas bem novas com faixas na cabeça, luzes piscantes na mão e pais sorridentes, apoiando muito provavelmente o primeiro show da vida delas.

Dividido em quatro atos, o show já começa com um vídeo questionando se o público está pronto para decolar, seguido de um "Aproveite o vôo". E nas próximas duas horas e vinte minutos o grupo nos leva a uma viagem instigante em uma carreira de pouco menos de 3 anos, mas que conta com tantos hits conhecidos que parece que elas já estão no mercado por décadas.

Primeiro ato: sangue azul do k-pop

Começar o show com "I AM" foi uma decisão bastante acertada, não apenas por dar o tom desse primeiro momento, onde elas se apresentam como realezas da indústria, mas por ser uma performance que, de fato, mostra tudo que elas têm de melhor (o nome da turnê).

Com gogó e ouro, microfone ON e carão, Yujin, Gaeul, Wonyoung, Liz, Rei e Leeseo já começam na frente do palco, com penteados e figurinos luxuosos e cantam uma versão rock de "Royal" seguida de uma das melhores músicas do grupo, "Blue Blood".

Veja trecho do show em post no X oficial do IVE

Yujin faz questão de mostrar que o microfone está ligado e grita: "Vamos lá!", em inglês, e vê o público ir à loucura. Rei, a única japonesa do grupo, dá vontade de colocar num pote de tão fofa que é, e ela faz questão de interagir e olhar bem para a plateia.

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Wonyoung, uma das idols mais famosas do mundo atualmente, apresenta "Blue Heart" com uma alegria particular; ela que escreveu a música. O fim do primeiro ato confirma que elas são elite do K-pop com o debut de extremo sucesso "Eleven" fechando. Nesse momento já sabemos que não existe nenhuma música desconhecida no catálogo do grupo.

Segundo ato: Muita conversa, grite mais alto e b-sides

Se o primeiro ato é sangue azul, o segundo é muito aegyo e aproxima bastante o grupo dos fãs. É nessa seção onde elas conversam mais com o público, sempre com uma tradutora simultânea. O trio Gaeul, Rei e Wonyoung se destacam pela simpatia e química ao falarem português. "Grite mais alto", fala Rei, sorrindo; Gaeul diz: "Amo vocês", enquanto Wonyoung propõe uma onda com todos levantando as mãos como se fosse um estádio.

O público choca muito o grupo que não acredita na versão à capela de "I Am" que todos estão berrando; dá para perceber que isso emociona as meninas, todas muito jovens (a mais velha, Gaeul, tem 21 anos). Após pausas para trocar microfones e conversas, o grupo retorna com duas performances românticas: "Lips", repleto de dançarinas e muito brilho em todos os looks, e "Mine", com guarda-chuvas e a dupla Leeseo e Rei disputando o posto de mais fofas do grupo. Ambas estão em #1.

Veja o ritual que as integrantes do IVE fazem antes do show

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O segundo ato termina com "Off the Record", considerada por muitos dives uma das melhores canções que possuem. A música tem uma interpolação com a icônica "Lovefool", dos Cardigans, e é realmente um dos pontos altos do show.

Terceiro ato: solos e units mostram individualidade das integrantes

Essa seção do show é importante para conhecermos melhor os gostos de cada artista, e o que vemos é uma salada de frutas de estilos com covers de artistas completamente distintos.

Gaeul começa com "7 Rings", da Ariana Grande, dançando sensualmente numa cadeira; em seguida Rei aparece novamente fofa com uma música muito gostosa, fácil de ouvir, "Every Summertime". Ela vai até a frente do palco e interage com o público. Logo após, ambas fazem um dueto de "Wannabe", das Spice Girls; nada faz sentido, mas estranhamente funciona.

Logo depois Liz e Wonyoung fazem um cover de "Reality", do Richard Sanderson, e ambas parecem saídas de um baile de debutantes. Liz tem uma das vozes mais bonitas do K-pop e aqui conseguimos prestar atenção nos talentos vocais delas.

Depois da calmaria, Yujin e Leeseo fazem a melhor performance desse ato, com um cover de "Woman Like Me", do grupo britânico Little Mix. Com coreografia, break dance, bate cabelo e muita gritaria do público, as duas são um poço de carisma e presença de palco.

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Quarto ato: sequência de hits é o auge do show

O quarto e último ato do show é sem dúvidas o recorte necessário para entender como um grupo de meninas tão novas e com pouco tempo de carreira fazem tanto sucesso.

Existe uma virada, a partir do VCR, meio filme de terror, jovens bruxas, e elas retornam de corset de couro preto, colocando a realeza e brilhos de lado e dando espaço ao estranho, ao kitsch, aos hits de corpos suados em uma festa às 4 da manhã.

A rap line Gaeul e Rei já começa brilhando em "Hypnosis", e logo temos a ótima "Accendio", seguida de "Love Dive", "Kitsch", "Baddie'' e o maior hit da carreira delas, "After LIKE". É quase demais colocar tantas músicas de sucesso na sequência.

E chama atenção que elas tentam quebrar um pouco esse tsunami de hits conversando entre as performances, numa espécie de feedback em tempo real; elas comentam o que acabou de acontecer e esperam uma reação do público.

No bis, quando elas voltam com camisetas do merchan da turnê, já bem descansadas e sem toda performance de antes, é possível perceber ainda mais a alegria delas com a reação do público brasileiro, sempre muito elogiado pela receptividade enorme.

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Impressões finais

Com uma produção redonda, vídeos de transição bem feitos, atos bem estruturados, figurinos impecáveis, simpatia surpreendente e muito carisma e talento, é possível entender o enorme sucesso que as seis artistas conquistaram.

O único ponto negativo é a empresa do grupo não liberar nenhum tipo de imagem para a imprensa, o que engessa um pouco o nosso trabalho de mostrar um evento tão bacana para quem não tem condições de estar lá.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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