'Canto música hétera mas sei fazer o trampo', diz MC Dricka sobre 'Sapatão'
Vestida de bruxa, MC Dricka lança seu feitiço com o álbum novo, "Caldeirão". Com sons em diferentes BPMs, a rainha do fluxo traz inovação ao apostar na mistura de estilos de funk em um único projeto.
A funkeira paulista conta ainda com os reforços do carioca TZ da Coronel, do mineiro MC Laranjinha e da cantora venezuelana Arca — conhecida por feats com Björk, Pablo Vittar e Rosalía. As novas músicas já estão na setlist do show que a cantora fará no palco favela do Rock in Rio em setembro.
Em conversa com Splash, Dricka explicou como nasceu a ideia de transformar "Caldeirão" em uma vitrine do que há de mais atual nas produções de funk.
A gente que canta música de putaria grava as letras e distribui para DJs do Brasil inteiro e acaba criando amizade com eles. Então, eu tive essa ideia de fazer um som com cada um. Assim a galera se sente representada também. O que acabou se tornando o diferencial do trabalho, por eu cantar em diferentes BPMs como o do funk paulista, carioca e de BH. A ideia desse álbum é que ele seja impactante no sentido de as pessoas entenderem que o funk é diverso. Daí eu decidi fazer um álbum para mesclar geral. MC Dricka
Dricka, que é lésbica e sempre foi cobrada para cantar música com a temática, traz no novo álbum a faixa "Sapatão", uma das produções assinada pelo DJ S2K. A música responde aos anseios do público e também da própria MC, que, em 14 anos de carreira, aposta em rimas para a comunidade LGBTQIAP+ pela primeira vez:
Essa música é um presente para fãs que sempre pediram isso. Mas também para mostrar para geral que não é porque eu canto música hétera que eu não sei fazer o trampo. Eu de fato só queria ficar um pouco mais forte na cena para que quando eu lançasse uma música com essa temática ela pudesse de fato ser ouvida por geral e tivesse uma divulgação massa. Por isso eu esperei por um bom tempo e também porque queria entregar algo que surpreendesse e a galera curtisse. Assim me dando mais espaço para que eu possa produzir outras.
Feats internacionais, novidades e Rock in Rio
A parceria com a cantora Arca nasceu quando as duas se apresentaram no Primavera Sound e se tornaram amigas. As duas mantêm contato por mensagem e ligações de vídeo desde então. A faixa "Golpeame" é uma das músicas de trabalho de "Caldeirão", ao lado de "Intenção do Vapo Vapo" e "Sapatão".
Assista ao vídeo da música 'Intenção do Vapo Vapo'
A gente criou uma amizade bem sólida e deixou de ser uma simples colaboração. Ela super curte o funk brasileiro. Aí resolvi colocar ela num mandelão com um refrão fazendo uma referência à Venezuela. Aí brisei ali em uma introdução maneira porque a galera de fora brisa em como a gente canta e coloquei o refrão em espanhol para que, quando a música tocar em algum rolé lá, os gringos possam cantar junto.
Dricka não vai parar por aí e pretende ampliar seu público na América Latina. Além de já ter outros feats internacionais na gaveta e projetos encaminhados: "É que eu gosto de fazer umas paradas surpresas, mas já tem outras colaborações no forno para sair, com feats na Alemanha e na Espanha. Também tem um projeto de colocar umas músicas no ritmo do pagode para que possa todo mundo curtir. É o fluxo no pagode. É para impactar".
Agora, a MC está em turnê com "Caldeirão" e se prepara para o Rock in Rio, onde se apresenta nos dias 20 e 21 de setembro, no Espaço Favela, ao lado de colegas como Livinho, Don Juan, PH, Hariel e IG. A cantora já esteve no Primavera Sound, The Town e Lollapalooza, mas aposta na inovação da música urbana para a Cidade do Rock.
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Quero receberPara mim está sendo majestoso, porque eu vou estar tendo uma ótima oportunidade de apresentar o fluxo e as minhas músicas nesses dois dias [de Rock in Rio]. Estamos preparando uma coisa revolucionária, diferente de todos os outros festivais que já tenho no currículo.
A cantora, que na verdade se chama Fernanda Adrielle, enxerga a Dricka como uma personagem da qual é fã: "Olhando para toda a minha trajetória, meu esforço, não tem não ser fã da Dricka. Eu vivo a Dricka, mas na hora de fazer meus trabalhos eu acabo sendo uma consumidora. E fazendo aquilo que eu gostaria de ouvir como fã. Eu sou minha fã".
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