Aos 70, Rita Cadillac relata estupro cometido por ex: 'Casei virgem aos 16'

Rita Cadillac, 70, em entrevista ao jornal O Globo:

Avó de esquerda — mas conservadora nos costumes — exigiu que Rita se mantivesse virgem até o casamento: "Isso bateu na minha cabeça. Eu me casei virgem, aos 16 anos, e só consegui transar uma semana depois".

Estupro foi cometido pelo homem com quem se casou: "Como não queria ter relações sexuais, meu ex-marido me deu vinho, devo ter ficado bem louca. Na manhã seguinte, minha avó, com quem morávamos, veio me falar que gritei por socorro. Dei-me conta de que fui estuprada".

Dois anos após o casamento e mãe de Carlos César, filho único, Rita se separou e foi ameaçada: "Quando falei que ia embora, ele disse que me mataria. Falei para ele me matar naquele momento porque não teria uma segunda chance".

Rita então seguiu carreira artística, trabalhou com Chacrinha sendo a chacrete mais famosa e já nessa época também era assediada: "Antigamente, não se falava essa palavra, mas as mulheres da minha geração passaram muito por isso. Também fui vítima. Quando me ofereciam grana, respondia: 'Não é por aí que você vai me ganhar'. A minha vantagem é que tenho um ouvido ótimo, que ligo e desligo, mas olho de cara feia. Como fiquei sozinha no mundo muito cedo, precisei me impor. Coloquei uma carcaça que me salva de muitas coisas, até hoje. Sou brava".

Rita disse que fez filmes adultos por dinheiro: "Apaguei tudo da minha memória. Não foi bom. Fiz apenas por dinheiro e pronto, acabou. Gravei 20 cenas que rendem filmes até os dias de hoje. Eles [os produtores], por serem os 'donos' do filme, colocam as imagens de trás para frente e de frente para trás, e anunciam de novo".

Feminismo: "Sou feminista. Batalho pelos direitos das mulheres. Às vezes, pareço grossa quando falo que algumas sabem o que vai acontecer ao perdoarem os homens uma, duas, três vezes... Estou me referindo à violência doméstica. Sobre o aborto, sou totalmente a favor. Fiz um quando tinha cerca de 30 anos. Adianta ter um filho e não poder criá-lo?."

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

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Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

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