Santo ou profano? Evangélicos louvam no São João de Campina Grande
Matheus Lino
Colaboração para Splash, em Campina Grande
27/06/2024 14h55
Se iniciarmos uma conversa sobre o São João de Campina Grande (PB), a primeira imagem que virá à sua cabeça, provavelmente, não se assemelha a um culto evangélico. Mas é exatamente o que aconteceu na última terça (25) no palco principal do Parque do Povo.
O maior evento que homenageia os padroeiros juninos da Igreja Católica, São João, São Pedro e Santo Antônio, a cada ano recebe mais atrações evangélicas. A programação de 2024 contemplou os fieis protestantes em 2 das 33 noites do evento.
Por onde já se apresentaram Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Léo Santanna e Elba Ramalho, também passaram renomados nomes da música gospel do país. No dia 18 de junho, Deive Leonardo e no dia 25, Marcos Freire e Isadora Pompeo levaram grande público para o 'Quartel general do forró'.
Desde 2017, a organização do evento passou a separar dias para apresentações religiosas. O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), que também é evangélico, explicou que o tamanho do evento permite contemplar vários públicos.
.Veja aqui, numa noite de terça-feira, num dia chuvoso, o Parque do Povo está cheio. Para as pessoas estarem aqui acompanhando e exercitando a fé, óbvio, com respeito às tradições e à história.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 30 anos, os evangélicos são o segmento religioso que mais cresceu no país. Por se tratar de um movimento plural e descentralizado, oposto dos católicos, é possível observar divergências entre as mais diversas denominações sobre a presença cristã no São João.
Com chapéu e colete de couro, vestimenta tradicional do Nordeste, o cantor e pastor Marcos Freire trouxe um repertório com muitas canções cristãs em forró. "O forró é de Deus. Deus criou, Deus pensou no forró", disse. Nascido em Campina Grande, defendeu a necessidade dos cristãos ocuparem mais esse espaço.
Jesus tem a ver sim com forró, com Nordeste, com Campina Grande. [...] A bíblia diz que o povo perece por falta de conhecimento. E o que é perecer? É perder o que se pode ter. Então hoje, os crentes que ainda não vieram para cá perderam de experimentar essa atmosfera de poder de Deus.
A evangelista gaúcha Isadora Pompeo reforçou a necessidade de se pregar em todos os espaços. "O papel da música cristã é o mesmo da palavra. A gente vem para proclamar o evangelho. Jesus tem me usado somente por esse motivo. E o meu desejo é que essa palavra alcance as pessoas que estão aqui".
Evento cristão paralelo
O pastor Luciano Breno, da Igreja Evangelho do Quadrangular em Campina, é coordenador do Cantinho da Benção, evento gospel paralelo, que acontece a apenas 700 metros de distância do principal polo do São João. A estrutura montada na Praça da Bandeira recebeu ornamentação com bandeirinhas juninas e balões.
"O objetivo do evento é valorizar a cultura nordestina, o forró. E nesse momento que se realiza o São João, através da música cristã, atrair pessoas para mostrar que existe um povo que sem bebida, sem drogas? consegue dançar, se alegrar, pular, sentir a presença de Deus. Através desse encontro, da música e do forró a gente pode mudar a nossa vida e a nossa história".
Por outro lado, o pastor discorda da presença dos cristãos no Parque do Povo. "Eu respeito quem pensa o contrário, mas particularmente sou contra. Porque já temos um evento evangélico na cidade. Eu acredito que o ambiente aqui é favorável, mas o Parque do Povo tem outra chamativa".
Muito conhecida sobretudo entre as igrejas pentecostais, a cantora e sanfoneira da Assembleia de Deus, Alice Maciel, após se apresentar no Cantinho da Benção, confessou se sentir privilegiada de levar uma mensagem de fé através do seu instrumento e da cultura nordestina.
É mais uma oportunidade que Deus nos dá de pregar o evangelho, a tempo e a fora de tempo. Este momento em que se comemora as festas juninas não nos impede de louvar ao Senhor Jesus Cristo.