'My Lady Jane' recria história de rainha decapitada após 9 dias de reinado
Lady Jane Grey é dona do reinado britânico mais curto da história: a jovem de 17 anos foi decapitada após apenas nove dias no trono, em 1554.
"Minha Lady Jane", nova série do Prime Video, reimagina a história trágica da monarca e vai além: diz "f*da-se a história" para criar a sua própria versão da vida de Jane, assim como o livro em que o seriado é baseado. É o que diz Meredith Glynn, produtora e roteirista da série, em entrevista a Splash.
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Na produção, Lady Jane (Emily Bader) não morre e se torna a heroína da história em um mundo fantástico. Apesar de seguir algumas premissas básicas da história de Jane, a série transforma a rainha em uma protagonista empoderada e estudiosa que busca salvar a si mesma e a todos ao seu redor.
Lady Jane Grey é a clássica donzela em perigo e basicamente quisemos dizer 'f*da-se' para a história. [...] Mudar a história dessa heroína condenada e impotente era irresistível. A ideia dessa jovem que ganha tanto poder tão rápido, só para tê-lo arrancado e para se tornar a vítima da história... Queríamos mudar isso. Ela merece. Gemma Burgess
"Minha Lady Jane" se passa na Era Tudor, mas divide o mundo humanos comuns e ethianos, pessoas que podem se transformar em animais. A fantasia é uma alegoria da divisão entre protestantes e católicos da época. "Essa é a metáfora pela qual quisemos representar a tendência eterna do ser humano de apontar alguém e dizer: 'Você é diferente, não gosto disso'", explica a também produtora e roteirista Gemma Burgess. "Por isso, quisemos fazer o resto de forma igualitária. [...] Como não estamos recontando a história, estamos jogando fora as regras, pudemos montar o elenco como quisemos", explica Glynn, falando sobre o elenco diverso da produção.
Tal qual "The Great", outra série recente do gênero, "My Lady Jane" aposta na comédia para reimaginar a história e inclui cenas picantes e crassas. "The Great", inclusive, é citada como uma das inspirações da série, além dos filmes "A Favorita", "Stardust", "A Princesa Prometida" e "Coração de Cavaleiro".
A estreante americana Emily Bader foi a escolhida para interpretar a protagonista —e chocou o elenco ao revelar que não é britânica. "Ela é incrivelmente talentosa, mas tem uma faísca de bondade, calor humano e inteligência na atuação dela muito singular. Ela simplesmente é Jane", diz Glynn.
Toda mulher que foi usada como peão na história merece virar tema de uma comédia romântica divertida. Emily Bader, intérprete de Lady Jane Grey
Mocinho é vulnerável e frágil, diz Edward Bluemel
Na série, Jane é forçada a se casar com Lord Guilford Dudley, mas acaba se apaixonando por ele —e protagonizando cenas quentes. "Ficamos muito amigos, então foi ótimo trabalhar com ela. Tivemos um coordenador de intimidade, algo que considero muito importante e revolucionou como os atores se sentem ao gravar cenas de sexo", conta Bluemel, de "Sex Education" (Netflix), para Splash.
Para Bluemel, Guilford parece o "herói romântico clássico", mas é mais complexo. "Temos o que parece um par romântico incrivelmente tradicional, mas, na verdade, você percebe que não é Guilford que vai salvar Jane. É Jane quem salva a si e a Guilford, e essa inversão torna essa dinâmica diferente do que vemos por aí. [...] Ela tem o poder de mudar o país inteiro, e ele está obcecado consigo mesmo. É uma curva de aprendizado ótima para Guilford, e assim vemos a mudança dele."
O ator também "jogou o livro de história fora" e focou no Guilford representado no roteiro. "Vi imagens do verdadeiro Guilford no Google e ele não parecia em nada comigo. Recebemos um roteiro incrível de Gemma e Meredith e ele foi tão bem caracterizado que basicamente fechei os olhos e disse: 'Esse é meu Guilford, vou segui-lo à risca."
O veterano Rob Brydon, que interpreta o pai de Guilford, fez o mesmo. "Tentei dar uma de Daniel Day-Lewis, fazer uma pesquisa profunda e comprei um livro sobre Lord Dudley, mas não li. [...] Quando li o roteiro, imediatamente tive ideias de como interpretá-lo e só segui o script."
Elenco reúne atores experientes e novatos
Além de Bader e Bluemel, o elenco inclui Rob Brydon ("O Caçador e a Rainha do Gelo"), Anna Chancellor ("Guia do Mochileiro das Galáxias") e Dominic Cooper ("Mamma Mia"). "Nunca havia trabalhado com [Dominic] antes, e foi muito divertido, ele é uma figura. Fiz algumas de minhas cenas preferidas com Anna, ela é fantástica", elogia Brydon.
Brydon celebrou o ambiente "muito feminino" criado por Gemma Burgess, Meredith Glynn e a diretora Jamie Babbit. "Trabalho muito bem nesses ambientes. [...] Fiz uma ponta em 'Barbie', que tinha uma estrutura completamente feminina. É um lugar muito criativo, muito acolhedor."
Bluemel comemorou os aprendizados de trabalhar com veteranos. "Cresci assistindo a eles na televisão em filmes e séries maravilhosas. É inspirador atuar com eles, e sinto que elevam o trabalho de todo mundo. Fiz várias cenas com Rob, e senti que ele traz o melhor de nós."
"Muitas mulheres merecem ter suas histórias recontadas e reexaminadas", diz Burgess
Se pudessem refazer uma história moderna, Gemma e Meredith reimaginariam a história de Monica Lewinsky, protagonista de um escândalo sexual com Bill Clinton. "Ela foi caluniada e vitimizada e devíamos recontar a história dela", diz Glynn.
Edward Bluemel recriaria a história da princesa Diana. "Há muito para ser reimaginado ali. Quem sabe onde ela estaria agora?"
Brydon reimaginaria casamentos reais mais recentes. "Talvez o casamento do rei Charles e da Camilla e todas as pessoas envolvidas. Ou o casamento de Harry e Meghan. Considerando tudo que aconteceu, daria para se divertir com essa história, não é?"
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